sábado, setembro 29, 2007

«Eu sou um homem sério!»

E não é que o homem que aqui há uns anos chorara em plena televisão enquanto jurava que abandonaria a política chegou agora a presidente do maior partido da oposição em Portugal?

Só para provar os benefícios da tenacidade e comprovar a utilidade de nem sempre se cumprir a palavra dada...

sexta-feira, setembro 28, 2007

O hooligan volta a atacar

Pela primeira vez na minha vida, fiquei de tal maneira envergonhado com o SLBenfica que torci pela equipa contrária durante a marcação dos penáltis. Como equipa pela qual torço nunca ganha, obviamente lá ganhou o benfiquinha...

Francisco José Viegas, o tal anti-benfiquista que se diz portista, comenta aqui aquilo a que chama de pouca-vergonha do relato na RR dos tais penáltis, em que o sujeito da rádio teria gritado «Já está!» a cada penálti do SLBenfica, e um lacónico «golo» a cada penálti do Estrela. Pois não é esta a maior prova de que cada um ouve aquilo que mais lhe apraz? Eu, que ouvia o mesmo relato enquanto via o jogo pela TV (não perguntem porquê), deparei-me precisamente com o contrário, tendo aliás comentado com a minha mulher, sentada ao meu lado: «Mas então estes tipos da RR são de tal maneira lagartos que só dizem "Já está!" aos golos do Estrela? Haja vergonha...» Só ao terceiro penálti do SLBenfica é que o «já está!» se lembrou de aparecer.

No fundo, se cada um faz o seu próprio relato, porque é que aqueles tipos da rádio se esforçam tanto, falando o mais possível numa rapidez imensa?

A soberba da humildade

Diz António Lobo Antunes em entrevista à Visão: «Ninguém escreve assim. Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares. E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde.»

Não será este o maior elogio à humildade orgulhosa de si? Ou será antes aquela outra frase de Mohandas Gandhi, lida aqui há uns anos?: «Sei sim que devo ser a pessoa mais humilde do mundo.»

quinta-feira, setembro 27, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 68

Em termos de private joke, será este o melhor título de sempre de um artigo de opinião?: É triste ser Zequinha, por Sandra Lucas Simões.

Duvidanças de uma mente curiosa, 67

Será possível que pela primeira vez na minha vida Pedro Santana Lopes tenha feito alguma coisa que me tenha agradado? V. o registo em vídeo do acontecimento aqui.

Mas mesmo a notícia sobre José Mourinho parece ter ficado incompleta: ficámos sem saber sequer quantas vezes aquele senhor desempregado foi à casa de banho durante o vôo...

domingo, setembro 23, 2007

Uma ida a Londres...

... mas volto já.

sábado, setembro 22, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 66

- É impressão minha ou este é um dos mais certeiros artigos de opinião sobre a Igreja Católica que já li? E com a legitimidade maior de ter sido escrito por um sacerdote da mesma Igreja...

sexta-feira, setembro 21, 2007

O que muda com a saída de Mourinho? (III)

José Sócrates tem agora o monopólio do inglês macarrónico.

O que muda com a saída de Mourinho? (II)

As vendas de casacos Armani em Londres vão descer a pique.

O que muda com a saída de Mourinho? (I)

Os jornalistas vão deixar de falar do “Chelsea de José Mourinho” para se referirem ao “Chelsea de Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira”. Dá mais trabalho, mas é mais nacionalista.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Nulidade...vezes dois

O debate entre Luís Filipe Menezes e Marques Mendes – tão discutido entre os dois, tão polémico, tão evitado – foi afinal uma desilusão. Terá merecido pouco mais que um longo bocejo.

Mendes é a incarnação política da boçalidade, um tipo com quem jogaríamos uma sueca sem hesitar, mas com o qual jamais discutiríamos literatura, cinema ou... política. É espantoso como consegue proferir absolutas vacuidades convencido de que acabou de descobrir a pólvora. E sou levado a concordar com Jorge Coelho: o episódio do ataque ad hominem a Armando Vara foi lastimável e totalmente despropositado.

Menezes é um populista a querer passar por grande pensador e proeminente estadista, com pose de primeiro-ministro e de “animal político”. Um momento do debate define perfeitamente o seu carácter. Quando Ana Lourenço o interrogou sobre se ele deixaria o cargo de Presidente da Câmara de Gaia se ganhasse as directas no partido, Menezes lançou a mais rasteira e hipócrita resposta possível: “Já tomei uma decisão internamente, mas só a revelarei no momento certo”. Típico: não se comprometendo com nenhuma resposta, nem aliena os militantes do PSD (que nunca votariam nele se não se dedicasse a 100% à liderança do partido), nem aliena os eleitores de Gaia (não vá ser necessário novo tacho daqui a três anos). Uma resposta que tem tudo aquilo que enoja na política: um tacticismo e uma cobardia insuportáveis.

Vão perder os dois e vai perder o país.

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quarta-feira, setembro 19, 2007

Os filmes mais agradáveis, um a um (IV)

D) Il buono, il brutto, il cattivo [O bom, o mau e o vilão] (1966), de Sergio Leone:

- Visto dezenas de vezes desde a infância, na TV, em VHS, e até no velhíssimo BETA, este é um daqueles filmes com que cada um de nós cresce e se faz gente cultural. Considerado o filme maior dos spaghetti western, muitos são os sujeitos que o entendem como paródia ao "filme de cowboys" tradicional, e julgam risível quem o considera bom cinema. (Ainda não há muito, ao ouvir-me afirmar os méritos cinematográficos deste filme, a minha mãe respondeu-me com um sorriso ambíguo "estás a brincar, não estás?, ou a falar a sério?") Pois eu estou na barricada oposta: Sergio Leone faz aqui a sua obra prima, e consegue fechar uma trilogia com um filme no qual tudo funciona bem: o argumento está muito bem pensado, a fotografia é excelente, os actores estão bem (Eli Walach no papel da sua vida), a realização de Leone soberba, a música de Morricone faz história, e a montagem é uma enciclopédia ensinando como se constrói um filme. (Ainda hoje muita gente, inclusive estudantes de cinema, não capta como a montagem não envolve apenas copy-paste de fotografia, mas também de música.)
Mencione-se ainda a representação histórica da guerra civil americana (sim, para além de ser um western, é também um filme histórico), com pormenores deliciosos. Aliás, Leone introduz melhor que ninguém no cinema a imagem do cowboy sem cow que é um bandido imundo: imundície que nem sai com os banhos, que algumas das personagens tomam sem mesmo assim ficarem mais limpas. E não será esta imagem de imundície a mais próxima do que deverá ser um western? Assim, este filme não é uma paródia spaghetti aos western, mas o mais valioso dos western...
(N.B. Recentemente, um dos meus orientadores disse-me que não lhe agradavam muito os filmes de Sergio Leone porque para ele um verdadeiro western é o Bonanza. Eu fiz o que qualquer doutorando sonha fazer: acusei-o de heresia, bem ao jeito inquisitorial de que me acusam agora, e pedi-lhe para não dizer mais disparates...)

terça-feira, setembro 18, 2007

O nascimento de uma nação


No dia 18 de Setembro de 1787, há 220 anos, quarenta e oito das mais proeminentes figuras públicas dos Estados Unidos da América deixaram Filadélfia, a bordo das suas carruagens. Regressavam por fim a casa, depois de quatro meses de intensa discussão e labor na mais importante cidade do Novo Mundo. Reunindo-se todos os dias, com a excepção do Domingo, e sem interrupções, estes homens – e outros sete, que entretanto os haviam deixado – debateram um projecto constitucional que unisse em definitivo os treze Estados recém-nascidos e facultasse um instrumento de governo duradouro e eficaz.

Ultrapassaram as barreiras dos interesses regionais, das prerrogativas locais, das exigências dos constituintes, das diferenças culturais, religiosas, geográficas, sociais e económicas dos treze Estados. Preferiram o compromisso ao radicalismo, a cooperação ao individualismo. Cumpriram a promessa de que não falariam à imprensa, nem divulgariam os seus procedimentos à família e amigos (numa época em que não havia segredo de justiça, mas imperava a honra). Citaram os clássicos gregos e romanos, a Bíblia, Montesquieu, Hume, Locke e Adam Smith. Debateram sem limites de tempo nem interrupções do discurso.

Edificaram a estrutura da primeira república federal moderna, discutindo os diferentes elementos do corpo político, a distribuição de competências pelos vários órgãos de poder, os limites da autoridade, os direitos reservados ao povo, os mecanismos de protecção contra abusos por parte daqueles que detêm o poder. Estabeleceram o princípio da rotatividade dos cargos públicos, defenderam as eleições frequentes, inventaram os freios e contrapesos institucionais, tornaram os tribunais independentes e deram o poder ao povo.

Há 220 anos terminava a Convenção de Filadélfia e com ela nascia a Constituição dos Estados Unidos da América – que, para o bem e para o mal, haveria de iluminar os séculos vindouros e traçar muitos dos seus caminhos. Benjamin Franklin, o erudito cientista, prezado escritor e eminente revolucionário, então com 81 anos, pediu a palavra em tão solene ocasião. Para surpresa de todos, referiu-se a uma pintura que se encontrava na sala e disse: “Ao longo destes meses, olhei várias vezes para esta pintura, em especial para o desenho daquele sol. Durante todo este tempo, não fui capaz de perceber se esse sol se estava a pôr ou se estava a nascer. Mas agora, tenho a felicidade de saber que é um sol nascente e não um sol poente”.

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segunda-feira, setembro 17, 2007

a arte da fuga, 17

Edgar Degas, L'absinthe, 1876

Eduardo Sá, bem hajas! (II)

" [...] acho que nós temos que assumir que nós não podemos ser coniventes com as pessoas que fazem mal às crianças." (via Controversa Maresia)

Eduardo Sá, bem hajas! (I)

[Sobre o "caso Maddie"]: "[...] há uma criança que desapareceu e que pode estar morta." (via Controversa Maresia)

domingo, setembro 16, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 65

A propósito de minudências:

1) Porque é que quando se quer criticar fortemente alguém, ou demonstrar que se despreza a personagem de quem se fala, usa-se o dr. e o sr. antes dos nomes de maneira carregada? O Sr. Scolari, o Dr. Soares... É que normalmente colocar sr. ou dr. antes do nome tende a ser um acto de cortesia: desde quando é que se tornou um acto de desprezo?

2) Segundo Luís Filipe Menezes, «hoje já cheira a PPD/PSD». Permanece no ar algum aroma a laranjas podres do qual me não tenha apercebido?

3) Segundo Rodrigo Guedes de Carvalho, em entrevista ao DN, «a literatura, no limite, é uma inutilidade. Não serve para nada.» Mas que se entende por "literatura", aqui? Se inclui aquela escrita por Rodrigo Guedes de Carvalho, certamente tem ele muita razão...

4) Aqueles três golos marcados pelo SLBenfica ontem ocorreram mesmo ou foram sonhados? Os jornais dizem que ocorreram mesmo. Mas de certeza que aquela equipa era o SLBenfica?

5) Consta que o arquitecto Manuel Salgado, que hoje é vereador do Urbanismo da câmara municipal de Lisboa, prepara-se para se emparceirar com Maria José Nogueira Pinto para a revitalização da Baixa. Conseguirá Manuel Salgado revitalizar a Baixa de Lisboa como conseguiu revitalizar a Baixa de Setúbal?: é que para dinheiro gasto em construções horríveis, sem utilidade alguma, inadequadas para o contexto urbano em que se inserem, deixadas ao abandono pelos habitantes apesar de recentes, e ainda por cima mal construídas, há sempre novas oportunidades em Portugal...

sábado, setembro 15, 2007

Mistérios da língua

1. Porque é que as notícias relativas à subida das taxas de juro incluem invariavelmente as frases “as prestações das famílias portuguesas vão aumentar” ou “esta subida vai reflectir-se no bolso das famílias portuguesas”. Que obsessão é esta com as “famílias”? Os solteiros não pedem empréstimos? Nem as viúvas? Nem os divorciados?

2. De onde surgiu a moda de falar em “acessibilidades”, em vez de “acessos”? São as “más acessibilidades para o estádio”, “a falta de acessibilidades ao hospital”, “a construção de acessibilidades junto ao porto”... Não será este apenas o hábito bem português – que a comunicação social adora – de substituir uma palavra simples por um equivalente mais complexo para mostrar um perfil culto e filosófico?

3. Ainda a campanha presidencial dos Estados Unidos mal começou e já existe na imprensa nacional uma enorme confusão quanto às denominações dos cargos públicos americanos. Barack Obama passa por congressista e senador; Hillary Clinton é senadora ou representante; Ron Paul é um misto dos três termos. Li há dias no DN uma referência às eleições no “Senado e no Congresso”. E já ouvi José Lello mencionar que os Democratas “controlam a Câmara dos Representantes e o Congresso”. Uma série de disparates e equívocos. Convinha esclarecer que estes termos não são idênticos e que, apesar de parecer difícil, o sistema tem regras bem definidas.

O órgão legislativo dos Estados Unidos chama-se Congresso e divide-se em duas câmaras: a Câmara dos Representantes e o Senado. Chamam-se "congressistas" ou "representantes" aos membros da Câmara dos Representantes (a câmara baixa). Nesta denominação inclui-se por exemplo o candidato Republicano Ron Paul. Os membros do Senado (câmara alta) chamam-se, naturalmente, "senadores". E embora pertençam a uma câmara do Congresso não se lhes aplica o termo "congressistas". É o caso de Obama, Hillary Clinton e John McCain. Um pouco de rigor não faz mal a ninguém.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Clube Scolari (VI)

Duas notas mais:

1. As declarações de Scolari continuam a ser ultrajantes. Dizer que não agrediu ninguém é mentira. Scolari pretendeu socar Dragutinovic e só não o atingiu porque este se desviou. As imagens são inequívocas. Dizer que queria proteger Quaresma ou defender outros jogadores (o que fica sempre bem) é mentira. Quaresma está a milhas e nem sequer estava a discutir com “Dragu”, mas sim com Duljaj; quando atinge “Dragu”, Scolari não tem nenhum jogador nas imediações e “Dragu” não estava a tentar atingir nenhum jogador. Dizer que respondeu a uma agressão é mentira. “Dragu” deve ter-lhe dito das bocas, mas nunca o esmurrou, nem sequer o empurrou. Tocou-lhe na mão para o afastar, num gesto inócuo.

2. No meio da confusão, não se fala na questão desportiva, que é fundamental. Portugal joga um futebol medíocre, não ganhou seis dos dez jogos disputados, está em terceiro lugar e tem o apuramento em risco. A desculpa de Scolari (mais uma) que a equipa está “em renovação” é patética. Estamos perante jogadores muitíssimo experientes que actuam nas melhores equipas da Europa e a equipa-base está com Scolari há quatro anos consecutivos: Ricardo, Miguel, Andrade, Carvalho, Meira, Ferreira, Petit, Simão, Tiago, Maniche, Ronaldo, N. Gomes, Deco, Postiga. As excepções são Bosingwa, Alves, Moutinho e Quaresma, cada um deles com pouco mais de 150 minutos nesta fase de qualificação.

O nosso grupo não é o paraíso, mas, por Deus, saibamos apreciar o real valor dos adversários: Polónia e Finlândia NUNCA estiveram numa fase final de um Europeu. A Bélgica apurou-se a última vez em 1984. A Sérvia participou uma vez (quartos-de-final). E são apurados os dois primeiros... Ninguém pede que sejamos campeões do mundo, mas Portugal tem um conjunto de jogadores excepcional e seria ridículo não estar entre os 16 melhores da Europa. Ridículo.

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Clube Scolari (V)

Em Portugal reage-se habitualmente de uma forma extremada. Faz parte da nossa natureza. Nas horas que se seguiram ao jogo, Scolari era um monstro, uma besta, um animal. Pediu desculpa (numa intervenção repleta de “mas” e “emboras”, mas pediu), pediu perdão ao filho e chorou uma lágrima ao referir-se à esposa. O que sucede depois? Um herói, um homem íntegro, um santo.

Como quase sempre, a verdade situa-se provavelmente a meio deste duplo exagero. Scolari não matou ninguém, nem agrediu o árbitro. Não tem que ser preso, nem é preciso mandá-lo para a fogueira. Mas o acto violento que praticou contra um jogador é grave. O seleccionador nacional representa a equipa, no mais mediático desporto mundial, que por sua vez é um exportador essencial da imagem das nações. Envergonhou a selecção e o país. No meu entender, devia sair, ou, no mínimo, ser severamente punido (desportivamente falando). E não se deveria esperar que a sentença viesse da UEFA. Era a Federação Portuguesa de Futebol que devia, de imediato, tomar medidas. Mas, como era de esperar, remeteu-se a um patético silêncio numa habitual manobra de branqueamento de Madaíl, um modelo de incompetência absoluta.

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quinta-feira, setembro 13, 2007

Clube Scolari (IV)

Em entrevista à RTP, Scolari afirmou ter sido «censurado em casa, sobretudo pela minha esposa».

Será que também a esposa de Scolari será acusada de deslealdade ao seleccionador, de pisar quem humanamente errou, e de representar um regresso da Inquisição?

Clube Scolari (III)

Pediu desculpas, invocou que lhe dêem algum crédito. Demorou 20 horas, mas fê-lo.

Dê-se-lhe, porque já o mereceu por um passado recente... Mas parece que a partir de hoje terá esgotado todo o que armazenara até aqui.

Clube Scolari (II)

Scolari: "Ele [Dragutinovic] ia bater no Quaresma, e eu defendi o Quaresma. Pergunta a ele se eu toquei nalgum cabelo dele…".
No cabelo, no cabelo, não... Mas olha que és tipo para lhe ter acertado na cara....

P.S. É impressão minha ou o Quaresma está um bocado careca nesta imagem?

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Clube Scolari (I)

O azar. O mau estado do relvado. O árbitro. O azar. O início de época. O fim de época. Os maus olhados. As lesões. O azar. O mau tempo. Os golos estúpidos. Os postes. A trave. O azar.

Quando se pretende branquear a mediocridade e a incompetência, vale tudo.

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quarta-feira, setembro 12, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 64

A propósito do Portugal-Sérvia:

1) Não é estranho que, num jogo no estádio Alvalade XXI, o único jogador do Sporting a iniciar a partida jogasse pela Sérvia?

2) No início foi feito um "minuto de silêncio" em memória do recém-falecido seleccionador da Arménia. Durou 20 segundos, durante os quais o estádio em pleno aplaudiu. Porque é que se chama então "minuto de silêncio" a algo que não dura um minuto nem acarreta silêncio?

3) É impressão minha ou Portugal está em muitos maus lençóis nesta sua classificação?

4) No final do jogo, Scolari justificou a sua agressão (ou tentativa de) como sendo defensiva do seu jogador Quaresma, quando as imagens mostravam que ninguém o ameaçava. Justificou a derrota invocando a culpa do árbitro. Quando perguntado se não seria redutora tal justificação, disse ironicamente: «tem razão, a culpa é minha». Seria mesmo aquele o seleccionador ou um daqueles velhinhos que vê os treinos das equipas de transístor na mão?

5) Será que Luiz Felipe Scolari sabe agora que o que no Brasil é "tapa", em Portugal é "agressão"?

6) Posso fazer algo que nunca fiz (nem concebi vir a fazer) aqui no bempelocontrario?: pedir Scolari na rua, e já.

(N.B. Será ainda relevante o facto de Portugal ter jogado pessimamente - de novo - e de ter merecido sofrer um golo, cuja pretensa ilegalidade é duvidosa? Não me parece...)

terça-feira, setembro 11, 2007

Os filmes mais agradáveis, um a um (III)

C) Blow Up (1966), de Michelangelo Antonioni:

- Visto primeiramente numa reposição televisiva, Blow Up surgiu-me como um filme-marca de uma geração. A interessantíssima história do fotógrafo que por acidente fotografa um homicídio é completada com um panorama do mundo tendencialmente selvático da moda dos anos 60. O filme de Antonioni consegue então salientar uma dicotomia entre a brutalidade da violência (no homicídio e no tratamento do fotógrafo às suas modelos) e a beleza encenada das fotografias. E tudo isto tendo por motor um contexto de emancipação sexual: o fotógrafo usa e abusa das suas modelos porque se sobrepõe a elas em poder, e justifica-o social e sexualmente. Mas eis que surge a personagem de Vanessa Redgrave para equilibrar a balança do poder sexual - a mulher-submissa (as modelos) dá lugar à mulher-dominadora (Redgrave). Assim, se blow up remete para o zoom que o fotógrafo faz para encontrar o cadáver, também há um zoom feito a um contexto específico, que em si integra um misto de temperamentos, desejos sexuais, socialidades instáveis, prestes a blow up. Não o meu filme preferido, mas decerto um dos mais inteligentes que vi.

Os "Lobos", os patriotas e os conformistas (I)

Via "Pensamentos" (http://helderrobalo.blogspot.com)

Os "Lobos", os patriotas e os conformistas (II)

Uma das tendências da sociedade conformista em que vivemos é a prática de uma abordagem filosófica caracterizada pela negação de qualquer coisa e o seu contrário. O cinema de massas é insuportável, mas os filmes iranianos são uma chatice pegada. O Bairro Alto é decadente, mas as Docas são insuportáveis. A Margarida Rebelo Pinto é superficial, mas o Thomas Mann é uma maçada. No fundo, não há quaisquer valores referenciais, porque a perspectiva é sempre a do enfado, da depreciação, da relativização.

O patriotismo é um dos valores que mais sofre com este conformismo, o qual está sempre preparado a uma tirada de desdém ou a uma atitude de menosprezo. Mostrar respeito pela nação, assumir os valores da pátria e mostrar-se disposto a lutar por ela, na vida privada e social, tornou-se, na melhor das hipóteses, uma ideia kitsch, ingénua, tonta. Muitos não hesitariam em qualificá-la de disparatada, retrógrada ou mesmo absolutamente reaccionária.

Quando, portanto, vinte e tal homens de barba rija, muitos pesando mais de uma centena de quilos - tendo deixado provisoriamente os seus empregos em Portugal para competir num campeonato do mundo contra as melhores selecções do planeta - se dignam a representar a nação com enorme brio, chegando ao ponto de se emocionar a entoar o hino nacional, logo surgem reacções de desprezo e chacota (um exemplo aqui).

Não serão poucos os que, de forma anónima, viram naquele ritual uma demonstração de patriotismo bacoco. Os conformistas do costume terão rido, não duvido. Eu confesso que fiquei emocionado. Já me impressionara o facto de uma equipa de amadores ter conseguido chegar ao mundial de râguebi, e apreciara as declarações de jogadores e técnicos, que preferiram às tradicionais tiradas inócuas e egoístas das estrelas do futebol, destacar o espírito do grupo e essa conservadora e “reaccionária” ideia de que tudo fariam para honrar o nome de Portugal. Mas não esperava uma tão forte, genuína e corajosa demonstração de patriotismo, que se estendeu aliás ao relvado, onde Portugal combateu com bravura e surpreendeu os observadores estrangeiros (ver aqui, aqui e aqui).

Vamos perder os jogos todos? É provável. Ninguém se lembrará disso daqui a umas semanas, porque não seria de esperar nada de diferente. Mas aquela demonstração de patriotismo perdurará, teimosamente recordando os conformistas – os tais que desejam “uniões ibéricas”, esperam orientações “externas” ou simplesmente vivem da permanente desvalorização do que existe entre nós – que há quem não esteja adormecido.

:: Um excelente acompanhamento do Mundial de Râguebi, na Origem das Espécies, e amiúde no 31 da Armada e no Cachimbo de Magritte.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 63

A propósito de desporto:
1) Quanto à selecção nacional portuguesa de futebol, noticia o DN: «[...] os titulares de sábado, juntamente com Miguel, realizaram banhos, massagens e trabalho de recuperação física e muscular, no hotel». Será que isto ainda entra na definição de "dia de trabalho"? É que não deixo de me espantar com um trabalho que envolva receber massagens e tomar banho...

2) Porque é que a selecção nacional portuguesa de râguebi tem tido muito mais notoriedade do que a selecção nacional de basquetebol? Ambas estão a passar por experiências únicas no seu historial, ambas estão a colocar Portugal onde o desporto português nunca chegou. Com a diferença de a selecção portuguesa de basquetebol ter ganho alguns jogos...

3) Haverá algum atleta que mereça tornar-se milionário apenas em virtude do seu talento como desportista?

Vai parecendo que sim...

O milagre da multiplicação

É costume dizer-se que o homem não tem o dom da ubiquidade. Pelo que se tem visto, parece-me que Francisco Moita Flores contraria essa lei da física. Confesso que admiro a forma física do presidente da Câmara de Santarém, que é ainda ex-inspector da PJ, criminalista, opinion-maker em dois canais generalistas, comentador político, colunista e distribuidor de postas de pescada em programas matinais televisivos dedicados a remexer a miséria alheia. Um caso que rivaliza com o Valentim Loureiro dos melhores tempos.

Onde é que já vi isto?

Durante o jantar de domingo, percorro os canais generalistas. No canal 1, Jorge Gabriel apresenta o “1,2,3”, com a Ana Bola e a Bota Botilde. No canal 2 (ou lá como os lacaios do regime lhe chamam agora), José Hermano Saraiva regozija-se com o pelourinho de Sobral da Serra e com as fortificações de São Miguel de Jarmelo. A SIC apresenta um concurso para captar talentos musicais, mas só se ouvem canas rachadas. A TVI mostra uma telenovela com actores sem borbulhas, meninas com 1,80m de altura, rapazes sem barba e casas repletas de almofadas amarelas e cor-de-laranja.

Tratou-se de uma experiência mundana do eterno retorno ou tinha acabado de sair de uma máquina do tempo?

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domingo, setembro 09, 2007

E agora, mister, faltam quantos empates?

Isto é um post corajoso (e já agora, completamente acertado)

"A canalha não é o povo. A canalha é a caricatura do povo para a televisão. São os que se juntam à saída de interrogatórios e julgamentos para insultar quem está na mó de baixo. Trata-se da mais abjecta espécie de cobardes. É provável que alguns tenham chorado a sorte da Madeleine McCann como se fosse alguém da família. Não, não é compaixão. Vivem a vida dos outros como se vive uma novela. São tudo personagens, motivo de conversa, uma forma de passar o tempo. Amanhã já se esqueceram. Mas hoje insultam os vilões do momento."
(Daniel Oliveira, no Arrastão)

sexta-feira, setembro 07, 2007

Coisas que fazem rir, 15

Um clássico. O delírio de José Arruda, que descarta a possibilidade de resolver uma pequena querela de forma pacífica, e opta por uma solução bem mais portuguesa... Atenção também ao tom filosófico do repórter, e à diatribe final contra as “arenas medievais” – um pedacinho de poesia insurgente a que não podia faltar uma dose q.b. de moralismo...

quinta-feira, setembro 06, 2007

Corados de vergonha (II): a questão essencial

Corre na blogosfera grande excitação entre os comunistas a propósito da iniciativa do Tiago Barbosa Ribeiro, e da condenação generalizada que os blogues portugueses fizeram em relação ao convite do PCP para que o braço político das FARC estivesse presente na Festa do Avante. O texto que escrevi sobre o assunto mereceu vários comentários extensos (que aliás circulam um pouco por toda a blogosfera), um dos quais é uma cópia de um post de António Vilarigues.

Independentemente de ter sido o próprio autor a inseri-lo ou um fiel seguidor, gostava de responder com o presente texto, em jeito de comentário à contra-indignação dos comunistas portuguesas. O argumento principal é a de que são cometidos vários crimes na Colômbia e ninguém mostra grande indignação por isso (em algumas versões mais pesadas, os americanos [surpresa!] andam a matar sindicalistas colombianos, noutras – mais leves – é uma gente sem rosto que assassina camponeses sem nome).

Ora, isto é muito interessante, mas não tem nada que ver com o caso. A indignação por muitos demonstrada, e nos quais me incluo, não incide sobre as práticas da FARC; só alguém extremamente mal informado poderia ficar surpreendido ou acordar subitamente para as acções sangrentas deste grupo, que anda a espalhar o terror na Colômbia há décadas. A questão relevante não é portanto saber se há outros criminosos na Colômbia além das FARC – porque é óbvio que há. Há assassinos de esquerda, de direita e – vejam lá bem – até gente que mata sem ser por razões políticas ou motivações ideológicas.

O que me perturba é que o PCP, um partido com representação parlamentar num país democrático como Portugal, um partido que apregoa o primado da liberdade e que se diz defensor dos direitos humanos, apadrinhe e convide um grupo terrorista para a sua festa oficial. Esta é a questão e o problema a justificar. E a esta questão nenhum comunista responde apropriadamente.

Porque das duas uma: ou o PCP não reconhece que as FARC são uma organização terrorista – e é melhor que advogue a saída imediata da UE e da NATO, porque estas duas entidades declararam oficialmente as FARC como um dos mais extremistas e violentos grupos terroristas mundiais; ou o PCP reconhece o que são as FARC e assume que convidou o seu braço político plenamente ciente do que ele representa, e nesse caso não pode continuar a dizer de si próprio que é um partido favorável à democracia, que respeita os direitos humanos e que defende intransigentemente a liberdade.

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quarta-feira, setembro 05, 2007

Há 35 anos

Jogos Olímpicos de Munique, 1972
Um outro Setembro trágico, mais distante, mas igualmente aterrador.

Os filmes mais agradáveis, um a um (II)

B) Il Gattopardo [O Leopardo] (1963), de Luchino Visconti:

- Tendo lido o romance de Lampedusa antes do visionamento do filme, não sabia o que esperar. O romance fora uma revelação daquelas que nos forçam a franzir o sobrolho quando chegamos à última página. Ainda hoje penso que o capítulo da morte do príncipe de Salina constitui as páginas mais belas de figuração da morte de uma personagem que alguma vez li. Mas felizmente o filme de Visconti não adapta a obra literária, mas propõe-se ser obra cinematográfica por si só: tudo naquele filme funciona bem, e até Burt Lancaster consegue ser credível como príncipe; a fotografia é extraordinária, o guarda-roupa, a maneira fluída como a história do Leopardo passa por nós... Mas fiquei sobretudo satisfeito quando notei que o filme termina precisamente quando o príncipe sai da festa final e passeia sozinho até casa, ou seja, no exacto ponto anterior ao da sua morte no romance. Como se na feitura do filme se anunciasse: "as páginas da morte do príncipe são tão belas e perfeitas que são em si intransponíveis para cinema". Visconti conseguiu assim a proeza de ter sido o único realizador a fazer um óptimo filme a partir de um óptimo livro: sem dúvida um dos melhores filmes do cinema italiano.

terça-feira, setembro 04, 2007

Coisas que valem a pena, 16

“Amo a humanidade de forma inexorável. Mas, com grande surpresa minha, quanto mais amo a humanidade em geral, menos o faço em relação às pessoas individualmente consideradas. Já desejei com ardor servir essa humanidade em geral, e talvez subisse ao calvário por amor do próximo, quando, afinal, não consigo viver sequer dois dias seguidos com outra pessoa no mesmo quarto. Logo que sinto alguém perto de mim, a personalidade do outro oprime o meu amor-próprio, constrange a minha liberdade. Em vinte e quatro horas sou capaz de me revoltar com as melhores criaturas do mundo: uma porque fica muito tempo à mesa, outra porque se constipou e não pára de espirrar. Torno-me inimigo do género humano assim que entro em contacto com os homens. Mas, em compensação, quanto mais me irrito com os entes em particular, mais ardo de amor pela humanidade inteira”.

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segunda-feira, setembro 03, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 62

A propósito do "episódio" Larry Craig:

- Um senador dos EUA pelo Partido Republicano, Larry Craig, dando nas vistas pelas suas posições políticas contra direitos civis relativos a orientação sexual monogenérica (homossexualidade, entenda-se), demitiu-se recentemente por ter vindo a público o facto de ter mantido "relações impróprias" num mictório do aeroporto de Minneapolis com um polícia à paisana (que pelos vistos tem como profissão o percorrer de casas de banho abertas ao público, em busca de "malandros violadores dos bons costumes": free enough for you?). Para além do divertimento inerente ao episódio, ou da hipocrisia nele presente, é impressão minha ou isto é só mais uma prova de que os mais encarniçados inimigos da homossexualidade têm qualquer coisa de interessantíssimo a esconder no interior das suas mentes?

A propósito da privatização parcial da REN:

- Parece que tudo o que seja bem público passível de gestão empresarial (pública, semi-pública ou privada) pode ser vendido a retalho através da privatização das respectivas empresas. A REN é a senhora que se segue: e parece também que já não há muito mais que vender (a CGD, e pouco mais). Por este andar, até aquilo a que chamamos "rua" será também gerido por empresas de capitais privados. E porquê parar aí?: já que estamos com a mão na massa, venda-se o Estado, as câmaras municipais, as juntas de freguesia, os governos civis... Não seríamos todos mais felizes se em vez de vivermos em Portugal vivêssemos no Wal-Mart?

domingo, setembro 02, 2007

Propaganda pura

Lê-se e não se acredita. Eis alguns excertos laudatórios ao “querido líder” Sócrates, a propósito do seu 50º aniversário:

Nos anos finais do liceu, Sócrates ficou deslumbrado no contacto com os textos filosóficos. Ainda hoje reconhece o impacto que teve na sua visão do mundo as leituras dos clássicos gregos e os textos do humanismo existencialista.” [Sócrates, o filósofo]

“O gosto pelo pensamento abstracto conduziu-o rapidamente à poesia. [...] lia e relia poemas que seleccionava cuidadosamente, e que adorava citar a quem queria impressionar.”
[Sócrates, o lírico]

“O regime de serviços comunitários não entusiasmou o jovem Sócrates, mas também não o parece ter incomodado muito. Ficou-lhe tempo livre para se iniciar na arte de seduzir o sexo oposto.”
[Sócrates, o galã]

“Os livros não tinham o monopólio da atenção intelectual de Sócrates. O cinema invadiu-lhe o espírito e o italiano Fellini era o alvo principal das discussões apaixonadas que gostava de alimentar [...]”
[Sócrates, o cinéfilo]

“Sócrates ainda hoje se gaba de ter sido o primeiro deputado a falar de sida e a defender que se devia perseguir a doença e não o doente”
[Sócrates, o inovador compassivo]

“Karl Popper acentuou a simpatia de Sócrates pela social-democracia e pelos valores da tolerância democrática numa sociedade aberta. O deputado devorou a obra do pensador austríaco [...]”
[Sócrates, o intelectual democrata]

“[...] chegou a ministro-adjunto do primeiro-ministro e rapidamente encontrou uma agenda própria. O combate à droga tornou-se ponto prioritário: expandiu o uso de metadona para toxicodependentes e impulsionou um programa de troca de seringas. O político moldava o seu estilo.”
[Sócrates, o reformador]

“Sócrates acreditava em que conseguiria tudo a que se propunha. Os sucessos políticos aumentavam-lhe a autoconfiança [...]”
[Sócrates, o lutador]

“Sócrates fez sempre questão de acompanhar os trabalhos de casa de José Miguel e de Eduardo [os filhos]. Mesmo com a agenda mais ocupada, gosta de dizer que nunca perde um compromisso relevante com os filhos.”
[Sócrates, o pai exemplar]

“A campanha para as eleições legislativas de 2005 decorreu num clima de grande tensão. Declarações do líder do PSD e cartazes da JSD [...] lançaram suspeitas sobre aspectos da vida pessoal do secretário-geral do PS.”
[Sócrates, a vítima]

“Acabado de chegar ao poder, Sócrates parecia decidido em rapidamente pôr em prática as promessas eleitorais mais delicadas. A permissão de venda de medicamentos que não necessitassem de receita médica fora das farmácias levantou um coro de protestos dos farmacêuticos. Ele foi inflexível.”
[Sócrates, o político inabalável]

Estaremos perante trechos da sua biografia oficial? Excertos do site do Partido Socialista? Passagens de uma peça teatral encomendada por Jorge Coelho? Nada disso. Trata-se de uma reportagem feita pelo Expresso, o semanário com maior tiragem em Portugal. Um exemplo notável de independência e isenção jornalística.

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Gualter strikes back

A pedido de várias famílias. (Via "31 da Armada")

sábado, setembro 01, 2007

Corados de vergonha?

Naturalmente que compreendo a indignação e me junto a esta iniciativa do Tiago Barbosa Ribeiro. É inaceitável que o PCP tenha convidado, uma vez mais, o Partido Comunista da Colômbia para a Festa do Avante, tendo em conta que este é o braço armado das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), um grupo terrorista que já levou a cabo centenas de sequestros, assassínios e outras barbaridades nas últimas décadas.

Honestamente, não fiquei surpreendido. Há muito que o PCP chafurda numa esquizofrenia ideológica, que lhe permite apregoar o primado da liberdade e defender os “direitos dos trabalhadores” e dos “oprimidos”, ao mesmo tempo que enaltece a construção do Muro de Berlim (escreverei sobre este tema nos próximos dias), exalta o modelo social soviético dos anos 60, e elogia os decrépitos, corruptos e ditatoriais regimes políticos da Coreia do Norte, China e Cuba. E o mais interessante é que não estamos perante uma patologia, nem sequer diante de um hábito. É mesmo um modo de vida.

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