quarta-feira, maio 28, 2008

O mundo ao contrário

- Em finais de Maio, chuva e frio.

- Francisco Louçã exigindo ao governo uma descida dos impostos.

- Racionamentos de arroz em países da UE.

- Preocupações em conseguir arranjar um emprego ao mais rico desempregado do país, José Mourinho.

- O maior bombardeamento de propaganda futebolística acontecer precisamente quando não há futebol a ser jogado.

segunda-feira, maio 26, 2008

A irresponsabilidade como ideologia

Agora que o Ministério da Saúde decidiu começar de monitorizar as efectivas horas de serviço das pessoas que trabalham nos hospitais portugueses, acabando com aquela prática engraçada de se assinar o livro de ponto das 9h às 17h, e sair às 11h, eis que o engenho luso dá mais um ar da sua graça:

Diz-me fonte segura (e quem me conhece certamente adivinhará quem seja) que os novos livros de ponto são maquinetas electrónicas leitoras de impressões digitais, e que, pasme-se, há já empresas farmacêuticas apostando num novo utensílio de propaganda médica - moldes em silicone dos dedos dos sujeitos. E, como é óbvio, há muita gente ávida em obter tal coisa.

Não há que ter orgulho na genialidade da transgressão dos nossos compatriotas?

domingo, maio 25, 2008

Coisas que me fascinam

A Rússia ter ganho o Eurofestival da Canção, cantando em inglês (aprendido tal como o de José Sócrates: técnico, claro).

P.S. Vi a parte das votações, e achei um piadão: mesmo sem conhecer as cançonetas, conseguia-se adivinhar de antemão quase sempre quem iria votar em quem: Portugal nos espanhóis e ucranianos, Irlanda nos ingleses, os escandinavos todos uns nos outros, os ex-jugoslavos todos uns nos outros, os ex-URSS todos uns nos outros. Como a URSS foi a que mais se fragmentou, obviamente, mais votos ganhou a Rússia. E ainda falam na morte das nações...

sábado, maio 24, 2008

[Pub.]

Amanhã, domingo, participarei no programa de rádio “Olhos nos Olhos”, que passa no Rádio Clube Português ao meio-dia. Trata-se de uma conversa e um debate com o Professor Viriato Soromenho-Marques, em torno do nosso livro “O Regresso da América”, a situação actual das Primárias americanas, as expectativas para as eleições gerais de Novembro, os desafios que esperam a nova Administração, e o papel dos EUA no panorama político internacional. Para mim foi uma óptima experiência e um verdadeiro prazer. Espero que seja também do agrado dos ouvintes.

Insanidade

Declaração prévia: eu sou um adepto fervoroso de futebol, não me recordo de ter perdido um jogo de Portugal desde os meus oito anos e sigo com atenção o campeonato nacional (em especial os jogos do Benfica). Considero o discurso “futebol vs. cultura” um argumento falacioso, porque pressupõe que os dois são incompatíveis – o que é manifestamente incorrecto.

Porém, é lamentável a forma como o futebol se tornou no nosso país um fenómeno mediático de proporções gigantescas. A aproximação do Euro tem trazido um período de verdadeira loucura: reportagens consecutivas sobre treinos inócuos, digressões dos jogadores a hospitais e centros recreativos, conferências de imprensa bi-diárias sobre coisa nenhuma, declarações avulsas de notáveis e anónimos sobre o estado da equipa, a qualidade dos jogadores, o esquema táctico e as possibilidades da selecção...

Como se este folclore não bastasse, as televisões dedicam largas horas diárias a aspectos dignos de uma absoluta fantochada: entrevistas com o médico da selecção que nos fala das lesões musculares dos atletas (a três semanas dos jogos!); “reportagens especiais” com tunas académicas que compuseram canções propositadamente para o efeito (!); directos com os pais, avós, tios e primos dos jogadores... Ontem a SIC Notícias interrompeu a emissão para dar conta da chegada de Ronaldo ao aeroporto. E em rodapé podemos ler barbaridades como “Miguel treinou à parte”, “Jorge Ribeiro quer ser titular” ou ainda “Nuno Gomes marca três golos em peladinha”.

Uma roda viva de não-notícias e disparates. Pergunta sincera: não há jornalistas sérios na televisão que se sintam desconfortáveis com esta palhaçada?

quinta-feira, maio 22, 2008

a arte da fuga, 26

Paul Delvaux, O Nascer do Dia, 1937

Etiquetas:

Poética no futebol

A frase da semana: «Muito bem o Manchester, nos critérios de posse e nos timings de passe

Luís Freitas Lobo, RTP, em comentário ao jogo Manchester Utd-Chelsea

quarta-feira, maio 21, 2008

Onde está o proletariado?

Ontem, tendo de cumprir um pedido não rotineiro, vi-me forçado a sair de casa pelas 10 horas da manhã. Trânsito por todo o lado, imensas pessoas passeando na rua, crianças brincando, a pastelaria onde tinha um encontro marcado cheia... Na TV, imagens do treino da selecção de futebol (entenda-se: uns sujeitos de calções e manga curta brincando num jardim, numa espécie de Ilha dos Amores moderna e semi-viril), com centenas de pessoas a assistir.

Duvidei: se está toda a gente aqui, inactiva, quem diabo é que ficou a trabalhar?

Elixir da Juventude

Ao ver os momentos iniciais do filme de Coppola, a propósito do idoso que rejuvenesce, um clic no meu cérebro levou-me para uma das bandas-desenhadas que eu lia em miúdo, a qual colocava um problema muito interessante sobre as buscas de rejuvenescimento.

O vilão da história, recordo-me, era já idoso, e descobrira um elixir da juventude que o tornava jovem e forte, pronto para matar o herói e conquistar o mundo. Mas havia um problema: é que o elixir revertia o processo de envelhecimento, e o tempo biológico regredia simplesmente, pelo que o homem nunca parava de rejuvenescer. Numa das últimas tiras, o herói encontrava o casaco do vilão no chão, e um nascituro lá enrolado, diminuindo cada vez mais ao ponto do desaparecimento.

A ideia inerente é muito simples: nem um efectivo rejuvenescimento afasta do homem o espectro da ausência de si, a sua condição de finito. Toda a aparência de juventude não é senão a negação da peculiaridade do ser-se humano.

Youth Without Youth


Um homem velho cujo corpo rejuvenesce após ser atingido por um raio, uma mulher jovem cujo corpo envelhece, um sósia nascido dentro de si mesmo, uma alma antiga que transmigra por vários tempos, uma viagem no tempo até à madrugada do homem por via da linguagem, e um homem que sonha um sonho no qual um sonho é sonhado, ad infinitum. São demasiadas ideias interessantes para colocar num só filme: e por vezes não se percebe qual a que Coppola pretende afinal contar.
Eis como um filme com aparência inteligente se transforma em mero amálgama de retratos imaginários sobre o tempo, como que numa colectânea de pensamentos dispersos sem coerência narrativa ou mesmo demonstrativa.
Coppola faz um pouco lembrar Rui Costa: em fins de carreira, reconhece-se como seu momento mais elevado o que lhe sucedeu enquanto júnior...

segunda-feira, maio 19, 2008

Não é a arte que imita a vida, é o futebol

Num jogo de ontem em Oeiras que durou 120 minutos, houve um sujeito que só jogou os últimos 30, tocou 3 vezes na bola, e em 2 dessas ocasiões teve sorte bastante para fazer a bola entrar na baliza. Foi considerado por todos o herói da partida.

Os pobres coitados dos colegas correram que nem uns desalmados durante 120 minutos, já todos cansadíssimos e cheios de cãimbras, jogaram todos relativamente bem, e ninguém lhes rendeu especiais loas.

O mérito não é rendido a quem mais se esforça, mas a quem se limita a estar no sítio certo à hora certa...

Por falar em mobilização do eleitorado

Barack Obama em Portland, Oregon, rodeado de 75 mil pessoas.

sábado, maio 17, 2008

A Lei sou Eu

Noticia o “Expresso” que um juiz do Tribunal da Boa-Hora se recusa a cumprir a lei das férias judiciais. O juiz contrariou o novo regulamento (que reduziu a paragem dos tribunais ao mês de Agosto), continuando a aplicar o anterior regime (dois meses de paragem). Um titular de um órgão de soberania, cuja função é proteger os dispositivos legais e ajuizar da sua validade, viola a lei para benefício próprio.

Mais um exemplo da peculiar visão do mundo lusitana.

Palpites

A Direita portuguesa torce naturalmente por McCain e há mesmo quem antecipe uma vitória Republicana na eleição presidencial americana. É o caso de João Pereira Coutinho, que escreve na “Única”: “Obama é cada vez mais o candidato dos jovens e, claro, da comunidade negra. Ao mesmo tempo, afasta-se do «centrão» moderado e já perdeu o voto religioso. «Sorry», rapazes. Não chega para ganhar em Novembro.”

Ainda é cedo para falarmos, mas eu não apostaria muito nisso. Os Republicanos estão em verdadeira queda livre, tendo perdido três eleições especiais nos últimos dois meses, ainda para mais em distritos fortemente conservadores. George Bush continua a bater recordes de impopularidade (já é considerado pelo público americano como o pior Presidente dos últimos 50 anos), a economia não descola e o Iraque permanece um atoleiro.

É certo que McCain colherá simpatia no eleitorado moderado, mas perderá muitos votos conservadores para a abstenção. E as sondagens não podiam ser mais claras: num momento em que McCain se passeia tranquilo pelo país sem adversários, e numa altura em que os Democratas continuam envolvidos numa luta fratricida, os estudos de opinião revelam que se as eleições fossem hoje, Obama ou Clinton conquistariam a Casa Branca.

quarta-feira, maio 14, 2008

Sócrates e os cigarros

«Costuma perguntar-se, no entanto, se o poder soberano está adstrito às leis e consequentemente pode pecar. [...] Portanto, a cidade peca quando faz ou deixa fazer coisas que podem ser causa da sua própria ruína, e então dizemos que ela peca no sentido em que os filósofos ou os médicos dizem que a natureza peca, e nesse sentido podemos dizer que a cidade peca quando faz alguma coisa contra o ditame da razão. [...] A cidade, portanto, para estar sob jurisdição de si própria, tem de preservar as causas do medo e da reverência, pois de outro modo deixa de ser cidade. Com efeito, para aqueles ou aquele que detém o estado, é tão impossível correr ébrio ou nu com rameiras pelas praças, fazer de palhaço, violar ou desprezar abertamente as leis por ele próprio ditadas e, com isto, conservar a majestade, como é impossível ser e não ser ao mesmo tempo.»

SPINOZA, Tratado Político, cap. IV, § 4
(trad. Diogo Pires Aurélio)

terça-feira, maio 13, 2008

Elogio da desorganização

Não há prazer maior que o de chegar a um espectáculo desportivo, olhar para os bilhetes com lugares marcados, ver a confusão que se instala na zona onde devemos sentarmo-nos, e alguém ao nosso lado dizer-nos: «É num sítio qualquer, aqui os lugares marcados não valem nada...»

Por vezes não há lei mais bela que a de não haver lei.

Loureiro's concept of law

«O Presidente da Comissão Disciplinar da Liga veio dizer que se eu falar com um árbitro a tentar obter algo, o clube do qual eu for dirigente deve descer de divisão, mesmo que nada aconteça.», Valentim Loureiro dixit.

Valentim avança assim uma ideia precursora na política criminal, a da abolição nua e crua de todos os tipos de crime na forma tentada. Eu posso disparar quantas balas quiser sobre o Manel, se falhar não devo ser punido; eu posso tentar esfaquear o Joaquim, se ele fugir não devo ser punido; eu posso pretender atropelar aquelas cinco crianças que atravessam na passadeira, se elas se desviarem não devo ser punido...

No fundo, cada um de nós deveria poder ter a oportunidade de tentar a prática de qualquer crime. E só ser punido em caso de sucesso...
Uma duvidança impõe-se: porque é que há ainda quem dê audiência a esta corja?

segunda-feira, maio 12, 2008

[Pub.]

Chega esta semana às livrarias “O Regresso da América”, um livro que resulta da colaboração entre este vosso escriba e o Professor Viriato Soromenho-Marques. Este último redigiu a primeira parte, composta por cinco ensaios sobre aspectos variados da política americana, em particular sobre o posicionamento dos EUA no quadro internacional. Estes ensaios são movidos por uma preocupação comum: partindo da denúncia dos erros estratégicos cometidos pela Administração Bush, procura encontrar-se na singularidade da experiência americana os elementos nobres que a possam tornar (ainda) um exemplo para os desafios do futuro.

A segunda parte do livro, que esteve a meu cargo, serve de complemento a estes ensaios, apresentando os elementos fundamentais do sistema político e eleitoral americano. Ao longo de três capítulos, procuro explicitar a estrutura constitucional dos EUA, a organização do governo federal, os mecanismos eleitorais, uma breve história dos partidos americanos e a forma como estes seleccionam os seus candidatos. Em ano de eleições presidenciais, procurei dar resposta a algumas dúvidas mais comuns sobre este processo, em especial sobre as características do "Sistema do Colégio Eleitoral", as eleições primárias, a atribuição de delegados, a função dos superdelegados e o papel das Convenções Nacionais.

O resultado deste projecto, que muito me entusiasmou e divertiu, foi editado pela Esfera do Caos e estará à venda por 18,90 euros. Aqui entre nós – e se estiverem interessados em adquiri-lo – eu recomendaria que esperassem duas semanas e o comprassem na Feira do Livro por 15 euros. Fica mais em conta, parece-me. Espero que gostem!

domingo, maio 11, 2008

Próxima paragem

sábado, maio 10, 2008

Apito final

Em resumo? Pinto da Costa suspenso por dois anos, Porto perde seis pontos, Boavista desce de divisão e União de Leiria perde 3 pontos. Não vale a pena criticar a pena propriamente dita, pois agiu-se de acordo com o quadro legal vigente. A haver críticas devem dirigir-se para esse mesmo quadro, não para a leitura que dele fez a Liga de Clubes.

o momento de aplicação da pena merece críticas. O conceito de “pena” significa justamente que há uma "punição" para o condenado. Ora as perdas de Porto e Leiria não têm repercussão na tabela classificativa, pelo que não há nenhum "castigo". Ficou provada a culpa, mas não havendo punição não há pena. Uma clara violação da filosofia do direito e um atentado à ideia de justiça.

Por outro lado, o FC Porto decidiu não recorrer da “pena” aplicada, no que se trata obviamente de um reconhecimento de culpa. O clube assume assim que se envolveu em práticas de corrupção desportiva. Entendamo-nos: o Porto obteve triunfos notáveis num passado recente e foi campeão nacional com mérito. Mas este caso abalará a reputação nacional e internacional do clube e deixará para sempre uma mancha negra na sua história. Ninguém esquecerá as suas conquistas do passado e do presente, mas também ninguém deixará de apontar para a nuvem cinzenta que paira sobre esses triunfos.

quinta-feira, maio 08, 2008

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço

Enquanto almoçava, vi na TV uma entrevista a Fernando Ulrich, presidente do BPI, na qual o mesmo dizia muito sério que devia haver uma liberalização quase total no regime jurídico dos despedimentos, para quem estivesse agora a entrar no mercado de trabalho: "para facilitar a mobilidade", dizia.

Ri-me, e quase me engasguei com a sopa. A banca portuguesa faz depender cada vez mais os seus resultados positivos do crédito à habitação, pelo qual faz os portugueses endividarem-se durante décadas para comprar casa, isto é, para fixarem domicílio num mesmo sítio. Se não há um eficaz mercado de arrendamento em Portugal, próprio de um sistema laboral que promove a mobilidade, muito se deve ao lóbi da banca, que nos bombardeia diariamente com publicidade a um modus vivendi estacionário.

"Lá fora é assim que se faz", reiterava. Mas "lá fora" também há um mercado de arrendamento medíocre? Talvez Ulrich pretenda que os portugueses trabalhem "lá fora" para pagar casas "cá dentro". No fundo, Ulrich julga-se a solução para um problema que ajudou a criar.

Sou o "velho do Restelo" do Metro

Quando é que o Metro de Lisboa se dignará a prestar um bom serviço aos utentes sem sacar dinheiro à administração central? Agora já não há bilhetes, há "cartões", já não há entradas, há "portas": tudo muito moderno, muito chique. Pena é que as coisas sejam uma bodega: máquinas de pagamento que não funcionam, "cartões" novos mas com defeito, "portas" modernaças que não abrem, estações sujíssimas, funcionários antipáticos crendo que a resposta adequada a um sorriso é um esgar de desprezo...

Estive vinte minutos para comprar um bilhete que me permitisse deslocar duas estações. E, lá chegado, não me deixavam sair. Paguei 1,25 €.

Será demais pedir alguma competência?

Eriksson: treinador de futebol ou marca de telecomunicações?

Lê-se aqui que o Benfica terá proposto a Sven-Goran Eriksson um contrato de trabalho com remuneração mensal no valor de 200 mil euros.

Quanto?! 200 mil?!

São brincalhões, estes benfiquistas...

De derrota em derrota até à vitória final

[Com a devida vénia ao Notas ao Café.]

Se fossem também assim no trabalho...

Porque será que, sempre que na TV surgem entrevistas a peregrinos caminhando para Fátima, os mesmos nunca param, nem durante uns poucos segundos?

A pressa é uma desvalorização do caminho em detrimento do fim, o que parece contrastar com o estatuto do próprio peregrino, que é ele mesmo um marco de eminência do caminho.

A energia demonstrada chega a ser estonteante. E o mais engraçado é que muitas daquelas pessoas foram dadas como incapazes para o trabalho...

A (semi-)maldição Clinton

Porque será que toda a gente relacionada com a anterior administração Clinton que concorre a eleições presidenciais, ganha na Florida e perde (provavelmente) por causa da Florida?

De qualquer das maneiras, perder nunca é algo de tão amargo para essa gente: quando não se ganha o prémio Nobel, tem-se sempre uma fortuna pessoal que permite desbaratar milhões por dá cá aquela palha.

Indiana e Carolina do Norte: por fim, Obama?

Confirmando as previsões gerais, Hillary Clinton venceu em Indiana e Obama triunfou na Carolina do Norte. Todavia, as margens verificadas constituíram uma meia-surpresa: em Indiana Hillary ganhou somente por 1,5%. Por outro lado, Obama obteve um triunfo esmagador na Carolina do Norte (14% de diferença), conquistando mais 230 mil votos que a antiga Primeira-Dama.

O estado matemático da corrida pouco mudou, tendo Obama ganho apenas mais 15 delegados do que Hillary. Contudo, na componente psicológica da disputa Hillary saiu fortemente derrotada. Ela apostara num triunfo claro em Indiana e numa eventual vitória na Carolina do Norte, de forma a convencer os superdelegados de que era a candidata mais forte para Novembro. No entanto, os resultados mostraram o contrário: Hillary foi incapaz de apelar ao eleitorado urbano e à classe média-alta, e não conseguiu igualar as margens esmagadoras que obtivera na Pensilvânia entre os operários, os menos educados e a classe baixa.

Como consequência desta noite eleitoral aziaga, o cenário tornou-se negro para Hillary. A vantagem de Obama em delegados (cerca de 155) é irrecuperável por via exclusiva das primárias, e o triunfo no voto popular é igualmente improvável (Obama lidera por 750 mil votos, quando faltam apenas seis primárias em Estados pequenos). Os meios de comunicação social descreveram Obama como o “presumível nomeado” e afirmaram que a campanha de Hillary está “liquidada”. Nas últimas 24 horas, três superdelegados declararam o seu apoio a Obama. E por fim, a campanha de Hillary está falida, enquanto Obama respira saúde devido às abundantes doações dos últimos meses.

Tudo está pois consumado? Olhando para diante, diria que sim. Obama deverá ser o candidado Democrata. Mas por ora a disputa continua. Nos próximos quinze dias, há eleições na Virgínia Ocidental e no Kentucky, territórios muito favoráveis a Hillary Clinton. Além do mais, é improvável que Hillary desista enquanto o diferendo sobre as primárias da Florida e do Michigan não estiver decidido. E o facto de ontem os Clintons terem recorrido à sua fortuna para financiarem a campanha (injectando na mesma 6,4 milhões de dólares!) revela que a tenacidade política e pessoal de Hillary não permitirá que a corrida termine abruptamente.

terça-feira, maio 06, 2008

Citação do dia

"É um absurdo pensar que o casamento e a família se baseiam apenas no afecto, esquecendo a responsabilidade. Reparem que isto nada tem de moralismo. Claro que o Estado não deve olhar pela fechadura das famílias portuguesas, nem compete à lei regular a sexualidade. Mas o casamento é uma coisa diferente. Precisa de protecção jurídica porque existem filhos e a estabilidade familiar é um importante capital social.", Paulo Marcelo, no Cachimbo de Magritte.

Primárias americanas: mais uma ronda

A disputa Democrata tem sido marcada por avanços e recuos, gerando um impasse tão extraordinário quanto desesperante. A vitória de Hillary na Pensilvânia permitiu uma aproximação a Obama, mas este compensou com bons resultados na “corrida paralela” ao apoio dos superdelegados, mantendo uma vantagem total de 140 delegados.

Esta terça-feira vão a votos a Carolina do Norte (115 delegados) e o Indiana (72). Todavia, a julgar pelos estudos de opinião, estas eleições não devem provocar grandes alterações no estado actual da corrida. Como referi anteriormente, a Carolina do Norte tem uma demografia favorável a Obama, pela existência de uma grande comunidade afro-americana e de um grupo activo de jovens estudantes. Hillary deverá vencer nas zonas rurais e talvez nos subúrbios, mas todas as sondagens apontam para um triunfo de Obama.

O Indiana promete uma eleição renhida, mas com algum favoritismo para Hillary Clinton. Obama é muito popular no Noroeste (uma área próxima de Chicago, onde o senador reside) e deverá recolher o apoio do eleitorado nas zonas urbanas (especialmente em Indianápolis). Contudo, o Indiana é em geral um Estado francamente conservador, e nas zonas rurais Hillary Clinton tem sido imbatível. Por outro lado, a grande fatia dos operários que habitam nos subúrbios de Indianápolis deverão alinhar com a antiga Primeira-Dama.

Média das cinco sondagens mais recentes: Carolina do Norte: Obama (49,6%), Hillary (42,6%); Indiana: Hillary (48,8%), Obama (43,8%).

segunda-feira, maio 05, 2008

Evidências


A equipa de futebol deste clube não merece ser qualificada para uma competição de nome Liga dos Campeões.

A intensidade da incompetência demonstrada é já difícil de medir: o maior investimento financeiro de sempre redunda na pior participação de sempre no campeonato.

E mais: como bem diz aqui Pedro Neto, como é possível que se gastem milhões nestes medíocres, e não haja dinheiro para pagar uma noite num hotel ao plantel de andebol, que ainda tem de se deslocar de autocarro até ao local dos jogos, no próprio dia e numa distância de 300 km?, tal como eu fazia quando praticava desporto no meu bairro.

Os sócios do clube pagam uma quotização, mas estas receitas são só canalizadas para o futebol, para apoiar as restantes modalidades tem de se pagar uma sobre-quota. Para não falar que em andebol se está na final do campeonato, a um passo da vitória, com um treinador de renome internacional, o qual foi já atempadamente dispensado.

O Benfica é de longe o clube com mais adeptos, e isso tem um preço, o de ser de longe o clube com mais adeptos estúpidos.

domingo, maio 04, 2008

Tropa de Elite


Pode ser acusado de várias coisas (fascismo, autoritarismo, promoção de violência, imitação americana, o que se quiser), mas uma coisa é certa: Tropa de Elite, o mais recente vencedor do Festival de Berlim, é um grande filme em língua portuguesa. Ficamos à espera que em Portugal alguém aprenda a fazer filmes como aqueles recém-filmados nos morros das favelas do Rio de Janeiro.

P.S. O filme foi lançado em Setembro no Brasil, ganhou o Urso de Ouro em Fevereiro. Mas continua por estrear em Portugal, mesmo sabendo que não é preciso traduzir ou legendar (facto tanto mais grave conhecendo o curriculum célebre em pirataria envolvendo a distribuição deste filme). Será por vergonha?

sábado, maio 03, 2008

Exercícios para melhorar a aparência de erudição

Parece que anda para aí muita gente excitada com o facto de ter sido eleito um novo mayor numa cidade estrangeira.

Mas sinceramente: who cares?

Do meu baú, 4

Castelo de Vide, vila branca. Vista da torre principal do castelo.

Etiquetas: