quarta-feira, outubro 25, 2006

Dar o exemplo

As contas apresentadas pelos partidos – relativas às eleições legislativas de 2005 – foram submetidas a análise. Conclusão? A Entidade das Contas e Financiamentos Públicos e o Tribunal Constitucional detectaram dezenas de irregularidades. Falta de consolidação das contas da campanha. Actividades de angariação de fundos pouco claras. Insuficiência de mecanismos internos de controlo das acções de campanha e registo dos respectivos custos. Contribuições ambíguas dos partidos políticos. Receitas e despesas sem registo em contas bancárias. Recebimentos injustificados de donativos em datas posteriores à eleição (esta é particularmente divertida). Donativos não titulados. Subvenções estatais por declarar. Documentos de suporte de despesa duvidosos.

Quando esta gente vem falar de “rigor orçamental”, de “critérios de excelência” e de “confiança nas instituições”, só pode estar a debitar princípios de auto-ajuda.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A tua última frase é fabulosa pelo seu carácter de síntese.
O que mais aflige, embora não seja surpreendente, é o descaramento destes tipos, exigindo que os outros cumpram a lei, apontando o dedo a este sector e ao outro, mas caíndo recorrentemente em regimes de excepção ou em subterfúgios para mascarar as ilegalidades cometidas, com desculpas como: 'a lei é recente, não tivemos tempo para nos adaptarmos'. Como se não fossem eles as entidades legisladoras. É o chamado 'faz o que digo, não faças o que faço!', com cumplicidades transpartidárias e com pertinentes consequências socio-políticas. Não será por acaso que certas contribuições não estão identificadas: as contrapartidas exigidas serão demasiado ofensivas para os nossos olhos. É uma espécie de bushismo em ponto pequeno: um paga com guerras que geram lucros fabulosos aos que pagaram a sua eleição, os outros - os nossos - pagam com baixos salários, empreendimentos injustificados e desnecessários, benesses fiscais a quem não precisa, etc., etc., etc.... E estes etc.'s costumam ser bem mais assustadores. Quanto à exemplaridade, serve quando se faz política; quando se trata de economia, e principalmente de economia doméstica - garantia de posições actuais e futuras, participação privada em lucros de investimentos públicos -, o exemplo é mandado às urtigas. E a polis com ele.

25/10/06 11:42  
Anonymous Anónimo said...

Sugiro que vejas o artigo do Público online acerca do Jorge Coelho e Entre-os-Rios. Se não fosse uma questão tão séria, até teria muita graça. O descaramento...

26/10/06 09:20  
Blogger José Gomes André said...

Já vi a notícia. O homem acha que por se ter demitido ficou ileso de responsabilidades. E claro, está desertinho é que dois ou três engenheiros civis anónimos sejam culpabilizados.
Ficávamos todos em paz: a "justiça" tinha funcionado; os políticos "tinham assumido as suas responsabilidades", com muita ética, aliás; e nós podíamos continuar como se nada fosse, porque os "culpados estavam a pagar pelos seus actos".

27/10/06 00:26  

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