quarta-feira, abril 30, 2008

A impotência da artificialidade

Manifesta no facto de Manuela Ferreira Leite, quando maquilhada, ter exactamente o mesmo aspecto de quando não está maquilhada.

Patologias partidárias (II)

O actual estado comatoso dos partidos políticos portugueses, manifesto pelo ressurgimento de maleitas como Paulo Portas e Santana Lopes, muito me faz lembrar um diálogo de um qualquer filme de Woody Allen. Fala-se aí de "jewish", mas poderia falar-se de "portuguese politician":

Diz um: «He thinks I'm all jewish. Paranoia!»
Diz Allen: «No, I don't think you're paranoid, I think you're much worse. I think you walk around with the illusion that people actually like you!»

segunda-feira, abril 28, 2008

Primárias americanas: ponto da situação

[Uma análise em três momentos (retomando algumas ideias que expus no programa da RTP N )].

Olhando para trás. A vitória clara de Hillary Clinton na Pensilvânia (por 9,3%) garante-lhe desde já a legitimidade moral para continuar na corrida. Hillary colheu o apoio esmagador dos operários, dos católicos e das classes baixas – uma parte significativa do eleitorado tradicionalmente fiel aos Democratas que continua a olhar com renitência para Obama. Sem surpresas, Hillary tem sublinhado este facto, procurando convencer os superdelegados que ela é apesar de tudo a melhor candidata para derrotar McCain em Novembro.

Obama tinha poucas hipóteses de vencer num Estado com uma população muito envelhecida (sector muito favorável a Hillary). Em todo o caso, uma excelente mobilização do eleitorado afro-americano e da sua base de apoio em Filadélfia permitiu minimizar a derrota, que não teve uma implicação numérica significativa (Hillary conquistou mais dez delegados do que Obama). Obama continua a liderar no número total de delegados (1727-1592) e no voto popular (com uma vantagem de 1,7%).

O que se segue? Restam nove eleições nas primárias Democratas, que se realizarão entre 6 de Maio e 3 de Junho. O número de indecisos é reduzido e o eleitorado parece estar perfeitamente alinhado em termos sociológicos. As vitórias de um ou outro candidato não conseguiram desfazer a “coligação de interesses” do adversário, que se revelou de certo modo indiferente aos resultados nos vários Estados. Assim, a demografia dos Estados tem sido determinante no condicionamento dos resultados.

Seguindo este critério, é fácil prever que as eleições das próximas semanas não deverão alterar o quadro actual da disputa Democrata. Obama deverá vencer na Carolina do Norte (forte presença de afro-americanos e jovens universitários), no Oregon (eleitorado Democrata urbano e francamente liberal), no Montana e no Dakota do Sul (Estados ultra-conservadores que detestam a ideia de votar numa mulher).

Por sua vez, Hillary deverá triunfar no Kentucky e na Virgínia Ocidental (Estados rurais, com uma grande classe baixa), e em Porto Rico (devido ao apoio dos hispânicos). O Indiana será equilibrado, mas é um Estado pequeno (apenas 72 delegados) – pelo que pouco alterará os resultados em geral.

Resolver o impasse. Adivinhando-se uma distribuição mais ou menos igualitária dos 400 delegados atribuídos nas eleições referidas, Obama fica em posição privilegiada para obter a nomeação. Todavia, sem chegar ao número mágico de 2025 delegados (quase impossível nesta altura), Obama necessitará de cortejar o apoio dos superdelegados que ainda se mantêm neutrais (cerca de 300). Hillary partirá em desvantagem, mas a sua popularidade junto das figuras proeminentes do Partido leva-a a acreditar que ainda pode obter inverter o triunfo provável de Obama.

Esta luta pelo apoio dos superdelegados surge assim neste momento como uma espécie de “disputa paralela” que será decisiva para desbloquear o impasse actual. Na verdade, trata-se de uma curiosa ironia: as primárias no Partido Democrata – um dos processos mais democráticos e populares do mundo – poderão ser resolvidas, em última instância, através de manobras de bastidores e de jogos políticos pouco transparentes.

quinta-feira, abril 24, 2008

[Pub.]

Este vosso escriba estará nesta sexta-feira à noite (22h30) na RTP N - no programa "Olhar o Mundo" - para falar das eleições americanas e do sistema político dos EUA. Para quem estiver a planear uma noite de arromba e não puder ver, informo que o programa repete na RTP2 no Domingo, às 12h30. Prometo que depois faço um resumo da discussão.

Duvidanças de uma mente curiosa, 79

Ontem, na Antena 1, ouvi um deputado comunista insurgir-se contra a data de discussão no parlamento do Tratado de Lisboa: "é uma afronta, a só dois dias da data maior da nossa independência e soberania".

Duvidei: Portugal não era independente e soberano a 24 de Abril de 1974? Quem eram os malandros que nos colonizavam?: Espanha, EUA, Vaticano? É que sempre pensei que a revolução de Abril tivesse sido uma de alteração de regime político, nunca uma de independência.

Quantos anos tem Portugal, mesmo?

Patologias partidárias

Paulo Portas e Santana Lopes são como doenças mal-curadas: quando o corpo enfraquece, sempre se manifestam.

Santana candidato? (II)

Santana candidato? (I)

Melhor mesmo só Vale e Azevedo regressar ao Benfica.

Jardim candidato?

Confirma-se a atracção do PSD pelo abismo.

segunda-feira, abril 21, 2008

América a votos: o regresso das Primárias

Nesta terça-feira é a vez da Pensilvânia votar. As últimas seis semanas foram marcadas pelo endurecimento da campanha, com Obama e Hillary Clinton a envolverem-se em ataques mútuos. Por outro lado, várias incidências minaram o debate político: as declarações racistas e anti-patrióticas do pastor de Obama; as mentiras descaradas de Hillary na descrição de uma viagem à Bósnia em 1996 (com o objectivo de reforçar a sua pretensa “experiência internacional”); e as recentes afirmações de Obama, que aparentemente menosprezavam os modos de vida das “pequenas cidades”.

Estas polémicas não passaram contudo de fait-divers quase inevitáveis numa campanha excepcionalmente longa. Obama e Clinton possuem visões políticas muito semelhantes; a exposição dos seus princípios é por demais conhecida e pouco há a fazer senão esperar pelas votações. Assim sendo – e dada a existência destes períodos muito longos sem eleições – a imprensa acaba por recorrer a supostos “escândalos” para cativar a atenção da opinião pública.

Os estudos de opinião mostram contudo que a dinâmica da luta Democrata mantém-se quase inalterada. Obama lidera no número de delegados, tem recolhido apoio entre várias personalidades do Partido Democrata e é o favorito à nomeação. Em todo o caso, a Pensilvânia é território favorável a Clinton, devido ao predomínio de uma classe baixa que lhe tem sido fiel. Contudo, o apoio dos jovens e do eleitorado urbano a Obama contrapõe este favoritismo e faz antever uma disputa equilibrada. As sondagens mais recentes mostram vantagens curtas de Hillary, entre os 5 e os 10%.

A primária da Pensilvânia é muito relevante pelo número de delegados em causa (158), sendo por isso uma excelente oportunidade para Clinton reduzir a sua desvantagem face a Obama. Por outro lado, uma vitória expressiva transmitirá uma mensagem optimista aos superdelegados ainda indecisos, e poderá condicionar as próximas eleições, nos importantes Estados de Indiana e Carolina do Norte. Todavia, caso Obama triunfe, ou perca por números escassos, a nomeação deverá ficar praticamente decidida, devido à impossibilidade matemática de Hillary ultrapassar o senador do Illinois.

sábado, abril 19, 2008

PSD, RIP?

Nunca desprezem a capacidade do PSD para se auto-destruir.

A filosofia política de Menezes

"Eu", "eu", "eu". "Mim", "mim", "mim". "Sofro". "Acho". "Sinto". "Vou". "Fico". "Não fico". "Falem comigo". "Dêem-me atenção". "Olhem para mim". "Eu", "eu", "eu". "Mim", "mim", "mim".

Por falar em tempo

"Alterações climáticas", ainda vá que não vá. Agora "aquecimento global" já me leva a franzir o sobrolho.

sexta-feira, abril 18, 2008

O homem sem qualidades

João Barrento volta a praticar serviço público literário, desta vez com a tradução portuguesa (directamente da língua original) d'O homem sem qualidades, de Robert Musil. Finalmente, nestes últimos anos alguém se lembrou da importância de traduzir os livros que mais importam: Vasco Graça Moura, com os poetas italianos e os dramaturgos franceses e ingleses; Pedro Tamen, com Proust; João Barrento, com Goethe, e agora Musil; Frederico Lourenço, com os homéricos; o casal Guerra, com os russos; aquela colecção óptima da editora Cotovia, com Ovídio e Petrónio...

Ainda há muito trabalho por fazer, claro: traduções de jeito de Joyce, de Mann, de Virgílio, etc. Que andam a fazer os académicos portugueses, mesmo?

P.S.- Quem queira ler O homem sem qualidades publicado pela D. Quixote terá de desembolsar 52 euros pelos dois volumes. Ser rico de espírito vai cada vez mais tendo como condição o ser-se rico de bolsa.

quinta-feira, abril 17, 2008

'The real show about nothing'

O programa de TV Seinfeld celebrizou-se por se apresentar a si mesmo como "a show about nothing".

Hoje, enquanto almoçava, reparei que na TVI uma senhora chamada Júlia Pinheiro introduzia um talk show cujo tema era: o tempo (meteorologia). Precisamente aquilo de que se fala quando nada há de que se falar.

Júlia Pinheiro fez assim o verdadeiro programa sobre coisa nenhuma: the real show about nothing.

Será Derlei da esquerda radical?

Jogou durante seis meses no Benfica. Marcou um golo, no último jogo. Depois mudou de clube, lesionou-se, e passou sete meses sem jogar. Regressou ontem. Bastaram-lhe dez minutos para marcar um golo: ao Benfica.
Será verdade que há tipos que só atingem a excelência quando são "contra" alguma coisa, nunca quando são "a favor"?

Como remover lodo

Com a mais que certa derrota do próximo domingo, fechar-se-á uma das mais negras semanas da história do Benfica. Andamos muito próximos de repetir a era "Vale e Azevedo", só que o presidente (ainda) não foi preso.
O estrondoso falhanço colectivo tem um rosto. Será demais pedir responsabilidades mínimas? Eleições antecipadas, e já...
P.S. Não se dão parabéns ao Sporting, por dois motivos: primeiro, porque é o Sporting; segundo, porque mais do que o Sporting ganhar, foi o Benfica que perdeu.

terça-feira, abril 15, 2008

Rocket Man

Fiquei espantadíssimo quando a minha mulher me apresentou a sua interpretação desta cançoneta de Elton John: a de que o "rocket man" é um homem de sexualidade ambígua, um homossexual que gosta de brincar aos heterossexuais quando está em casa. Não percebo nada de cultura pop. Julgue por si o leitor:

She packed my bags last night pre-flight
Zero hour nine a.m.
And I'm gonna be high as a kite by then
I miss the earth so much I miss my wife
It's lonely out in space
On such a timeless flight

And I think it's gonna be a long long time
Till touch down brings me round again to find
I'm not the man they think I am at home
Oh no no no I'm a rocket man
Rocket man burning out his fuse up here alone

Mars ain't the kind of place to raise your kids
In fact it's cold as hell
And there's no one there to raise them if you did
And all this science I don't understand
It's just my job five days a week
A rocket man, a rocket man
And I think it's gonna be a long long time...

Deus e a América

Trata-se de um tema muitíssimo estudado, sobre o qual existem milhares de livros e artigos, com análises sobre o peso social, político e cultural que a religião desempenha nos EUA, e comentários acerca da natureza religiosa ou irreligiosa da Constituição americana.

Neste complexo aglomerado, sobressai contudo um pequeno episódio, que dá conta como poucos do que realmente esteve em causa quando os Pais Fundadores criaram a República americana: a ideia que a ordem constitucional deve remeter-se ao silêncio no domínio da religião, a qual cabe apenas à consciência dos indivíduos.

Conta a lenda que, pouco depois de deixar a Convenção de Filadélfia, Alexander Hamilton (participante na elaboração da Constituição) foi abordado por um pastor protestante em Nova Iorque, que lhe perguntou por que motivo a Constituição não aludia à existência de Deus. A resposta de Hamilton vale por todos os tratados deste mundo: “Indeed, sir, we forgot it”.

segunda-feira, abril 14, 2008

Boicotar os Jogos Olímpicos: um erro crasso

Em primeiro lugar, punir-se-ia directamente um vasto conjunto de atletas, que provavelmente levaram anos a preparar a sua participação, apenas para ver o sonho de uma vida destruído por motivos políticos aos quais são alheios. Castigar um grupo que não tem nenhuma responsabilidade pelas práticas do governo chinês seria uma decisão ridícula e injusta.

Em segundo lugar, porque a China não irá rever a sua agenda política na sequência de um eventual boicote. Pelo contrário, o governo chinês – mestre na arte da propaganda – iria antes aproveitá-lo para reavivar sentimentos nacionalistas, vitimizando-se perante o seu povo. Um boicote apenas serviria para fortalecer a estratégia interna de Pequim, que há anos vem descrevendo a comunidade internacional como inimiga do povo chinês. E provavelmente, Hu Jintao e o seu séquito tirariam partido da situação para reforçar as suas manobras contra os “dissidentes” e a “oposição”, culpando-os em parte pelo fracasso verificado.

Que ninguém duvide: um boicote teria como consequência o reforço do nacionalismo chinês, o aumento da desconfiança do cidadão comum chinês perante “as potências estrangeiras”, um maior fechamento da China sobre si própria e, em última instância, o endurecimento das suas posições face ao problema do Tibete e dos direitos humanos em geral.

domingo, abril 13, 2008

a arte da fuga, 25

Yves Tanguy, A Faixa dos Extremos, 1955

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sábado, abril 12, 2008

(Outra) Bofetada da realidade

Vendo um resumo do debate quinzenal do governo na AR, apercebi-me que:

1) Quem fala na bancada do CDS/PP é um tipo que já foi ministro num dos piores governos de que há memória, fotocopiou documentos a torto e a direito antes de sair (numa área sensível como a da defesa), e ainda se crê com talentos de representação política.

2) Quem fala na bancada do PSD é um tipo que já foi primeiro-ministro num dos piores governos de que há memória (ao ponto de o PR decidir dissolver a AR), que perdeu para o seu partido as únicas eleições que deram maioria absoluta ao adversário, que ameaçou retirar-se da política, e ao qual se não reconhecem competências mais que a da presidência de uma câmara municipal com casino.

3) Quem fala na bancada do governo é um primeiro-ministro cujos méritos consistem em apontar aos fracos adversários as suas porcarias passadas.

4) O líder do maior partido da oposição é um tipo que, há uns anos, chorou em directo na TV, numa conferência de imprensa, defendendo-se de acusações sobre o caso das viagens-fantasma, tendo anunciado a sua saída da vida política. E acrescentou, com as lágrimas nos olhos: «Eu sou um homem sério...»

5) Quem fala na bancada do partido que tem maioria absoluta deve ser de tal maneira papagaio do governo que nem sequer surge nos resumos dos debates.

6) Quem fala na bancada do PCP é certamente aquele que, nesse partido, mais vezes consegue repetir o mesmo conjunto de vacuidades sem se enfastiar consigo mesmo.

7) A única estrela da companhia dos debates é, pasme-se, quem dá voz à bancada do BE. Poucas vezes diz coisas de jeito, mas sempre que ali abre a boca, consegue reembaraçar o governo.

Enfim, talvez se confirme que cada país tem os representantes que merece.

O cúmulo da estranheza (ou o fundo do poço)

Perder um jogo com a Académica em casa por 0-3, e, no final, suspirar de alívio: "uff, felizmente foram só 3..."

quinta-feira, abril 10, 2008

(Outra) Duvidança de uma mente curiosa

Será que a maior parte das gentes vai passar a escrever como prescreve o acordo ortográfico, ou fará como eu, que não tenciono mudar num só ponto a ortografia com que sempre escrevi?

Duvidança de uma mente curiosa

Com o acordo ortográfico vigorando, "acção" e "activo" passarão a "ação" e "ativo". Ora os c's que desaparecem não estavam lá por mera operação de cosmética, mas para abrir as vogais antecedentes. Normalmente, a abertura de vogais (o ter de ser "áção" e não "ação") é efectuada por acentos, mas acentuar uma sílaba é assinalá-la como tónica, o que no caso do "activo" acarretaria uma mudança do tónico.

Ademais, ao contrário do que sucedia antes do anterior decreto ortográfico de 1911, e de como ocorre no francês, por exemplo, nenhuma palavra pode ter mais do que um acento (desconsiderando o til como acento, claro).

Como diabo é que se preservará a abertura das vogais nestas palavras? Lá se vai o projecto de adequar a ortografia à fonética...

quarta-feira, abril 09, 2008

Modas e critérios

Já era tempo de as televisões resistirem ao impulso reactivo que dinamiza as notícias há várias semanas. Qualquer agressão, grito, caldo ou pontapé ocorridos na sala de aula e filmados pelos alunos saltam imediatamente para a abertura dos telejornais. Isto enjoa, revela preguiça jornalística, significa zero como notícia e do ponto de vista intelectual é inútil para uma eventual discussão, estando já as cartas em cima da mesa.

E talvez o pior de tudo é que todos percebem que se trata de uma fase - e nada mais do que isso. Daqui a uns dias, quando o interesse do povo tiver desaparecido, acabam-se os pontapés e as agressões e passa-se para outro fait divers qualquer. Faz lembrar os episódios na saúde: durante semanas, não havia dia em que um idoso não morresse à porta do hospital, ou em que não nascessem crianças em ambulâncias. Indignação geral, coros trágicos, debates intermináveis. Saiu o ministro e subitamente acabaram-se estas ocorrências. É o milagre da selectividade jornalística.

terça-feira, abril 08, 2008

Bravo, maestro!

Por que é que as pessoas que dormem durante os concertos são sempre aquelas que aplaudem no fim com mais entusiasmo?

Eu também gosto de ti (II)

"Hegel? Um excrementador que provoca náuseas, um charlatão estampado, um novo-rico da cultura, um triste senhor... Atente-se nas suas produções: o que é que elas são para além de um vazio, fútil e enjoativo amontoado de palavras? O que é que ele logrou alcançar realmente com todo o seu pedantesco e declamatório aparelho?" [Schopenhauer sobre o filósofo alemão Hegel.]

segunda-feira, abril 07, 2008

Sorriso amarelo

É impressão minha, ou as Produções Fictícias andam a passar um mau bocado – sobretudo no formato de humor redigido? Há excepções, claro, mas o trabalho deste fim-de-semana no Expresso foi simplesmente horroroso. A ideia era a de que um “vírus humorístico” tinha contaminado o jornal, dando azo a notícias “corrompidas”. Talvez o projecto tivesse pernas para andar, mas o resultado foi pavoroso. Não acreditam? Vejam este belo exemplo, na secção de crítica culinária:

“Esta semana rumámos ao «Zé Quitério», agradecidos perante o privilégio de degustar o maior crítico gastronómico nacional. [...] Chegaram uns «peixinhos da horta», os dedos eloquentes da mão esquerda do escriba envoltos em suave tempura [...]. Eis um «carpaccio à Harry’s Bar», frágeis e rosadas fatias da nádega do José Quitério [...]. Siga-se com uma superlativa «posta de Quitério à Carviçais», entrecôte alto do iluminado ser, que as brasas apenas platonicamente beijaram, a exalar os aromas sanguíneos do interior [...]. Por fim, um «ossobuco de Quitério», [...] que chegou fumegante, envolto em creme aveludado de legumes, ligado pelo tutano generoso do crítico, de sapidez tal que, mais do que osso, parecia cartilagem.”

Não consegui esboçar nem um tímido sorriso. Mas deve ser porque tenho mau feitio.

sábado, abril 05, 2008

Regresso à normalidade...

... finda uma tarefa que me roubou muito tempo nas últimas semanas, e de que vos falarei em breve (em mais um acto escandaloso de auto-publicidade). Espero pois, a partir deste fim-de-semana, retornar ao ritmo de postagem habitual. Do qual tenho saudades, confesso.

quarta-feira, abril 02, 2008

Fogo de vista

Ainda bem que a Comissão Disciplinar da Liga de Clubes de Futebol só agora se lembrou de instaurar um processo ao FCPorto referente a acontecimentos datados de quase 5 anos. É que o castigo previsto parece consistir na subtracção de 6 pontos, e este ano o FCP leva já 14 de avanço, pelo que mais 6 ou menos 6 não faz diferença.

Imagine-se se a Comissão Disciplinar se tivesse lembrado disso o ano passado, quando o FCP ganhou só com um ponto de avanço...

terça-feira, abril 01, 2008

1 de Abril

O "dia das mentiras" vai estando para o jornalismo como o Carnaval está para muita gente: a oportunidade socialmente aceitável de exprimir desejos ocultos.