Mário Cesariny
"Fiquei a gostar de anglo-saxónicos. Chamam-lhes hipócritas, mas eles não são. São actores. Estão sempre a representar Shakespeare. Um vagabundo chega à tabacaria e pede: 'may i have a box of matches, please?' Isto é linguagem de príncipe. Os outros são iguais ou ainda mais sofisticados. Já os americanos são uma espécie de ingleses a quem tiraram a inquietação, a metafísica"
"A liberdade, o amor, a poesia. É esta a tríade do surrealismo, que vem colocar-se ao lado, ou à frente, da liberdade, igualdade, fraternidade, da Revolução Francesa. Era essa a nossa bandeira"
"Os cafés onde a gente se reunia desapareceram. Começaram por pôr lá a televisão. Ora, é impossível não olhar para uma televisão ligada. Já não podíamos estar à vontade"
"Estávamos ali metidos para perder a vida, para não trabalhar em escritórios e aturar o patrão nojento. Éramos, de facto, todos vagabundos. Embora eu é que tenha merecido a honra de ser considerado suspeito de vagabundo pela polícia"
"Realmente não há onde ir, em Lisboa. Quer dizer, para mim, porque a gente mais nova junta-se nos pubs, com a música muito alta, para não terem de falar eles. Nem falar, nem pensar"
"A idade pôs-me uma série de chatices físicas que me impedem de atingir a metafísica. São coisas várias que me ocupam e me impedem de circular normalmente"
"Nessa altura, os marinheiros recebiam o fardamento e iam à costureira para o ajustar bem. Quase se via o contorno do sexo. Eles tinham vaidade nisso, além de que havia gente bonita"
"Portugal era o país mais homossexual do mundo"
"Havia urinóis espantosos, que eram sítios de encontro. Estavam sempre cheios"
[Opinião sobre as manifestações de orgulho gay] Acho feio, porque em vez de aparecerem como pessoas normais, põem umas mamas, pintam-se, ficam uns verdadeiros abortos. E saem assim para a rua. Eu, que sou homossexual, se encontrasse aquilo na rua, passava para outro passeio, porque em vez de angariarem simpatia, ofendem"
: : : Entrevista conduzida por Vladimiro Nunes e publicada este fim-de-semana pelo semanário Sol na revista Tabu. Em www.sol.pt
"Os cafés onde a gente se reunia desapareceram. Começaram por pôr lá a televisão. Ora, é impossível não olhar para uma televisão ligada. Já não podíamos estar à vontade"
"Estávamos ali metidos para perder a vida, para não trabalhar em escritórios e aturar o patrão nojento. Éramos, de facto, todos vagabundos. Embora eu é que tenha merecido a honra de ser considerado suspeito de vagabundo pela polícia"
"Realmente não há onde ir, em Lisboa. Quer dizer, para mim, porque a gente mais nova junta-se nos pubs, com a música muito alta, para não terem de falar eles. Nem falar, nem pensar"
"A idade pôs-me uma série de chatices físicas que me impedem de atingir a metafísica. São coisas várias que me ocupam e me impedem de circular normalmente"
"Nessa altura, os marinheiros recebiam o fardamento e iam à costureira para o ajustar bem. Quase se via o contorno do sexo. Eles tinham vaidade nisso, além de que havia gente bonita"
"Portugal era o país mais homossexual do mundo"
"Havia urinóis espantosos, que eram sítios de encontro. Estavam sempre cheios"
[Opinião sobre as manifestações de orgulho gay] Acho feio, porque em vez de aparecerem como pessoas normais, põem umas mamas, pintam-se, ficam uns verdadeiros abortos. E saem assim para a rua. Eu, que sou homossexual, se encontrasse aquilo na rua, passava para outro passeio, porque em vez de angariarem simpatia, ofendem"
: : : Entrevista conduzida por Vladimiro Nunes e publicada este fim-de-semana pelo semanário Sol na revista Tabu. Em www.sol.pt
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