Os limites da hipocrisia
Ou a sua ausência, como no caso dos nossos militares, que se concentraram no Rossio em protesto contra o governo. A manifestação foi proibida pelo Governo Civil de Lisboa, dado que a organização não entregou um pedido de autorização. Perante este pormenor de somenos importância, o génio militar engendrou uma imaginativa forma de contestação: um “passeio de descontentamento”.
A partir daqui, foi a previsível espiral de disparates. Incapazes de assumirem as consequências pela sua participação numa manifestação ilegal, os militares entraram num jogo de dissimulação que apenas os envergonha. Foi patético ouvir um dos membros da organização, Fernandes Torres, a explicar aos jornalistas que não se tratava de um protesto – de modo algum! – mas de uma simples “jornada”. Esperava alguns laivos de desfaçatez, mas confesso que não estava preparado para os contorcionismos linguísticos que alguns militares adoptaram. Deu para ouvir um pouco de tudo: “Eu não estou a manifestar-me, estou a passear. Não são os chefes militares que me impedem de passear.”; “Apeteceu-me vir espairecer!”; “Protestar? Eu só estou a ver as montras com a minha mulher...”.
Não é certamente a exibir o seu talento de comediantes que os militares chamam a atenção do governo e da opinião pública. Na verdade, esta acção serviu apenas para os cobrir de ridículo, enfraquecendo a sua reivindicação. Certas estratégias estão condenadas ao fracasso.
A partir daqui, foi a previsível espiral de disparates. Incapazes de assumirem as consequências pela sua participação numa manifestação ilegal, os militares entraram num jogo de dissimulação que apenas os envergonha. Foi patético ouvir um dos membros da organização, Fernandes Torres, a explicar aos jornalistas que não se tratava de um protesto – de modo algum! – mas de uma simples “jornada”. Esperava alguns laivos de desfaçatez, mas confesso que não estava preparado para os contorcionismos linguísticos que alguns militares adoptaram. Deu para ouvir um pouco de tudo: “Eu não estou a manifestar-me, estou a passear. Não são os chefes militares que me impedem de passear.”; “Apeteceu-me vir espairecer!”; “Protestar? Eu só estou a ver as montras com a minha mulher...”.
Não é certamente a exibir o seu talento de comediantes que os militares chamam a atenção do governo e da opinião pública. Na verdade, esta acção serviu apenas para os cobrir de ridículo, enfraquecendo a sua reivindicação. Certas estratégias estão condenadas ao fracasso.
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