Duvidanças de uma mente curiosa, 9
A propósito da edição em Portugal dos textos do Padre António Vieira:
1) Porque é que não há uma editora privada portuguesa que se dê ao trabalho de publicar um Padre António Vieira que se leia de princípio ao fim?
2) A INCM tem publicadas, em três volumes, as cartas do Padre António Vieira, numa edição que, como é costume na INCM, tem muita qualidade. Mas, tal como é também costume na INCM, tem qualidade a mais: os livros são demasiado vistosos, muito caros, e pessimamente distribuídos. Por isso esta duvidança aplica-se às cartas do Padre António Vieira como a qualquer outra edição da INCM: para quando a edição de livros com custos de produção mais baixos, e consequente redução do preço para o leitor-comprador? Enfim, quando é que a INCM se lembra de editar e publicar livros para o público, e não só para as bibliotecas públicas?
3) A História do Futuro teve uma boa edição em língua portuguesa no ano transacto de 2006. Mas adivinhe-se por quem foi publicada e onde? Pela UnB, no Brasil. Em Portugal, permanece uma de 1983, pela BN, a qual, mais uma vez, não é a melhor instituição para fazer livros para o público. Para quando, então, a História do Futuro em Portugal, numa livraria não pública, a preço acessível?
4) Quanto à Clavis prophetarum, dou de barato por não ter sido escrito em português, e ser necessária tradução. A fixação do texto é um trabalho ainda em progresso. Mas serei eu o único a achar que, não obstante as conveniências do trabalho dos autores-editores-tradutores (explicadas na introdução ao volume já publicado), não entra na cabeça de ninguém começar a publicar o trabalho a partir do fim?
5) Quanto aos sermões: haverá em Portugal alguém com coragem para publicar os sermões completos, num formato portável, e a um preço acessível?
6) O melhor Padre António Vieira está todo na internet, seja nas digitalizações da BND, seja em sites de algumas universidades (em formato html). Mas, adivinhe-se, onde se situam estas universidades? Não em Portugal, com certeza. E ademais, quem é que lê sermões completos, ou textos como a História do Futuro, via internet?
7) Enfim, resumindo e concluindo: porque é que o maior prosador em língua portuguesa é tão maltratado no continente europeu?
1) Porque é que não há uma editora privada portuguesa que se dê ao trabalho de publicar um Padre António Vieira que se leia de princípio ao fim?
2) A INCM tem publicadas, em três volumes, as cartas do Padre António Vieira, numa edição que, como é costume na INCM, tem muita qualidade. Mas, tal como é também costume na INCM, tem qualidade a mais: os livros são demasiado vistosos, muito caros, e pessimamente distribuídos. Por isso esta duvidança aplica-se às cartas do Padre António Vieira como a qualquer outra edição da INCM: para quando a edição de livros com custos de produção mais baixos, e consequente redução do preço para o leitor-comprador? Enfim, quando é que a INCM se lembra de editar e publicar livros para o público, e não só para as bibliotecas públicas?
3) A História do Futuro teve uma boa edição em língua portuguesa no ano transacto de 2006. Mas adivinhe-se por quem foi publicada e onde? Pela UnB, no Brasil. Em Portugal, permanece uma de 1983, pela BN, a qual, mais uma vez, não é a melhor instituição para fazer livros para o público. Para quando, então, a História do Futuro em Portugal, numa livraria não pública, a preço acessível?
4) Quanto à Clavis prophetarum, dou de barato por não ter sido escrito em português, e ser necessária tradução. A fixação do texto é um trabalho ainda em progresso. Mas serei eu o único a achar que, não obstante as conveniências do trabalho dos autores-editores-tradutores (explicadas na introdução ao volume já publicado), não entra na cabeça de ninguém começar a publicar o trabalho a partir do fim?
5) Quanto aos sermões: haverá em Portugal alguém com coragem para publicar os sermões completos, num formato portável, e a um preço acessível?
6) O melhor Padre António Vieira está todo na internet, seja nas digitalizações da BND, seja em sites de algumas universidades (em formato html). Mas, adivinhe-se, onde se situam estas universidades? Não em Portugal, com certeza. E ademais, quem é que lê sermões completos, ou textos como a História do Futuro, via internet?
7) Enfim, resumindo e concluindo: porque é que o maior prosador em língua portuguesa é tão maltratado no continente europeu?
1 Comments:
Tens toda a razão, André. As edições da ICNM são muito bonitas, têm um tratamento editorial excelente, mas o preço é inaceitável. Como me disseste um dia, o problema é que em Portugal não existe uma tradição de livros de bolso. A alternativa é a internet ou pagares 30 euros por um livro que podia custar 10 - se houvesse vontade para isso. E o Padre António Vieira merecia isso.
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