Sessenta e sete minutos
Começo a perder a esperança no desenvolvimento de Portugal, quando me dou conta de que o estado dos serviços privados – talvez por contágio – se revela tão ou mais lastimável que o dos serviços públicos. Numa manhã recente, procurei fazer uma simples recolha de sangue para uma análise clínica, tendo recorrido a um laboratório respeitado, situado em pleno coração de Lisboa. Entrei no edifício às 10 horas e 32 minutos – e apesar de ter sido imediatamente atendido – só consegui de lá sair às 11 horas e 39 minutos.
Pelo meio, os habituais sintomas de terceiro-mundismo: o computador – esse malandro – “hoje não quer funcionar”; “é só aguardar um bocadinho pelo técnico”; “deixe-me preencher a sua ficha” (com a data de nascimento, morada, telefone, telemóvel, estado civil, idade, profissão, cartão de contribuinte, B.I., sistema de saúde, clube do coração, escritores preferidos, animais de estimação e outros dados relevantes); “que maçada! O computador apagou tudo, temos que recomeçar de novo!”; ou o sempre actual “isto hoje está tudo encravado”. E depois, os suspeitos do costume: os desaparecimentos de técnicos e secretárias para parte incerta; o telefonema inadiável; o “desculpe, mas não podemos fazer nada”. Tudo, menos a recolha de sangue – esse complexo e demorado procedimento.
No fim de contas, ainda tive que pedir desculpa por não trazer dinheiro comigo. Mais uma voltinha, portanto, à procura de uma caixa por aí, e um passeio indispensável, por certo, com quase 50 contos no bolso – porque isto do pagamento com Multibanco não está na moda. Perseguimos o “modelo finlandês”? Eu acho que Portugal cada vez mais se parece com o Senegal.
Pelo meio, os habituais sintomas de terceiro-mundismo: o computador – esse malandro – “hoje não quer funcionar”; “é só aguardar um bocadinho pelo técnico”; “deixe-me preencher a sua ficha” (com a data de nascimento, morada, telefone, telemóvel, estado civil, idade, profissão, cartão de contribuinte, B.I., sistema de saúde, clube do coração, escritores preferidos, animais de estimação e outros dados relevantes); “que maçada! O computador apagou tudo, temos que recomeçar de novo!”; ou o sempre actual “isto hoje está tudo encravado”. E depois, os suspeitos do costume: os desaparecimentos de técnicos e secretárias para parte incerta; o telefonema inadiável; o “desculpe, mas não podemos fazer nada”. Tudo, menos a recolha de sangue – esse complexo e demorado procedimento.
No fim de contas, ainda tive que pedir desculpa por não trazer dinheiro comigo. Mais uma voltinha, portanto, à procura de uma caixa por aí, e um passeio indispensável, por certo, com quase 50 contos no bolso – porque isto do pagamento com Multibanco não está na moda. Perseguimos o “modelo finlandês”? Eu acho que Portugal cada vez mais se parece com o Senegal.
1 Comments:
Infelizmente, o que nos relatas, é cada vez mais usual nas nossas clínicas privadas!
Parece que o mau funcionalismo do sistema público, com os seus longos períodos de espera e falta se simpatia (entre muitos outros problemas), contagiaram o sistema privado, onde PAGAMOS (e bem!!) pela suposta QUALIDADE e EFICÁCIA do serviço adquirido!
Sempre que tenho tempo, gosto de ler o teu blog! Parabéns aos três!
Um abraço,
Tânia Rosa Martinho
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