quinta-feira, março 01, 2007

Os desafios de Barack Obama

A corrida presidencial americana de 2008 promete ser uma das mais renhidas e fascinantes das últimas décadas, colocando em confronto personalidades notáveis como John McCain, Hillary Clinton, Rudolph Giuliani e Barack Obama.

Este último, Senador do Illinois, é um caso particular. Com efeito, a sua cultura política, o discurso perspicaz, a argumentação eloquente e rigorosa, e ao mesmo tempo a acutilância e entusiasmo das suas declarações públicas constituem trunfos preciosos no xadrez político hodierno. Por outro lado, a forma complexa como interpreta a política internacional prefigura uma decisiva mudança da agenda externa americana, capaz de olhar os desafios actuais sob uma perspectiva multifacetada. Na verdade, Obama insiste na necessidade de enfrentar problemas diversos com métodos igualmente distintos, preferindo as soluções diplomáticas ao uso da força, sugerindo que os processos de mediação dialogantes podem e devem substituir progressivamente as intervenções imediatas do poder bélico, traduzindo essa mudança a verdadeira consolidação de um projecto civilizacional.

Todavia, no caminho para a Casa Branca, Barack Obama terá que lidar com dois preconceitos profundamente enraizados na cultura americana. Por um lado, Obama enfrenta o preconceito racial. Para os sectores mais conservadores, a sua tez negra e o facto de ser filho de um queniano constituem, por si só, um evidente impedimento. Mesmo entre o eleitorado mais moderado, é pouco provável que Obama venha a recolher muitos votos, sendo a sua implementação no Sul especialmente difícil. Obama é ainda vítima do preconceito racial num segundo sentido, pois, sendo filho de um queniano e de uma hawaiana, e tendo crescido no seio de uma família branca de classe média, Obama não colhe especial simpatia entre a comunidade afro-americana, que não o considera como um seu efectivo representante.

Por outro lado, Barack Obama terá que lutar contra o preconceito da inexperiência. Tendo entrado para a política americana muito recentemente, e possuindo apenas dois anos de experiência no Senado, Obama será acusado pelos seus adversários de não estar preparado para desempenhar o papel presidencial. É certo que Obama vai socorrer-se do exemplo de Abraham Lincoln (curiosamente, também ele um Senador do Illinois antes de se tornar Presidente), mas para convencer os eleitores americanos terá que demonstrar uma capacidade política ímpar. Neste sentido, qualquer escorregadela na campanha será interpretado como fruto da sua imaturidade política, devendo ser fatal.

Ultrapassar estes preconceitos é evidentemente uma tarefa hercúlea, mas se for bem sucedido, Barack Obama criará um precedente que poderá levar a uma revolução da cultura política americana e mundial.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O post que acabei de ler vem confirmar o que acabei de ver numa reportagem.Um homem que transmite entusiasmo, convicção, juventude e muita determinação.
Ele poderá não ser o próximo presidente dos Estados Unidos mas as suas ideias podem contribuir para " uma revolução cultural política e mundial" porque o que a sociedade e cada um de nós precisamos é de propostas onde se discutam os grandes problemas mundiais e se encontrem os tais caminhos que não desemboquem sempre no uso da força.

3/3/07 10:58  

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