domingo, março 04, 2007

Falar do falo

De quando em quando, os sexólogos, produto dispensável da modernidade, resolvem brindar-nos com profícuos ensaios, que os próprios não hesitam em declarar como “momentos de ruptura” ou como obras “que anunciam uma revolução dos costumes”. Pois bem, Nuno Monteiro Pereira embrenhou-se durante anos numa espantosa pesquisa sobre o falo português, do qual resultou O Pénis – da Masculinidade ao Órgão Masculino, obra na qual se reflecte sobre o tamanho, textura e outras características do pénis português.

Segundo Sandra Moutinho (jornalista da Lusa), é livro que se recomenda, pois nele o leitor poderá “ficar a conhecer vários estudos sobre a identidade, o culto e as características deste órgão”. Na verdade, quem não gostaria de saber mais sobre a “identidade” do pénis? As “características” já me parece coisa mais banal, e o “culto” ao dito cujo também é matéria gasta. Agora, a “identidade” do falo? As suas ambições, dúvidas e inquietações, as suas aspirações existenciais, o seu desconsolo e as suas virtudes, medos e aspirações, tudo isto por fim revelado! Não é por acaso que se fala de “momentos de ruptura”.

Além do mais, a obra está repleta de observações finas e sagazes. Não é todos os dias que ficamos a saber que “Os pénis têm muitos tamanhos e feitios”, ou ainda que “mais de um quarto dos homens adultos portugueses já mediu o pénis erecto”. E quem não fica estarrecido ao descobrir que “o comprimento médio do pénis português é de 9,85 centímetros, quando flácido, e de 15,82 centímetros, em estado erecto”? Bravo, dr. Pereira!

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