Duvidanças de uma mente curiosa, 21
A propósito da pascal paixão do Cristo:
1) Porque é que o local onde terá sido capturado o Cristo se chama Jardim das Oliveiras? É que um campo de oliveiras tende a constituir um olival, e não um jardim...
2) Consta que S. Francisco, o poverello de Assis, foi o cultor da primeira representação viva do presépio. Ora, quem terá sido o estranho cultor da primeira representação viva da crucificação?(como sucede nas Filipinas, ou no "Cristo Recrucificado" de Kazantzakis, por exemplo)
3) Quais terão sido afinal as derradeiras palavras do Cristo? Os evangelistas não se entendem neste ponto. Mas não seria desejável que se tivessem entendido?: se por nenhuma outra razão, pelo menos por me parecerem as propostas em cima da mesa contraditórias entre si...
4) Porque é que há quem chame à lança espetada no tronco do Cristo de "lança sagrada"? É que se o Cristo não estava já morto, certamente a lança tê-lo-á matado, e se morto já estava, então a lança terá profanado o cadáver. Onde está aqui a sacralidade da coisa?
5) Porque é que só no tempo pascal cristão a Rádio Renascença se torna agradavelmente escutável? (Apontem-se excepção e louvor a esse programa sensacionalista chamado Bola Branca.) Nenhumas asneiras ditas, nenhuma publicidade idiota, e até alguma música de qualidade (adágios, missas, concertos sacros, Morricone, e - pasme-se - até o "nova-erista" Enigma, o que significa que na Páscoa até a censura da RR é branda). Contudo, não serei eu o único a dar audiência à RR na Páscoa?
1) Porque é que o local onde terá sido capturado o Cristo se chama Jardim das Oliveiras? É que um campo de oliveiras tende a constituir um olival, e não um jardim...
2) Consta que S. Francisco, o poverello de Assis, foi o cultor da primeira representação viva do presépio. Ora, quem terá sido o estranho cultor da primeira representação viva da crucificação?(como sucede nas Filipinas, ou no "Cristo Recrucificado" de Kazantzakis, por exemplo)
3) Quais terão sido afinal as derradeiras palavras do Cristo? Os evangelistas não se entendem neste ponto. Mas não seria desejável que se tivessem entendido?: se por nenhuma outra razão, pelo menos por me parecerem as propostas em cima da mesa contraditórias entre si...
4) Porque é que há quem chame à lança espetada no tronco do Cristo de "lança sagrada"? É que se o Cristo não estava já morto, certamente a lança tê-lo-á matado, e se morto já estava, então a lança terá profanado o cadáver. Onde está aqui a sacralidade da coisa?
5) Porque é que só no tempo pascal cristão a Rádio Renascença se torna agradavelmente escutável? (Apontem-se excepção e louvor a esse programa sensacionalista chamado Bola Branca.) Nenhumas asneiras ditas, nenhuma publicidade idiota, e até alguma música de qualidade (adágios, missas, concertos sacros, Morricone, e - pasme-se - até o "nova-erista" Enigma, o que significa que na Páscoa até a censura da RR é branda). Contudo, não serei eu o único a dar audiência à RR na Páscoa?
1 Comments:
Caro amigo,
posso tentar responder a 2 das 5 duvidanças?
Em relação ao ponto 1), na verdade o local é referido nos Evangelhos como Getsemani, cuja tradução literal é "monte das oliveiras". Tratava-de uma pequena colina junto a um lagar de azeite onde Jesus pregara. Talvez porque um jardim é uma imagem mais idílica (e mais cinematográfica, porventura), tornou-se comum referirmo-nos ao "jardim das oliveiras", mas é uma corruptela (incorrecta).
Em relação ao ponto 4), em tentativa de resposta, diria que a lança é denominada "sagrada" porque, quando foi espetada pelo soldado romano, não lhe quebrou nenhum osso. Tal facto, profetizado pelas Escrituras, era considerado crucial, pois, segundo a tradição, era justamente a "quebra dos ossos" (pós-mortem) que consignava uma profanação de um cadáver. Procurando assim responder: Cristo já estava morto quando o soldado romano o espetou com a lança, mas o seu corpo não foi "profanado" porque não se lhe quebrou nenhum osso.
Em relação ao ponto 3, diria que tens toda a razão. Pessoalmente, prefiro o "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?" (São Mateus, São Marcos), ao "Consumatum est" de São João. Talvez porque o primeiro caso seria exemplo de uma "última humanidade" de Cristo, frágil, amedrontado, descrente. É uma imagem fortíssima que contrasta com o "tudo está consumado", passagem demasiado finalista e fatalista.
Um grande abraço!
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