terça-feira, maio 08, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 26

A propósito da cruzada pós-moderna anti-tabaco:

1) Um Estado que insiste na aprovação de leis que sabe de antemão não terem qualquer ponta de eficácia não é um Estado caduco?

2) Supondo que num qualquer restaurante fechado uns cinco ou seis clientes em mesas diferentes acendem um cigarro, é expectável que, cumprindo zelosamente os seus deveres legais, o proprietário do estabelecimento peça aos respectivos clientes que apaguem os respectivos materiais de fumo. Supondo agora que os ditos clientes a tal se recusam. Quid iuris? Convidados a sair?, empurrados a sair?, autuados pela polícia?, cuspidos em cima?, violentados com umas lambadas ofertadas pelos outros clientes?... Talvez se houver um funcionário da ASAE vigilando cada estabelecimento...

3) O não-fumador tem um direito à saúde dos seus pulmões. Não terá o fumador um direito à sua saúde mental?

4) Se eu for proprietário de um restaurante que decorei com vista a uma clientela fumadora (por crer ser esse o maior público-alvo de um restaurante como o meu), que deverei fazer à minha casa? Fechá-la? Poderei então pedir uma indemnização ao Estado português por danos sofridos pela nova lei?

5) Passará a haver em Portugal aqueles estranhos guetos de fumo, onde os fumadores são empilhados num apertado cubo de névoa, como existe em Espanha, por exemplo?

6) Por outro lado, palimpsestando o Chief Justice Holmes: o meu direito a fumar não acaba quando o meu fumo embate no nariz do meu vizinho?

7) Será que a minha mulher, que sabe quanto me incomoda o fumo do tabaco, me perdoará por este post anti-probicionista? E continuará a ser este o único tema político que nos divide?