Duvidanças de uma mente curiosa, 32
A propósito de algumas perplexidades:
1) Começou ontem, dia 31 de Maio, e prolongando-se até final de Julho, a primeira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa, cujo programa até parece interessante. Mas será que se pode chamar de trienal algo que vai ocorrer pela primeira vez? Não será apenas trienal a edição segunda, passada três anos após a primeira? Caso contrário, este festival de arquitectura toma como denominação somente uma declaração de intenções...
2) Passei hoje por uma Repartição de Finanças. Ora, não é este o nome mais idiota que se pode dar a um tal serviço público? É que a palavra "repartição" remete para uma ideia de divisão e distribuição, para uma ideia de partilha. E o Fisco, mais por hábito do que por natureza, só sabe sugar riqueza para consumo do Estado. Desde quando é que o direito fiscal tem uma função redistributiva? O Estado português não partilha finanças, engole-as. Repartição de Finanças? Diria antes, Expropriação de Finanças.
3) Por incrível que pareça, na cidade de Setúbal permanecem ainda alguns cadáveres dos cartazes do PSD para a última eleição municipal (local, entenda-se), com a figura assaz sorridente de Fernando Negrão. E sempre que revejo tal figura, evoco na memória a única vez que a vi ao vivo: foi num cinema da mesma cidade, o filme chamava-se The Life Aquatic with Steve Zissou, de Wes Anderson, e a sala encontrava-se semi-vazia (maneira pessimista de dizer que estava semi-cheia). Fernando Negrão, acompanhado de dois jovens (que presumi serem seus filhos), sentou-se nas proximidades do meu assento. Ora, este filme, que considero o melhor de Wes Anderson até hoje, termina de uma maneira muito simpática, com todas as personagens dirigindo-se juntas para o barco de Zissou, ao mesmo tempo que são apresentados os créditos finais. Após isto, Seu Jorge dá-nos uma espécie de mini-concerto filmado. É enfim um dos melhores finais de filmes de que me lembro nos últimos anos, e talvez o melhor segmento do filme. Pois quando começa este final, Fernando Negrão e os dois rapazes levantam-se e saem do cinema. Nunca percebi porquê: o que leva alguém a não querer ver o que um bom filme ainda tem para oferecer? No fundo, a duvidança é a seguinte: será a minha perplexidade perante este episódio o que me faz antipatizar largamente com Fernando Negrão?
1) Começou ontem, dia 31 de Maio, e prolongando-se até final de Julho, a primeira edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa, cujo programa até parece interessante. Mas será que se pode chamar de trienal algo que vai ocorrer pela primeira vez? Não será apenas trienal a edição segunda, passada três anos após a primeira? Caso contrário, este festival de arquitectura toma como denominação somente uma declaração de intenções...
2) Passei hoje por uma Repartição de Finanças. Ora, não é este o nome mais idiota que se pode dar a um tal serviço público? É que a palavra "repartição" remete para uma ideia de divisão e distribuição, para uma ideia de partilha. E o Fisco, mais por hábito do que por natureza, só sabe sugar riqueza para consumo do Estado. Desde quando é que o direito fiscal tem uma função redistributiva? O Estado português não partilha finanças, engole-as. Repartição de Finanças? Diria antes, Expropriação de Finanças.
3) Por incrível que pareça, na cidade de Setúbal permanecem ainda alguns cadáveres dos cartazes do PSD para a última eleição municipal (local, entenda-se), com a figura assaz sorridente de Fernando Negrão. E sempre que revejo tal figura, evoco na memória a única vez que a vi ao vivo: foi num cinema da mesma cidade, o filme chamava-se The Life Aquatic with Steve Zissou, de Wes Anderson, e a sala encontrava-se semi-vazia (maneira pessimista de dizer que estava semi-cheia). Fernando Negrão, acompanhado de dois jovens (que presumi serem seus filhos), sentou-se nas proximidades do meu assento. Ora, este filme, que considero o melhor de Wes Anderson até hoje, termina de uma maneira muito simpática, com todas as personagens dirigindo-se juntas para o barco de Zissou, ao mesmo tempo que são apresentados os créditos finais. Após isto, Seu Jorge dá-nos uma espécie de mini-concerto filmado. É enfim um dos melhores finais de filmes de que me lembro nos últimos anos, e talvez o melhor segmento do filme. Pois quando começa este final, Fernando Negrão e os dois rapazes levantam-se e saem do cinema. Nunca percebi porquê: o que leva alguém a não querer ver o que um bom filme ainda tem para oferecer? No fundo, a duvidança é a seguinte: será a minha perplexidade perante este episódio o que me faz antipatizar largamente com Fernando Negrão?
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