sexta-feira, junho 15, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 35

A propósito de algumas notícias e de uma associação de ideias:

1) Na Visão desta semana, Carlos Fiolhais afirma-se contra a construção de um aeroporto a sul do Tejo por não fazer sentido "atravessar Lisboa para lá chegar". Ora, se se construir um aeroporto a norte do Tejo, não será necessário aos milhares de pessoas que habitam a sul de Lisboa o "atravessar Lisboa para lá chegar"? Que estranha dificuldade é essa que os professores de Coimbra (também o que escreve aqui) têm em perceber que para lá da margem esquerda do Tejo ainda há mundo?

2) Joe Berardo, através de uma das suas SGPS, lançou uma OPA sobre a maioria das acções da Benfica, SAD. Muito isto se estranha, tendo em vista a fraca rentabilidade da especulação bolsista em clubes de futebol, especialmente em Portugal. Contudo, Joe Berardo é benfiquista. Porque é que o futebol teima em toldar a capacidade deliberativa dos seres humanos?

3) A propósito do segmento de Herman José que o bempelocontrario mostrou há dias, fui levado pela memória para uma sequência de gestos e objectos idiotas dos ingloriosos anos 80. Quais?:

A) Óculos escuros "de massa";
B) "Enchumaços" nos ombros;
C) Transportar o rádio do carro debaixo do braço;
D) Bolachinhas com impressões de signos do horóscopo;
E) Completa cobertura vestimental em ganga (calças, camisa, casaco);
F) Sapatos-ténis "AllStar" e "Le Coq Sportif";
G) Discos de 33 e 45 rotações de bandas masculinas com cabelos compridos até ao fim das costas;
H) Leitores ambulantes de cassettes, "walkman";
I) A "abelha Maia", o "Marco", o "D'artacão" e o "Era uma vez a vida...";
J) Excursões a Badajoz só para comprar rebuçados de pinhão.
A continuar....

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

quem nunca pecou, atire a primeiríssima pedra.

15/6/07 17:46  
Blogger José Gomes André said...

Essa dos anos 80 está bem apanhada! Eu confesso que tenho aí uns pecadilhos, em especial nos "AllStar" e "Le Coq Sportif"! E, claro, as bandas duvidosas (ainda hoje acho que o "Final Countdown", dos Europe, é "o" clássico dos anos 80)...

16/6/07 03:20  
Blogger E. A. said...

Bom dia,

Passei por aqui e quero-me insurgir contra a cruel designação de idiota atribuída ao "Era uma vez a vida", desenhos animados que, como criança nos anos 80, muito me ensinaram e entreteram. E o Dartacão, claro.
Sobre "bandas masculinas de cabelos compridos..." refere-se à masculinidade da banda ou à moda dos penteados? ainda existem! ambos. separadamente e em conjunto. :)

Cumprimentos,

17/6/07 12:07  
Anonymous Anónimo said...

Estas duvidanças estão cada vez melhores.
No que respeita ao aeroporto, dá-me a sensação que boa parte dos portugueses olha para o Sul como uma espécie de apêndice, isto é, só nos lembramos dele quando dói e, logo a seguir, procuramos saber que consequências existem se o eliminarmos cirurgicamente. Manobras como essa do aeroporto e da ponte são coerentes com esse ponto de vista. Menos coerente é a romaria anual para o Algarve, dado que têm que passar pelas diversas pontes que nos ligam a ele. E menos coerente ainda parece ser a quantidade de empreendimentos de interesse nacional (os chamados PIN) que estão previstos para sul do Tejo e que terão impactos ambientais tremendos. Se com esses ninguém se importa, não deixa de soar de forma estranha o facto de se construirem tantos empreendimentos turísticos de luxo (em áreas protegidas), para atrair essa espécie de neo-colonialistas (perdoem a expressão, embora não seja minha) do Norte da Europa, e que, nesse caso, as pontes e desertos não constituam problema. Se é certo que o aeroporto em Alcochete seria mais uma camada na extensa pilha de asneiras que o Estado português vem a acumular há muitos anos e com responsabilidades distribuídas por todos os partidos e, inclusivamente, pela sociedade civil, não é menos certo que a nossa mania das grandezas se estende até ao tamanho do nosso país e que a argumentação em favor de um aeroporto na margem direita do Tejo pouco ganha com acusações de provincianismo feitas por, esses sim, provincianos. É caso para dizer que uma ilusão nunca vem só e que o deserto, se ele existe, só pode estar na mente de quem se dá ao trabalho de cavar fossos e de criar distâncias onde elas não existem.
Quanto aos anos oitenta, tenho que juntar ao pódio do Final Countdown, o segundo lugar para o Still Loving e o terceiro para Nikita, ambos produtos de uma época que nos deu coisas que não lembram ao demónio. Ah! Ainda hoje gosto de All Stars!

Abraço

17/6/07 23:17  

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