terça-feira, junho 19, 2007

Duvidanças de uma mente curiosa, 37

A propósito de algumas expressões americanas:

1) Nos EUA é comum chamar-se ao respectivo presidente Commander in Chief (expressão curiosamente usada também pelo impagável Fidel Castro ao assinar as suas mensagens jornalísticas). Creio que o objectivo é sublinhar que a presidência equivale sobretudo ao topo da hierarquia das forças armadas do país. Mas se o presidente não estiver in chief, como em casos militares em que são exigíveis deliberações legislativas e não administrativas, será ele ainda commander?

2) Referindo-se ainda ao presidente do mesmo país, é também comum a expressão leader of the free world. Então em séries de TV como The West Wing [Os Homens do Presidente], que tentam dar um aspecto de sacralidade ao laico (ou um aspecto de laicidade ao sagrado, depende da perspectiva), a expressão é usada de cinco em cinco minutos. Pergunto eu, só com dúvidas: num certo sentido, esta expressão não é paradoxal?

3) Vendo Barack Obama no programa de Oprah Winfrey, percebo uma espécie de exigência que os americanos negros agora demonstram de serem chamados, por si e por outrem, de african-american [afro-americanos]. Mas essa expressão não é ainda racial e culturalmente discriminatória? É que se os americanos negros são "afro-americanos", então isso significa que não são simplesmente "americanos" (o que suscita desde logo em mim um espanto enorme, o de constatar que os americanos sabem o que é e onde fica África). Logo, quem serão os "americanos"? Aqueles que são brancos? É que se a ascendência cultural importa para todo o que é "americano", não deveriam os americanos brancos ser chamados de european-american? Ou o Novo Mundo traumatiza-se ainda com o fantasma do Velho Mundo?

4) Por falar em The West Wing, serei eu o único a só conseguir ver aquela série quando ela é devidamente legendada? É que os diálogos não são nada fáceis, e os actores debitam o texto como se estivessem num concurso de velocidade. Não haveria maneira de fazê-los falar um pouco mais devagar?

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A proposito de West Wing, será que, como eu, o amigo André também não se questiona se em Portugal também será assim??

Será que é o staff dos nossos governantes que lhes coloca as palavras na boca? Ou será que tanto disparate tem mesmo origem nos próprios, como aparenta?

19/6/07 21:21  
Blogger André, o campos said...

Pois, caro anónimo, yours truly já teve oportunidade de conhecer pessoalmente um ou outro assessor do PR E do PM portugueses. E daquilo que percebeu, nenhum deles é um Toby Ziegler ou um Josh Lymann, de certeza absoluta, afianço-lhe.

Mas aproveito para lhe dizer que também não acho que nos próprios EUA seja assim como na série. Depois do episódio "Scooter Libby", especialmente, e da saída estranha do último White House Chief of Staff ainda mais... Ademais, um presidente americano vencedor de um prémio Nobel?!: só mesmo numa série de TV...

20/6/07 00:23  
Blogger José Gomes André said...

Não me quero armar em defensor dos "States", mas olha que o Jimmy Carter já ganhou o Nobel! :)

20/6/07 03:09  
Blogger sofia said...

vocês vêm muita televisão... lol

20/6/07 11:39  
Blogger André, o campos said...

É verdade, Zé, mas o prémio da Paz não é o da Economia. E se calhar também é mais fácil ser-se considerado um defensor da Paz quando já se deixou de ser líder das maiores forças armadas mundiais, para mais de 30 anos.

E já agora, Sofia, porque não ver TV americana se é ali que "everything is going on"?

20/6/07 15:27  

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