Duvidanças de uma mente curiosa, 38
A propósito do Guia para o Cuidado Pastoral da Estrada, emitido a semana passada pelo Vaticano:
1) O texto divide-se em vários segmentos, sendo que o terceiro diz respeito a "Aspectos Humanos" (onde se inclui (a) escape from everyday life, (b) domination instinct, (c) vanity and personal glorification) e o quarto diz respeito a "Aspectos Morais da Condução" (onde se inclui (a) ethical aspects, (b) driving a vehicle and the risks entailed, (c) the obligatory nature of road regulations, e (d) the moral responsibility of road users). Porque é que os aspectos "humanos" são todos egoístas e moralmente vazios, e opostos aos aspectos "morais" da condução? Será então que o seguir a "moralidade" da condução é um fugir da condição de humano? Porque é que há ainda tanta insistência no pessimismo do que é natural?
2) O ponto 24 do dito documento afirma ser um facto que «a personalidade do condutor é diferente da personalidade do pedestre». Ora eu assumo-me como alguém que gosta de pensar que sabe conduzir. Mas confesso que só posso conduzir o meu automóvel quando me encontro dentro do mesmo, e confesso ainda que não habito no meu automóvel. Infelizmente, sempre que pretendo conduzir, tenho de me dirigir a pé até onde deixei o carro, que se encontra sempre numa via pública. E, enquanto o faço, torno-me pedestre. Terei assim uma múltipla personalidade?: Dr. Jekyll enquanto ando a pé, Mr. Hyde assim que entro no meu automóvel?
3) O documento inclui ainda, como seu ponto alto, um Decálogo do condutor. Que estranha preferência é essa que as gentes continuam a ter pela regulação normativa? E esta tendência para a normativização será um "aspecto humano" ou um "aspecto moral"?
4) Será que este documento é verdadeiramente aplicável a todos os Católicos? Bem me lembro de um dia conduzir pela auto-estrada em direcção a Lisboa, a uns 140 km/h (é verdade, eu violo as regras do Código da Estrada e algumas normas do Decálogo), e ser ultrapassado vigorosamente por um carro pequeno mas bem mais potente que o meu, o qual, pela velocidade da ultrapassagem, se deveria deslocar a não menos de 160 km/h. A minha mulher, que tem mais olhos para estas coisas do que eu, reparou certeira: quem conduzia o carro era o bispo da diocese da nossa área de residência. Bem prega Frei Tomás?
1) O texto divide-se em vários segmentos, sendo que o terceiro diz respeito a "Aspectos Humanos" (onde se inclui (a) escape from everyday life, (b) domination instinct, (c) vanity and personal glorification) e o quarto diz respeito a "Aspectos Morais da Condução" (onde se inclui (a) ethical aspects, (b) driving a vehicle and the risks entailed, (c) the obligatory nature of road regulations, e (d) the moral responsibility of road users). Porque é que os aspectos "humanos" são todos egoístas e moralmente vazios, e opostos aos aspectos "morais" da condução? Será então que o seguir a "moralidade" da condução é um fugir da condição de humano? Porque é que há ainda tanta insistência no pessimismo do que é natural?
2) O ponto 24 do dito documento afirma ser um facto que «a personalidade do condutor é diferente da personalidade do pedestre». Ora eu assumo-me como alguém que gosta de pensar que sabe conduzir. Mas confesso que só posso conduzir o meu automóvel quando me encontro dentro do mesmo, e confesso ainda que não habito no meu automóvel. Infelizmente, sempre que pretendo conduzir, tenho de me dirigir a pé até onde deixei o carro, que se encontra sempre numa via pública. E, enquanto o faço, torno-me pedestre. Terei assim uma múltipla personalidade?: Dr. Jekyll enquanto ando a pé, Mr. Hyde assim que entro no meu automóvel?
3) O documento inclui ainda, como seu ponto alto, um Decálogo do condutor. Que estranha preferência é essa que as gentes continuam a ter pela regulação normativa? E esta tendência para a normativização será um "aspecto humano" ou um "aspecto moral"?
4) Será que este documento é verdadeiramente aplicável a todos os Católicos? Bem me lembro de um dia conduzir pela auto-estrada em direcção a Lisboa, a uns 140 km/h (é verdade, eu violo as regras do Código da Estrada e algumas normas do Decálogo), e ser ultrapassado vigorosamente por um carro pequeno mas bem mais potente que o meu, o qual, pela velocidade da ultrapassagem, se deveria deslocar a não menos de 160 km/h. A minha mulher, que tem mais olhos para estas coisas do que eu, reparou certeira: quem conduzia o carro era o bispo da diocese da nossa área de residência. Bem prega Frei Tomás?
2 Comments:
E quem pode afirmar que o sr. Bispo não se dirigia apressadamente para ministrar uma extrema-unção? Pois é, é preciso ponderar estas mais que prováveis possibilidades...
Já agora, acrescento que D. Januário Torgal Ferreira comentou ontem este assunto para uma estação de televisão a bordo do seu carrinho, guiado por um motorista, e onde patentemente seguia SEM CINTO DE SEGURANÇA.
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