sábado, julho 14, 2007

A arte da fanfarronice (ii)

Escrevi há alguns dias sobre o surgimento de peculiares formas de expressao no Oeste americano [desculpem-me pela falta de alguns acentos]. Nao se pense que o aparecimento da figura do "declamador" se restringiu a classes baixas e a aventureiros tocados por alguma forma de loucura. Os homens da "causa pública" foram igualmente contagiados por esse espírito barroco, gongórico, quase grotesco na sua fértil imaginacao. Veja-se o exemplo deste discurso de campanha de um candidato no Oregon, em 1858:

"Concidadãos, tanto podem tentar secar o oceano Atlântico com uma palhinha ou tirar este pódio de debaixo dos meus pés com um moscardo couraçado, como tentar convencer-me de que não vou ganhar estas eleições. O meu adversário não tem hipótese nenhuma, nem vestígios. Não tem o intelecto de um sável de tamanho normal. Amigos, eu sou uma parelha de bois com dois buldogues debaixo do carro e um balde de alcatrão, sou mesmo. Se há alguém neste lado do mundo debaixo do Sol que me possa bater, que se mostre, estou preparado. Rapazes, eu defendo a águia americana, garras, estrelas, listas e tudo, e aposto os meus botões em como sou capaz de bater quem quer que o negue!" (Daniel Boorstin, Os Americanos, vol. II, trad. port., p. 289)

Etiquetas: