terça-feira, julho 17, 2007

Eleições em Lisboa (i): o delírio

Ouvimos todo o género de intervenções políticas sobre as eleições de domingo: a leitura dos resultados, a tomada de decisões pessoais, o anúncio de projectos eleitorais, a análise do futuro dos partidos. Todavia, o melhor estava reservado para uma análise da autoria de Marina Ferreira, a antiga vereadora da Mobilidade no executivo, e actualmente presidente da Comissão Administrativa da Câmara de Lisboa. A número 4 da anterior lista de Carmona disse de sua justiça:

“A elevada percentagem de abstenção é uma prova de tranquilidade face ao sistema político [...]. Foi positivo os lisboetas acharem que os doze candidatos não constituíam uma ameaça para a gestão da cidade e não sentirem a necessidade imperiosa de recorrer às urnas.”

Leio duas, três, quatro vezes. “Foi positivo os lisboetas acharem que os doze candidatos não constituíam uma ameaça para a gestão da cidade”. Leio outra vez e não quero acreditar. Quando se pensa que a política bateu no fundo, descobrimos que afinal o poço é ainda maior: chegámos à situação em que o facto de os candidatos a cargos públicos não serem uma ameaça para a população é em si mesmo um motivo de regozijo e aplauso. Definitivamente, o mundo acabou há muito, e tudo isto não passa de um pesadelo surrealista.

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