segunda-feira, julho 23, 2007

O Ouro do Reno (I)


O país que mais vezes visitei foi a Alemanha. É um destino bastante improvável para a esmagadora maioria dos portugueses: não tem boas praias, não tem boa comida, não tem destinos urbanos excepcionais (tirando Berlim), é um país frio, a língua é rude e geralmente incompreensível (mesmo para quem saiba um pouco de alemão), e os alemães não são particularmente conhecidos pela sua simpatia e boa disposição para com os estrangeiros.

Não obstante, viajei pela Alemanha ao longo de quase quatro meses (repartidos por várias estadias), conhecendo diversas regiões e passeando por cerca de vinte cidades. E nunca me arrependi. A Alemanha tem a vantagem do desconhecido e, como tal, a virtude de nos poder surpreender – um bem cada vez mais raro para quem gosta de viajar. Roma, Barcelona, Londres, Paris, Nova Iorque, Caraíbas e o Nordeste brasileiro têm um inquestionável encanto, mas é difícil falar delas como uma experiência verdadeiramente nova. Estas belas cidades e regiões já não nos admiram, porque fazem parte de uma mundividência que impregna o nosso dia-a-dia. Pelo contrário, a Alemanha, embora seja um país grande e relativamente próximo, é para nós ainda em grande medida uma incógnita. E é esse carácter recôndito – sem dúvida paradoxal num mundo globalizado e numa Europa unida – que tem ainda a incrível capacidade de nos espantar.

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1 Comments:

Blogger sofia said...

vou repensar.. why not?

25/7/07 14:24  

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