Os filmes mais agradáveis, um a um (I)
A) Shichinin no samurai [Os 7 Samurais] (1954), de Akira Kurosawa:
- Visto em VHS, com uns auscultadores enormes nas orelhas, na biblioteca da universidade da minha mulher. Tendo já visto Os 7 Magníficos, o western de qualidade duvidosa cheio de estrelas de Hollywood, não sabia o que esperar. Mas o que vi deixou-me estarrecido. Os sete samurais são homens de honra, dispostos a sacrificar as suas vidas sem recompensas outras que não o reconhecimento de outrem e o cumprimento fiel de um modelo de vida pré-estabelecido como bom. No final, diz a personagem principal: "Mais uma vez perdemos, quem ganhou foram os camponeses, não nós". É que o samurai é o símbolo da total abnegação para o outro: dá-se na perda de si para o ganho do outro, e é portanto a humanização em corpo do sacrifício. Todo o filme é um hino à fortitude de ânimo que despreza o aniquilamento próprio em busca da salvação do outro. O que, no fundo, torna-o num filme intrinsecamente religioso, sem religião. É de longe o melhor filme oriental que já vi. A obra-prima (nunca a expressão se aplicou tão bem) de Kurosawa.
- Visto em VHS, com uns auscultadores enormes nas orelhas, na biblioteca da universidade da minha mulher. Tendo já visto Os 7 Magníficos, o western de qualidade duvidosa cheio de estrelas de Hollywood, não sabia o que esperar. Mas o que vi deixou-me estarrecido. Os sete samurais são homens de honra, dispostos a sacrificar as suas vidas sem recompensas outras que não o reconhecimento de outrem e o cumprimento fiel de um modelo de vida pré-estabelecido como bom. No final, diz a personagem principal: "Mais uma vez perdemos, quem ganhou foram os camponeses, não nós". É que o samurai é o símbolo da total abnegação para o outro: dá-se na perda de si para o ganho do outro, e é portanto a humanização em corpo do sacrifício. Todo o filme é um hino à fortitude de ânimo que despreza o aniquilamento próprio em busca da salvação do outro. O que, no fundo, torna-o num filme intrinsecamente religioso, sem religião. É de longe o melhor filme oriental que já vi. A obra-prima (nunca a expressão se aplicou tão bem) de Kurosawa.
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