Scolari, o intocável
Se há alguém em Portugal que construiu nos últimos anos uma extraordinária e bem sucedida operação de marketing, esse alguém é Luiz Filipe Scolari. Confesso que não conheço nenhum exemplo no nosso país de uma pessoa tão idolatrada e alvo de uma tão grande complacência e condescendência por parte dos jornalistas.
Há mais de um ano que a selecção portuguesa não obtém uma vitória assinalável, ocupando neste momento o terceiro lugar no seu grupo de qualificação para o Euro 2008, atrás da Polónia e da modesta Finlândia – tendo já efectuado oito jogos. Ontem, empatou com a ridícula Arménia, uma das mais fracas equipas do continente, numa exibição patética. Para piorar as coisas, Scolari levantou suspeitas indignas sobre a condição física dos arménios, sugerindo que os nossos adversários recorreram ao doping.
E no entanto, no dia seguinte não há uma única peça jornalística de indignação, espanto, ou até mesmo de preocupação. Os jornais generalistas quase que omitem o facto, os desportivos escondem a notícia em cantos da primeira página e pouco espaço dedicam ao caso. Durante a transmissão do jogo, os comentadores repetiram até à exaustão que a Polónia tinha perdido na Arménia e portanto o resultado não era mau de todo. Como se houvesse comparação possível. O tom geral é de relativização e desresponsabilização.
É só futebol e o caso não é grave. Mas preocupa-me esta apatia jornalística – que infelizmente se estende à política e à sociedade em geral – sinal de que as pessoas estão cada vez mais rendidas a um conformismo quotidiano em relação a tudo o que as rodeia.
Há mais de um ano que a selecção portuguesa não obtém uma vitória assinalável, ocupando neste momento o terceiro lugar no seu grupo de qualificação para o Euro 2008, atrás da Polónia e da modesta Finlândia – tendo já efectuado oito jogos. Ontem, empatou com a ridícula Arménia, uma das mais fracas equipas do continente, numa exibição patética. Para piorar as coisas, Scolari levantou suspeitas indignas sobre a condição física dos arménios, sugerindo que os nossos adversários recorreram ao doping.
E no entanto, no dia seguinte não há uma única peça jornalística de indignação, espanto, ou até mesmo de preocupação. Os jornais generalistas quase que omitem o facto, os desportivos escondem a notícia em cantos da primeira página e pouco espaço dedicam ao caso. Durante a transmissão do jogo, os comentadores repetiram até à exaustão que a Polónia tinha perdido na Arménia e portanto o resultado não era mau de todo. Como se houvesse comparação possível. O tom geral é de relativização e desresponsabilização.
É só futebol e o caso não é grave. Mas preocupa-me esta apatia jornalística – que infelizmente se estende à política e à sociedade em geral – sinal de que as pessoas estão cada vez mais rendidas a um conformismo quotidiano em relação a tudo o que as rodeia.
1 Comments:
O problema não é a apatia jornalística, é o conformismo individual, o cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas como cantava Sérgio Godinho.
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