Duvidanças de uma mente curiosa, 62
A propósito do "episódio" Larry Craig:
- Um senador dos EUA pelo Partido Republicano, Larry Craig, dando nas vistas pelas suas posições políticas contra direitos civis relativos a orientação sexual monogenérica (homossexualidade, entenda-se), demitiu-se recentemente por ter vindo a público o facto de ter mantido "relações impróprias" num mictório do aeroporto de Minneapolis com um polícia à paisana (que pelos vistos tem como profissão o percorrer de casas de banho abertas ao público, em busca de "malandros violadores dos bons costumes": free enough for you?). Para além do divertimento inerente ao episódio, ou da hipocrisia nele presente, é impressão minha ou isto é só mais uma prova de que os mais encarniçados inimigos da homossexualidade têm qualquer coisa de interessantíssimo a esconder no interior das suas mentes?
A propósito da privatização parcial da REN:
- Parece que tudo o que seja bem público passível de gestão empresarial (pública, semi-pública ou privada) pode ser vendido a retalho através da privatização das respectivas empresas. A REN é a senhora que se segue: e parece também que já não há muito mais que vender (a CGD, e pouco mais). Por este andar, até aquilo a que chamamos "rua" será também gerido por empresas de capitais privados. E porquê parar aí?: já que estamos com a mão na massa, venda-se o Estado, as câmaras municipais, as juntas de freguesia, os governos civis... Não seríamos todos mais felizes se em vez de vivermos em Portugal vivêssemos no Wal-Mart?
- Um senador dos EUA pelo Partido Republicano, Larry Craig, dando nas vistas pelas suas posições políticas contra direitos civis relativos a orientação sexual monogenérica (homossexualidade, entenda-se), demitiu-se recentemente por ter vindo a público o facto de ter mantido "relações impróprias" num mictório do aeroporto de Minneapolis com um polícia à paisana (que pelos vistos tem como profissão o percorrer de casas de banho abertas ao público, em busca de "malandros violadores dos bons costumes": free enough for you?). Para além do divertimento inerente ao episódio, ou da hipocrisia nele presente, é impressão minha ou isto é só mais uma prova de que os mais encarniçados inimigos da homossexualidade têm qualquer coisa de interessantíssimo a esconder no interior das suas mentes?
A propósito da privatização parcial da REN:
- Parece que tudo o que seja bem público passível de gestão empresarial (pública, semi-pública ou privada) pode ser vendido a retalho através da privatização das respectivas empresas. A REN é a senhora que se segue: e parece também que já não há muito mais que vender (a CGD, e pouco mais). Por este andar, até aquilo a que chamamos "rua" será também gerido por empresas de capitais privados. E porquê parar aí?: já que estamos com a mão na massa, venda-se o Estado, as câmaras municipais, as juntas de freguesia, os governos civis... Não seríamos todos mais felizes se em vez de vivermos em Portugal vivêssemos no Wal-Mart?
3 Comments:
Pois eu concordo que vendam tudo. Só assim penso que podemos finalmente ter gestores que sejam responsáveis pelo que fazem e não autarcas e 'boys' que trabalham só para tirar para si o máximo proveito no menor tempo possivel.
Se na empresa onde trabalho exigem-me resultados e que, no minimo, cumpra os orçamentos que me são colocados, porque é que nas autarquias, juntas de freguesia e na generalidade das empresas públicas existem 'derrapagens', desvios de milhões de euros e ninguém é responsabilizado?
O modelo de gestão empresarial da maioria das empresas portuguesas deveria ser igualmente adoptado em todos os organismos de estado e empresas públicas. Só assim se evitariam os resultados dos relatórios da IGF e do Tribunal de Contas que, na minha opinião, são uma autêntica gozação com quem paga anualmente os seus impostos e que se falhar com 1€ tem logo uma carta registada da repartição de finanças mais perto.
Exmo semi-homónimo, creio ser legítimo elaborar alguns apontamentos:
1) Portugal nunca foi muito amigo de uma cultura da responsabilidade, e o Estado, assim como os organismos dele dependentes, não sendo senão espelho do povo que há, acaba por ser a máscara dessa ausência.
2) Como o meu amigo sabe melhor que eu, as empresas servem um único propósito primário: o lucro. A forma da actividade como esse lucro é obtido não é senão o propósito secundário das ditas. Ora sucede que a própria noção de "coisa pública" remete não para aquilo que pode ser tornado lucrativo ("re-produtivo"), mas para aquilo que pode ser tornado disponível "ao público". Logo, os propósitos políticos nunca coincidirão com os empresariais, pelo que a assimilação mútua de modelos de gestão terá de permanecer no domínio da analogia.
3) Tenho a certeza absoluta, porque creio conhecê-lo bem, que o meu amigo se insurgiria contra qualquer omni-gestão de coisa pública do seu país que se estruturasse como a generalidade das empresas portuguesas: micro-sociedades patriarcais, autoritárias, conservadoras, cegas à participação, fomentadoras de um estilo quasi-militar de actuação.
4) O meu amigo só pode estar a brincar quando invoca os modelos empresariais portugueses como exemplos de responsabilidade pelos resultados. Bem sei que o meu amigo é despedido se não apresentar o lucro que o seu patrão pretende. Mas desde quando é que o seu patrão responde perante os pequenos accionistas quando toma decisões danosas?; e desde quando o seu patrão responderia perante os consumidores se não houvesse uma entidade extra-empresarial enquadrando as suas acções na obtenção do lucro?
5) Em rigor, não é verdade que não haja mecanismos de responsabilização das gestões públicas: são as eleições. Que em teoria são bem melhores que a possibilidade de despedimentos postas nas mãos de compadres mais ou menos bem colocados no topo da hierarquia das empresas.
6) Bem sei que não vamos concordar com isto, pois já o discutimos várias vezes. Mas, com mil diabos, somos ou não somos uma família que cultiva a liberdade de opinião?
Seia honesto consigo mesmo e continue com o que deveria dizer sobre o citado caso:
"Entre outras coisas, o ex-senador Craig foi um dos mais severos críticos do ex-presidente Clinton no caso Lewinski, por "conduta imoral."
Ah! que doe? pois é...
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