quarta-feira, setembro 05, 2007

Os filmes mais agradáveis, um a um (II)

B) Il Gattopardo [O Leopardo] (1963), de Luchino Visconti:

- Tendo lido o romance de Lampedusa antes do visionamento do filme, não sabia o que esperar. O romance fora uma revelação daquelas que nos forçam a franzir o sobrolho quando chegamos à última página. Ainda hoje penso que o capítulo da morte do príncipe de Salina constitui as páginas mais belas de figuração da morte de uma personagem que alguma vez li. Mas felizmente o filme de Visconti não adapta a obra literária, mas propõe-se ser obra cinematográfica por si só: tudo naquele filme funciona bem, e até Burt Lancaster consegue ser credível como príncipe; a fotografia é extraordinária, o guarda-roupa, a maneira fluída como a história do Leopardo passa por nós... Mas fiquei sobretudo satisfeito quando notei que o filme termina precisamente quando o príncipe sai da festa final e passeia sozinho até casa, ou seja, no exacto ponto anterior ao da sua morte no romance. Como se na feitura do filme se anunciasse: "as páginas da morte do príncipe são tão belas e perfeitas que são em si intransponíveis para cinema". Visconti conseguiu assim a proeza de ter sido o único realizador a fazer um óptimo filme a partir de um óptimo livro: sem dúvida um dos melhores filmes do cinema italiano.

1 Comments:

Blogger sofia said...

adorei o livro. também foi uma descoberta intensa. nessas listas de verão, pode ser considerado como um dos livros da minha vida.
mas o filme? talvez me falte alguma cultura cinéfila, mas aquilo nunca mais acabava... ia com altíssimas expectativas (vi a reposição no nimas há dois ou tres anos) porque os criticos não diziam outra coisa senão a genialidade do filme. e pois... não é decerto um dos filmes da minha vida

5/9/07 17:22  

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