Propaganda pura
Lê-se e não se acredita. Eis alguns excertos laudatórios ao “querido líder” Sócrates, a propósito do seu 50º aniversário:
“Nos anos finais do liceu, Sócrates ficou deslumbrado no contacto com os textos filosóficos. Ainda hoje reconhece o impacto que teve na sua visão do mundo as leituras dos clássicos gregos e os textos do humanismo existencialista.” [Sócrates, o filósofo]
“O gosto pelo pensamento abstracto conduziu-o rapidamente à poesia. [...] lia e relia poemas que seleccionava cuidadosamente, e que adorava citar a quem queria impressionar.” [Sócrates, o lírico]
“O regime de serviços comunitários não entusiasmou o jovem Sócrates, mas também não o parece ter incomodado muito. Ficou-lhe tempo livre para se iniciar na arte de seduzir o sexo oposto.” [Sócrates, o galã]
“Os livros não tinham o monopólio da atenção intelectual de Sócrates. O cinema invadiu-lhe o espírito e o italiano Fellini era o alvo principal das discussões apaixonadas que gostava de alimentar [...]” [Sócrates, o cinéfilo]
“Sócrates ainda hoje se gaba de ter sido o primeiro deputado a falar de sida e a defender que se devia perseguir a doença e não o doente” [Sócrates, o inovador compassivo]
“Karl Popper acentuou a simpatia de Sócrates pela social-democracia e pelos valores da tolerância democrática numa sociedade aberta. O deputado devorou a obra do pensador austríaco [...]” [Sócrates, o intelectual democrata]
“[...] chegou a ministro-adjunto do primeiro-ministro e rapidamente encontrou uma agenda própria. O combate à droga tornou-se ponto prioritário: expandiu o uso de metadona para toxicodependentes e impulsionou um programa de troca de seringas. O político moldava o seu estilo.” [Sócrates, o reformador]
“Sócrates acreditava em que conseguiria tudo a que se propunha. Os sucessos políticos aumentavam-lhe a autoconfiança [...]” [Sócrates, o lutador]
“Sócrates fez sempre questão de acompanhar os trabalhos de casa de José Miguel e de Eduardo [os filhos]. Mesmo com a agenda mais ocupada, gosta de dizer que nunca perde um compromisso relevante com os filhos.” [Sócrates, o pai exemplar]
“A campanha para as eleições legislativas de 2005 decorreu num clima de grande tensão. Declarações do líder do PSD e cartazes da JSD [...] lançaram suspeitas sobre aspectos da vida pessoal do secretário-geral do PS.” [Sócrates, a vítima]
“Acabado de chegar ao poder, Sócrates parecia decidido em rapidamente pôr em prática as promessas eleitorais mais delicadas. A permissão de venda de medicamentos que não necessitassem de receita médica fora das farmácias levantou um coro de protestos dos farmacêuticos. Ele foi inflexível.” [Sócrates, o político inabalável]
Estaremos perante trechos da sua biografia oficial? Excertos do site do Partido Socialista? Passagens de uma peça teatral encomendada por Jorge Coelho? Nada disso. Trata-se de uma reportagem feita pelo Expresso, o semanário com maior tiragem em Portugal. Um exemplo notável de independência e isenção jornalística.
“Nos anos finais do liceu, Sócrates ficou deslumbrado no contacto com os textos filosóficos. Ainda hoje reconhece o impacto que teve na sua visão do mundo as leituras dos clássicos gregos e os textos do humanismo existencialista.” [Sócrates, o filósofo]
“O gosto pelo pensamento abstracto conduziu-o rapidamente à poesia. [...] lia e relia poemas que seleccionava cuidadosamente, e que adorava citar a quem queria impressionar.” [Sócrates, o lírico]
“O regime de serviços comunitários não entusiasmou o jovem Sócrates, mas também não o parece ter incomodado muito. Ficou-lhe tempo livre para se iniciar na arte de seduzir o sexo oposto.” [Sócrates, o galã]
“Os livros não tinham o monopólio da atenção intelectual de Sócrates. O cinema invadiu-lhe o espírito e o italiano Fellini era o alvo principal das discussões apaixonadas que gostava de alimentar [...]” [Sócrates, o cinéfilo]
“Sócrates ainda hoje se gaba de ter sido o primeiro deputado a falar de sida e a defender que se devia perseguir a doença e não o doente” [Sócrates, o inovador compassivo]
“Karl Popper acentuou a simpatia de Sócrates pela social-democracia e pelos valores da tolerância democrática numa sociedade aberta. O deputado devorou a obra do pensador austríaco [...]” [Sócrates, o intelectual democrata]
“[...] chegou a ministro-adjunto do primeiro-ministro e rapidamente encontrou uma agenda própria. O combate à droga tornou-se ponto prioritário: expandiu o uso de metadona para toxicodependentes e impulsionou um programa de troca de seringas. O político moldava o seu estilo.” [Sócrates, o reformador]
“Sócrates acreditava em que conseguiria tudo a que se propunha. Os sucessos políticos aumentavam-lhe a autoconfiança [...]” [Sócrates, o lutador]
“Sócrates fez sempre questão de acompanhar os trabalhos de casa de José Miguel e de Eduardo [os filhos]. Mesmo com a agenda mais ocupada, gosta de dizer que nunca perde um compromisso relevante com os filhos.” [Sócrates, o pai exemplar]
“A campanha para as eleições legislativas de 2005 decorreu num clima de grande tensão. Declarações do líder do PSD e cartazes da JSD [...] lançaram suspeitas sobre aspectos da vida pessoal do secretário-geral do PS.” [Sócrates, a vítima]
“Acabado de chegar ao poder, Sócrates parecia decidido em rapidamente pôr em prática as promessas eleitorais mais delicadas. A permissão de venda de medicamentos que não necessitassem de receita médica fora das farmácias levantou um coro de protestos dos farmacêuticos. Ele foi inflexível.” [Sócrates, o político inabalável]
Estaremos perante trechos da sua biografia oficial? Excertos do site do Partido Socialista? Passagens de uma peça teatral encomendada por Jorge Coelho? Nada disso. Trata-se de uma reportagem feita pelo Expresso, o semanário com maior tiragem em Portugal. Um exemplo notável de independência e isenção jornalística.
Etiquetas: Expresso, José Sócrates, propaganda
1 Comments:
Jornalismo? Aquilo sugere publicidade redigida - e pode-se imaginar quem a encomendou.
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