Duvidanças de uma mente curiosa, 70
A propósito da nova basílica em Fátima:
1) Em idos tempos de adolescência, quando arrastado em passagens por Fátima, o mais fascinante para mim sempre foi o colocar-me na escadaria da menos recente basílica observando o comportamento das pessoas lá em baixo no recinto. Creio ter aprendido algumas coisas nessas observações. Mas, jovem imberbe, a ingenuidade dominava-me: perante umas caixas com a indicação idílica de "Pão para os Pobres", imaginava eu umas freirinhas tirando solícitas as moedas da caixa, pagando a um padeiro, o qual fabricaria e distribuiria sem custos para o consumidor pães saloios e carcaças, a serem comidos por pessoas com fracas declarações de rendimentos em sede de IRS... Como cria depender a virtude pessoal de uma noção cristã de caridade, sempre me desviava discretamente da minha companhia, e lá colocava sozinho umas moedinhas de boa-vontade. Hoje, crendo que a única coisa saloia envolvida fora a minha boa-vontade, ao saber que a nova basílica custara à Igreja Católica 70 milhões de euros, tendo sido integralmente paga com donativos dos "peregrinos", pergunto-me se não terei durante anos ajudado a pagar a dita basílica. Se sim, deverei então esperar pelo correio o envio do título de propriedade sobre a minha percentagem no edifício?
2) Nem me incomodam as intermináveis maratonas televisivas sobre Fátima e o culto mariano envolvente. Simplesmente, não vejo, quem gosta que veja. Mas porque é que os jornalistas e apresentadores televisivos de todos os canais insistem em afirmar Nossa Senhora de Fátima? Independentemente de quem tenha legitimidade para usar um pronome possessivo sobre a dita Senhora, o que mais me intriga é o uso da primeira pessoa do plural no dito pronome: quem é este nós?: os católicos?, a televisão?, os portugueses? É que consta que há gente portuguesa a ver que não é católica e que paga alguma da televisão de bodega que se faz neste país. Trate-se a Senhora com o devido respeito que merece: mas que se não obrigue quem não quer a ser seu servo...
1) Em idos tempos de adolescência, quando arrastado em passagens por Fátima, o mais fascinante para mim sempre foi o colocar-me na escadaria da menos recente basílica observando o comportamento das pessoas lá em baixo no recinto. Creio ter aprendido algumas coisas nessas observações. Mas, jovem imberbe, a ingenuidade dominava-me: perante umas caixas com a indicação idílica de "Pão para os Pobres", imaginava eu umas freirinhas tirando solícitas as moedas da caixa, pagando a um padeiro, o qual fabricaria e distribuiria sem custos para o consumidor pães saloios e carcaças, a serem comidos por pessoas com fracas declarações de rendimentos em sede de IRS... Como cria depender a virtude pessoal de uma noção cristã de caridade, sempre me desviava discretamente da minha companhia, e lá colocava sozinho umas moedinhas de boa-vontade. Hoje, crendo que a única coisa saloia envolvida fora a minha boa-vontade, ao saber que a nova basílica custara à Igreja Católica 70 milhões de euros, tendo sido integralmente paga com donativos dos "peregrinos", pergunto-me se não terei durante anos ajudado a pagar a dita basílica. Se sim, deverei então esperar pelo correio o envio do título de propriedade sobre a minha percentagem no edifício?
2) Nem me incomodam as intermináveis maratonas televisivas sobre Fátima e o culto mariano envolvente. Simplesmente, não vejo, quem gosta que veja. Mas porque é que os jornalistas e apresentadores televisivos de todos os canais insistem em afirmar Nossa Senhora de Fátima? Independentemente de quem tenha legitimidade para usar um pronome possessivo sobre a dita Senhora, o que mais me intriga é o uso da primeira pessoa do plural no dito pronome: quem é este nós?: os católicos?, a televisão?, os portugueses? É que consta que há gente portuguesa a ver que não é católica e que paga alguma da televisão de bodega que se faz neste país. Trate-se a Senhora com o devido respeito que merece: mas que se não obrigue quem não quer a ser seu servo...
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