Os filmes mais agradáveis, um a um (VI)
F) Simón del desierto (1965), de Luis Buñuel:
- Esta poderá parecer a mais estranha escolha para figurar nesta lista. Só muito a custo e proporcional benevolência entrando na categoria de longa-metragem (45 minutos), tem este filme um final um pouco abrupto, provavelmente por problemas financeiros na produção do filme durante a própria rodagem. À partida, um filme sobre S. Simão Estilita não pareceria de grande promessa, tendo em vista que o que celebrizou o santo foi precisamente o ter vivido durante 37 anos no topo de uma coluna, em contemplação abnegatória. O filme aliás nem se preocupa com o porquê de tal estranho comportamento: inicia-se já com Simão no topo da coluna, e desenrola-se todo nesse cenário. A narrativa resume-se ao conjunto de tentações com que o Diabo alicia Simão até à sua eventual renúncia da coluna. O final, contudo, apresenta-se-nos como o mais inesperado dos finais: um Simão limpo e aprumado, acompanhando o Diabo num bar speak-easy de Nova Iorque, escutando um concerto de jazz...
Quando o vi, pensei "que merda de filme!", mas forçou-me a pensar nele tantas vezes - a extraordinária psiké de alguém que se propõe passar o resto da sua vida numa coluna, mais a coragem em tom de desafio com que Buñuel coloca o Diabo numa posição final de vencedor (uma queda sem pecado), fascinaram-me a cada dia passando - que não posso deixar de contá-lo numa lista de filmes marcantes.
- Esta poderá parecer a mais estranha escolha para figurar nesta lista. Só muito a custo e proporcional benevolência entrando na categoria de longa-metragem (45 minutos), tem este filme um final um pouco abrupto, provavelmente por problemas financeiros na produção do filme durante a própria rodagem. À partida, um filme sobre S. Simão Estilita não pareceria de grande promessa, tendo em vista que o que celebrizou o santo foi precisamente o ter vivido durante 37 anos no topo de uma coluna, em contemplação abnegatória. O filme aliás nem se preocupa com o porquê de tal estranho comportamento: inicia-se já com Simão no topo da coluna, e desenrola-se todo nesse cenário. A narrativa resume-se ao conjunto de tentações com que o Diabo alicia Simão até à sua eventual renúncia da coluna. O final, contudo, apresenta-se-nos como o mais inesperado dos finais: um Simão limpo e aprumado, acompanhando o Diabo num bar speak-easy de Nova Iorque, escutando um concerto de jazz...
Quando o vi, pensei "que merda de filme!", mas forçou-me a pensar nele tantas vezes - a extraordinária psiké de alguém que se propõe passar o resto da sua vida numa coluna, mais a coragem em tom de desafio com que Buñuel coloca o Diabo numa posição final de vencedor (uma queda sem pecado), fascinaram-me a cada dia passando - que não posso deixar de contá-lo numa lista de filmes marcantes.
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