A Esquerda revela-se
Nos últimos anos, comunistas e partidários da extrema-esquerda têm-se empenhado na construção de uma imagem mais moderada, procurando apresentar-se como forças credíveis, defensores dos trabalhadores, da paz e dos direitos sociais – temas que naturalmente agradam à maioria da população. Este marketing político vive também naturalmente daquilo que se oculta, e a Esquerda radical tem evitado ao máximo pronunciar-se sobre os seus ideais políticos mais extremados (a difícil relação com a liberdade religiosa e a liberdade de imprensa; a crítica aos compromissos internacionais, nomeadamente ao projecto europeu; o horror ao multipartidarismo).
Aos poucos vai-se criando a ideia de que a Esquerda radical mudou, tendo abandonado a visão comunista e trotskista do passado, e reconhecido os princípios basilares do pluralismo democrático. Nada mais falso. Por estes dias, e a propósito da comemoração dos 90 anos da Revolução Russa e dos 18 anos da queda do Muro de Berlim, comunistas e bloquistas baixaram as defesas e deixaram cair a máscara. A Esquerda radical revela por fim a sua verdadeira identidade. Deixo-vos três interessantes exemplos (sublinhados meus):
1. Manuel Gusmão, dirigente do PCP: “A grande revolução [Russa] [...] entrega o poder àqueles que sempre dele tinham sido afastados e o tinham apenas sofrido, começa a construir um sistema político que une as dimensões representativa e participativa da democracia [...]. a revolução leva à escrita povos que a não tinham [...], cria as condições do desenvolvimento científico e abre as portas a um florescimento artístico e cultural incomparável.”
“A revolução de Outubro é odiada porque ela continua a indicar o caminho, continua a significar que existe uma alternativa à barbárie capitalista, o socialismo e o comunismo. A Revolução de Outubro de 1917 continua a dizer-nos que um outro mundo será possível, na liberdade e na democracia, na justiça e no bem-estar social, com o poder dos trabalhadores e a emancipação social, com a criação cultural socialmente apropriada, com o socialismo.”
2. Miguel Portas, dirigente do Bloco de Esquerda, acerca do mesmo tema: “o «socialismo real» representou, nas condições históricas e geográficas assinaladas, o modo como a Oriente se concretizou o Contrato Social que ainda hoje marca a nossa História a Ocidente. Foi o modo como, em condições de subdesenvolvimento, se processou o salto para a Modernidade.”
3. Correia da Fonseca, dirigente do PCP, sobre o Muro de Berlim: “[Em 1961] Berlim era, pois, a um tempo, canal de hemorragia e via de livre infecção, e isto em plena situação do que se chamou Guerra Fria. Para estancar a hemorragia e travar a infecção foi erguida uma barreira que permitisse controlar entradas e saídas. Ficou conhecida como o Muro de Berlim e foi levantada a 13 de Agosto de 61. [...] o Muro foi o recurso possível para que um Estado internacionalmente reconhecido, a República Democrática Alemã, pudesse defender-se de uma permanente invasão «branca» e de um constante fluxo de emigração ilegal.”
Estas pessoas existem. Nem décadas de violência, nem os milhões de execuções bárbaras ordenadas por Estaline, nem a corrupção dos regimes comunistas – onde não havia lugar para a liberdade de expressão, de imprensa, de consciência e de movimento, onde não havia lugar para a oposição democrática ou para a crítica, onde não havia lugar para eleições livres, nem para o multipartidarismo, onde se praticava a tortura e a expropriação arbitrária, onde existiam julgamentos sumários sem o reconhecimento dos direitos jurídicos básicos, e onde triunfou a miséria e a pobreza – nada disto os comove. É bom conhecer a verdadeira natureza dos comunistas e da extrema-esquerda portuguesa.
:: Ver também os textos de Daniel Oliveira (“o que aquela revolução provocou em todo o Planeta foi qualquer coisa de absolutamente inédito na história da humanidade. [...] celebro aqui hoje esse momento em que tudo pareceu possível e o que essa simples esperança fez pela dignidade de milhões de homens e mulheres em todo o planeta.”) e de Vítor Dias (“a substituição do capitalismo pelo socialismo [...], continua inscrita como uma possibilidade real e como a mais sólida perspectiva de evolução da humanidade.").
Aos poucos vai-se criando a ideia de que a Esquerda radical mudou, tendo abandonado a visão comunista e trotskista do passado, e reconhecido os princípios basilares do pluralismo democrático. Nada mais falso. Por estes dias, e a propósito da comemoração dos 90 anos da Revolução Russa e dos 18 anos da queda do Muro de Berlim, comunistas e bloquistas baixaram as defesas e deixaram cair a máscara. A Esquerda radical revela por fim a sua verdadeira identidade. Deixo-vos três interessantes exemplos (sublinhados meus):
1. Manuel Gusmão, dirigente do PCP: “A grande revolução [Russa] [...] entrega o poder àqueles que sempre dele tinham sido afastados e o tinham apenas sofrido, começa a construir um sistema político que une as dimensões representativa e participativa da democracia [...]. a revolução leva à escrita povos que a não tinham [...], cria as condições do desenvolvimento científico e abre as portas a um florescimento artístico e cultural incomparável.”
“A revolução de Outubro é odiada porque ela continua a indicar o caminho, continua a significar que existe uma alternativa à barbárie capitalista, o socialismo e o comunismo. A Revolução de Outubro de 1917 continua a dizer-nos que um outro mundo será possível, na liberdade e na democracia, na justiça e no bem-estar social, com o poder dos trabalhadores e a emancipação social, com a criação cultural socialmente apropriada, com o socialismo.”
2. Miguel Portas, dirigente do Bloco de Esquerda, acerca do mesmo tema: “o «socialismo real» representou, nas condições históricas e geográficas assinaladas, o modo como a Oriente se concretizou o Contrato Social que ainda hoje marca a nossa História a Ocidente. Foi o modo como, em condições de subdesenvolvimento, se processou o salto para a Modernidade.”
3. Correia da Fonseca, dirigente do PCP, sobre o Muro de Berlim: “[Em 1961] Berlim era, pois, a um tempo, canal de hemorragia e via de livre infecção, e isto em plena situação do que se chamou Guerra Fria. Para estancar a hemorragia e travar a infecção foi erguida uma barreira que permitisse controlar entradas e saídas. Ficou conhecida como o Muro de Berlim e foi levantada a 13 de Agosto de 61. [...] o Muro foi o recurso possível para que um Estado internacionalmente reconhecido, a República Democrática Alemã, pudesse defender-se de uma permanente invasão «branca» e de um constante fluxo de emigração ilegal.”
Estas pessoas existem. Nem décadas de violência, nem os milhões de execuções bárbaras ordenadas por Estaline, nem a corrupção dos regimes comunistas – onde não havia lugar para a liberdade de expressão, de imprensa, de consciência e de movimento, onde não havia lugar para a oposição democrática ou para a crítica, onde não havia lugar para eleições livres, nem para o multipartidarismo, onde se praticava a tortura e a expropriação arbitrária, onde existiam julgamentos sumários sem o reconhecimento dos direitos jurídicos básicos, e onde triunfou a miséria e a pobreza – nada disto os comove. É bom conhecer a verdadeira natureza dos comunistas e da extrema-esquerda portuguesa.
:: Ver também os textos de Daniel Oliveira (“o que aquela revolução provocou em todo o Planeta foi qualquer coisa de absolutamente inédito na história da humanidade. [...] celebro aqui hoje esse momento em que tudo pareceu possível e o que essa simples esperança fez pela dignidade de milhões de homens e mulheres em todo o planeta.”) e de Vítor Dias (“a substituição do capitalismo pelo socialismo [...], continua inscrita como uma possibilidade real e como a mais sólida perspectiva de evolução da humanidade.").
7 Comments:
A velocidade com que este blog tem passado de uma análise descomplexada, fundada e refrescante da actualidade, para um discurso demagógico e excessivamente ideológico, é avassaladora e desconcertante. E isto não acontece só ao nível das críticas à esquerda. É transversal, vem a agudizar-se e tem implicado, infelizmente, a queda recorrente no soundbyte e no lugar-comum. Enfim, é uma quase inevitabilidade da blogosfera, a substituição da Palavra pelo palavreado. É pena.....
Obrigado pelo elogio inicial, e lamento pela desilusão posterior. Mas gostava de saber onde está o discurso demagógico neste post em concreto.
Concordância total com o que escrevreu.Quanto à fauna que menciona :sub-produto datado,que nega a evidência aos factos quando estes negam a "realidade".
Excelente mensagem! Também não vejo onde está a demagogia que o Sr. Anónimo acha que existe. Palavreado? Não, apenas uma "análise descomplexada, fundada e refrescante".
Obrigado pelos comentários. A julgar pelo silêncio do primeiro anónimo, estou em crer que se tratou de uma má-disposição motivada talvez pelo fracasso da "grande revolução"...
O primeiro anónimo silenciou-se justamente porque seria uma questão de tempo até que uma tirada desse género saísse do seu teclado. Tirada essa, aliás, que é bem ilustrativa do fundamento do comentário feito. Como vê, foi apenas preciso esperar um pouco para que respondesse por mim. Há uma coisa que aprendi há muito tempo, no que respeita à blogosfera: há momentos em que o melhor é comentar e depois calar, porque o debate pouco ganha com querelas sem conteúdo (o que é vulgar e até característica na/da blogosfera).
Outra coisa que aprendi foi que rapidamente nos rendemos a vícios e nos habituamos à clientela do costume, fazendo tudo para a manter, até cair na incoerência, na partidarização (mesmo que seja contra um partido ou partidos, não deixa de ser partidarização) e na análise superficial.
Mas se quer um bom exemplo, veja as suas respostas aos comentários a um post que escreveu sobre o referendo europeu. Em vez de se restringir à matéria de facto, não se conteve e teve uma tirada do género: "até concordo com a esquerda nisto, e isso é pena."
O que é pena é que, quando reage assim, não está a ser melhor do que os políticos da nossa praça, que preferem a forma ao conteúdo, o acidente à substância.
Para além disso, o silêncio também é um direito e uma forma de comentário. Deixei uma opinião, sem querer iniciar um diálogo consigo, porque não pretendo mudar o que pensa, apenas dizer-lhe o que penso. E agora volto a dizer-lhe, com um pouco mais de pormenor.
Estranho a sua menção à azia devido aos fracassos da revolução: será que, como a maioria dos políticos demagógicos e plebiscitários - mesmo os encapotados -, também acha que quem não está consigo, está contra si? Ou quererá orientar aquilo que eu penso? A última vez que isso aconteceu, fui censurado num blog bem conhecido da nossa praça, por ter supostamente defendido uma ideia que não era minha. Será que é a próxima coisa a acontecer aqui?
O que quis dizer foi que comecei por vir cá para aprender e isso terminou. Achei por bem dizê-lo, julgando que seria capaz de compreender a chamada de atenção. Prefere manter o tom quezilento e clubístico. Está no seu direito.
Cumprimentos
Obrigado pelo esclarecimento. Apenas três notas, porque também acho que eternizar estes debates não leva a lado nenhum.
1) Diz que "rapidamente nos rendemos a vícios e nos habituamos à clientela do costume, fazendo tudo para a manter".
Nos meus últimos 20 posts elogiei o PS, defendi o referendo, critiquei o PS, gozei umas quatro vezes com Luís Filipe Menezes, critiquei o PCP, critiquei os jornalistas, elogiei o PSD, elogiei os jornalistas. Como estratégia para manter um público fiel, é esquisita...
2) Nunca disse "nisto concordo com a esquerda e é pena" a propósito de coisa nenhuma. Procuro defender as posições que penso serem as correctas. Já citei (pela positiva) o Daniel Oliveira, do BE, e o Paulo Portas. Sou a favor do referendo, sim, e do Tratado Constitucional, também, e tanto me faz que a Esquerda, a Direita ou o Meio os defendam ou os critiquem. Sinceramente.
3) Continua a não me dizer onde é que no post em causa fui demagógico.
Cumprimentos!
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