2007: "Annus Socraticus"
O “Expresso” escolheu como Figura Nacional do Ano Isabel Jonet, presidente da Federação dos Bancos Alimentares. Percebe-se o objectivo de destacar a “sociedade civil” e os esforços daqueles que, à margem do Estado, contribuem para o bem-estar do país. Contudo, o “Expresso” devia reger-se por critérios jornalísticos, segundo um ideal informativo. É evidente que este género de escolha depende de opiniões subjectivas, mas um semanário desta relevância deve submeter essa escolha a preceitos tão objectivos quanto possíveis.
Discordo por isso desta desta opção. Louvo a tarefa de Isabel Jonet, mas parece-me estranho – e até um pouco ridículo, sinceramente – escolher alguém que realiza um trabalho marginal como Figura do Ano. Ainda para mais quando esse mesmo ano que agora finda foi dominado pela personalidade de José Sócrates e por um conjunto de eventos marcantes directamente relacionados com o primeiro-ministro. As alterações laborais propostas pelo Governo que chefia. As manifestações e as greves (nunca houve tantas nos últimos vinte anos) provocadas por medidas polémicas, no plano social. O empobrecimento do país como resultado de uma política autista que o primeiro-ministro contudo elogia. O “caso Independente”, que minou a credibilidade de Sócrates. O “sim” no referendo ao aborto. Os vários episódios de “abuso de poder” do Estado – consequência indirecta de um comportamento autoritário do primeiro-ministro. A Presidência da União Europeia, com o folclore da Cimeira UE-África, mas também com a bem sucedida assinatura do Tratado de Lisboa.
Muitos destes acontecimentos trouxeram consequências negativas para o país, e podemos discutir se a acção do primeiro-ministro tem sido global ou parcialmente positiva, medíocre ou desastrosa. Em todo o caso, uma análise jornalística objectiva – e era disso que se tratava – não pode deixar de reconhecer que 2007 foi “o” ano de Sócrates. Para o bem e para o mal.
Discordo por isso desta desta opção. Louvo a tarefa de Isabel Jonet, mas parece-me estranho – e até um pouco ridículo, sinceramente – escolher alguém que realiza um trabalho marginal como Figura do Ano. Ainda para mais quando esse mesmo ano que agora finda foi dominado pela personalidade de José Sócrates e por um conjunto de eventos marcantes directamente relacionados com o primeiro-ministro. As alterações laborais propostas pelo Governo que chefia. As manifestações e as greves (nunca houve tantas nos últimos vinte anos) provocadas por medidas polémicas, no plano social. O empobrecimento do país como resultado de uma política autista que o primeiro-ministro contudo elogia. O “caso Independente”, que minou a credibilidade de Sócrates. O “sim” no referendo ao aborto. Os vários episódios de “abuso de poder” do Estado – consequência indirecta de um comportamento autoritário do primeiro-ministro. A Presidência da União Europeia, com o folclore da Cimeira UE-África, mas também com a bem sucedida assinatura do Tratado de Lisboa.
Muitos destes acontecimentos trouxeram consequências negativas para o país, e podemos discutir se a acção do primeiro-ministro tem sido global ou parcialmente positiva, medíocre ou desastrosa. Em todo o caso, uma análise jornalística objectiva – e era disso que se tratava – não pode deixar de reconhecer que 2007 foi “o” ano de Sócrates. Para o bem e para o mal.
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