quarta-feira, dezembro 05, 2007

Um até breve?

O chumbo ao referendo proposto por Chávez foi enaltecido por quadrantes à esquerda e à direita por motivos óbvios. Muitos (todos?) suspiraram de alívio por não se ter assistido à entronização de um líder que tem revelado preocupantes tendências autoritárias e populistas, tendo sido ainda elogiados a surpreendente mobilização do eleitorado e o sinal de vivacidade democrática demonstrado pelos venezuelanos, capazes de contrariar nas urnas as aspirações do seu “querido líder”.

Confesso que partilho apenas parcialmente deste entusiasmo. Em primeiro lugar, porque – ao contrário do que muitos disseram – este não foi um plebiscito a Chávez, mas sim o chumbo de um determinado modelo constitucional com evidentes traços monárquicos que um povo cioso da sua liberdade dificilmente poderia tolerar (fosse ele venezuelano, brasileiro ou americano). Em segundo lugar, porque a forma como Chávez interpretou os resultados mostra que as suas ambições desmedidas e o seu apego ao poder não foram em nada diminuídos. Basta recordar as suas próprias palavras, quando recomendou à oposição que não ficasse demasiado animada com o resultado porque tudo não tinha passado de um mero “adiamento” (“por ahora” foi a expressão utilizada).

Sei que estas palavras passaram mais ou menos despercebidas, mas considero que elas são motivo suficiente para recearmos os acontecimentos futuros na Venezuela.

1 Comments:

Blogger sofia said...

não passaram despercebidas a todos. eu pelo menos fiquei muito desconfiada dessa sua frase a aliar ao facto de ele tb ter referido que a abstenção ter sido de 3 milhões de votantes e mtos desses poderiam ter votado a seu favor e a diferença entre o sim e o não ter sido mínima.
nada descansada portanto relativamente à venezuela. e ipsis verbis para a rússia do sr. putin, esse tb está a aprontá-las e bem...

5/12/07 17:15  

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