segunda-feira, janeiro 28, 2008

O assalto ao espectador

Por vezes, a crítica de cinema em Portugal tende a assemelhar-se a um combate de boxe, em que o crítico lança socos ao espectador culpando-o de uma potencial ida ao cinema. Ou, noutros casos, de ter optado por não ver um determinado filme. Em qualquer das situações, o crítico desiste de informar o leitor sobre os eventuais méritos ou deméritos da obra, preferindo ridicularizar o espectador pela sua decisão. Acham que estou a exagerar? Vejam este texto de Francisco Ferreira, no “Expresso”:

“Viu Gostam Todos da Mesma? Aplaudiu Os Tenenbaums? Foi sensível à liberdade de Um Peixe Fora de Água? E Bill Murray? Se os títulos nada lhe dizem, não perca tempo. Deve haver para aí um dramazeco pseudoformalista que você apreciará, um daqueles a vomitar sobre Douglas Sirk, como Expiação, mas lamentamos: você já se atrasou. Perdeu o comboio.”

O que é isto? Já nem falo da linguagem rasteira sobre "Expiação", um filme a que por acaso os seus próprios colegas do "Expresso", Leitão Ramos e Cintra Ferreira, atribuem 4 e 5 estrelas (coitados, devem apreciar vomitado cinematográfico). O que me intriga é o porquê deste ataque ao espectador, o qual, por uma série de razões, pode não conhecer nenhum dos filmes referidos. Por que motivo é ele tratado como um proscrito e um imbecil?