O choque tecnológico na PSP
Recentemente, a minha rua foi atacada pelo irritante alarme de um stand de automóveis, que teimava em disparar durante a madrugada, prosseguindo a sua odisseia de ruído até às primeiras horas da manhã. Não conseguindo adormecer, telefonei à polícia municipal e informei-os do sucedido. Perguntaram-me o meu nome e a minha morada, bem como o endereço do stand. Mas nada se alterou.
Este cenário repetiu-se durante as três noites seguintes. O diálogo era sempre o mesmo: eu queixava-me, a polícia pedia-me os meus dados e os do stand, e garantia-me que tudo seria resolvido. Acabava o telefonema e o barulho continuava. Estando já exasperado, interroguei num dos telefonemas nocturnos: “Mas por que é que me pedem o meu endereço outra vez? Eu já lhes disse o meu endereço mais de cinco vezes! Vocês não guardam esses registos?”
“Claro que não!”, respondem-me. Exclamo, surpreendido: “Está a brincar comigo! Então de cada vez que eu faço uma queixa, vocês anotam o meu nome e a minha morada e depois não sabem do registo?”. Nova resposta de antologia: “Ouça, eu escrevo o seu nome aqui numa folha de papel! Mas depois deito-a para o lixo”. Pensei estar num programa de apanhados. Mas o polícia logo explicou a sua lógica: “Já imaginou se nós guardássemos os registos de toda a gente que nos telefona?”
Mesmo cansado, voltei à realidade. Recordei-me de que esta gente não faz a mais pequena ideia do que é um computador. Recordei-me de que o plano tecnológico não passa de uma manobra de propaganda para encher telejornais. Recordei-me de como os mais velhos resolvem os problemas: esperei pela manhã, vesti um casaco e fui-me entender com o dono do stand. Naturalmente, a polícia ainda deve andar a esta hora à procura do meu endereço nos caixotes do lixo, para então iniciarem um “processo de averiguação”. Mas suspeito que ainda vão demorar um bocado.
Este cenário repetiu-se durante as três noites seguintes. O diálogo era sempre o mesmo: eu queixava-me, a polícia pedia-me os meus dados e os do stand, e garantia-me que tudo seria resolvido. Acabava o telefonema e o barulho continuava. Estando já exasperado, interroguei num dos telefonemas nocturnos: “Mas por que é que me pedem o meu endereço outra vez? Eu já lhes disse o meu endereço mais de cinco vezes! Vocês não guardam esses registos?”
“Claro que não!”, respondem-me. Exclamo, surpreendido: “Está a brincar comigo! Então de cada vez que eu faço uma queixa, vocês anotam o meu nome e a minha morada e depois não sabem do registo?”. Nova resposta de antologia: “Ouça, eu escrevo o seu nome aqui numa folha de papel! Mas depois deito-a para o lixo”. Pensei estar num programa de apanhados. Mas o polícia logo explicou a sua lógica: “Já imaginou se nós guardássemos os registos de toda a gente que nos telefona?”
Mesmo cansado, voltei à realidade. Recordei-me de que esta gente não faz a mais pequena ideia do que é um computador. Recordei-me de que o plano tecnológico não passa de uma manobra de propaganda para encher telejornais. Recordei-me de como os mais velhos resolvem os problemas: esperei pela manhã, vesti um casaco e fui-me entender com o dono do stand. Naturalmente, a polícia ainda deve andar a esta hora à procura do meu endereço nos caixotes do lixo, para então iniciarem um “processo de averiguação”. Mas suspeito que ainda vão demorar um bocado.
4 Comments:
Este comentário é apenas para enriquecer a informação:
- Depois de ter sofrido um assalto por puxão e ter ficado muito maltratada dirigi-me à polícia, que iniciou o registo da ocorrência no computador, o agente da autoridade desatava a protestar: " Este malandro vai-se desligar!"...Aguardava que o malandro se desligasse e em seguida era reiiniciado o processo.
A ocorrência lá foi registada. Saímos da esquadra já era madrugada alta e até hoje não tive mais notícias...
A polícia apenas põe em prática, como é o seu dever, o SIMPLEX.
Também é engraçado apresentar queixa de um furto, para o qual é apenas preciso preencher um formulário, e o agente de serviço dizer que ele é que tem de preencher. Depois, a situação faz-se caricata:
- André quê? "Campos"? Como é que isso se escreve?
- Não percebo essa morada. Isso é nome estrangeiro?
- Veja lá se isto aqui está bem escrito.
No final, passadas duas horas para a feitura de algo que demora 10 minutos, ouve-se o extraordinário: "Isto não deve servir de nada, porque as probabilidades de recuperar os bens furtados são muito poucas, mas prontos".
Mas também faz sentido: um povozinho de chacha tem de ter uma policiazinha de chacha.
a minha mulher foi recentemente assaltada duas vezes em curto espaço de tempo e as histórias (ou deveria dizer estórias, visto que são muito próximas da ficção absurda) das idas à esquadra são muito semelhantes. depois a desculpa é de que o governo não lhes dá meios para actuarem, mas não dispensam irem vendo os jogos de futebol enquanto estão a preencher o registo da queixa (ou preencherem o registo da queixa enquanto estão a ver futebol).
não há choque possível que mude esta mentalidade. a não ser, talvez, o electrochoque...
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