segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Da avaliação dos professores, 2

Um professor que seja bem avaliado "progride na carreira", expressão esta que em Portugal significa que o professor fica cada vez mais eximido de dar aulas. Ora, quanto menos aulas sejam dadas, menos se educa e se avalia, pelo que o professor bem avaliado acaba por se tornar inavaliável.

Mas se o prémio para uma boa avaliação for a ocupação de uma inavaliabilidade, então a avaliação é castigo a priori, pois se o não for o seu contrário não pode constituir prémio para a boa avaliação. Se a avaliação dos avaliadores fosse condição sine qua non para uma melhoria da educação avaliadora, então quanto maior fosse a "progressão na carreira", maior a necessidade de avaliação.

Esta maior necessidade de avaliação acarretaria maior necessidade de avaliação aos avaliadores dos avaliadores, por o acréscimo de responsabilidades ser proporcional entre o avaliador primeiro e o avaliador segundo. Por seu turno, maior seria a necessidade de avaliar os avaliadores dos avaliadores dos avaliadores, e assim sucessivamente, ad infinitum.

Creio ter uma ideia melhor: porque não tornar simplesmente os alunos em educadores e os educadores em alunos? Já que se pretende subverter a ideia de ensino, façamo-lo plenamente.