sexta-feira, março 14, 2008

Eleições americanas: ponto da situação

Mãos na calculadora. As mais recentes votações não alteraram as contas entre os Democratas. Hillary recuperou delegados no Ohio, Texas (Primária) e Rhode Island, mas as vitórias folgadas de Obama no Vermont, Wyoming e Mississippi, além do êxito no Texas (Caucus), anularam essas conquistas. Por outro lado, Obama garantiu novos apoios entre os superdelegados, conseguindo até mesmo estender ligeiramente a sua vantagem. Resultados actuais: Obama lidera nos delegados conquistados (1404-1243), e na contagem total (1611-1480), já incluindo os superdelegados (dados CNN).

Sendo necessários 2025 delegados para vencer as Primárias, e estando apenas em jogo cerca de 550 nas eleições restantes, torna-se claro que nenhum dos candidatos tem hipóteses reais de garantir a nomeação exclusivamente através do processo eleitoral. Por outras palavras, Obama e Hillary necessitam do apoio de uma parte significativa dos superdelegados ainda indecisos (cerca de 300) para triunfarem na Convenção Democrata.

O que se segue? Apesar disso, as eleições restantes têm grande importância, pois definem a distância final entre os candidatos e podem esclarecer quão legítima seria a sua nomeação. Este último dado é crucial para Hillary. Sendo quase impossível ultrapassar Obama no número de delegados, Hillary precisa de obter resultados notáveis nas próximas votações para assim convencer os superdelegados de que ela é a candidata mais forte, apesar de ter conquistado menos delegados.

Dia 22 de Abril há eleições na Pensilvânia, onde Hillary é a grande favorita. Mas Obama poderá compensar com um triunfo claro na Carolina do Norte, duas semanas depois. E até Junho, a corrida deve manter-se equilibrada: Hillary poderá vencer Kentucky, Virgínia Ocidental e Porto Rico; Obama é favorito no Oregon, Montana e Dakota do Sul.

As pedras no sapato. As anormalidades verificadas na Florida e no Michigan apimentam estas eleições históricas. Os dois Estados quebraram as regras do Partido, anteciparam as suas votações para Janeiro e foram punidos com a exclusão dos seus delegados. Contudo, Hillary – que obteve vitórias esmagadoras nas duas votações – exige agora que os resultados devem ser considerados, o que lhe permitiria reduzir drasticamente a sua desvantagem para Obama.

Seria uma manobra politicamente inaceitável: não houve campanha na Florida e Obama nem sequer constava do boletim de voto no Michigan. Hillary pretende no entanto pressionar o Partido para que organize uma nova votação, esperando obter vitórias folgadas nestes Estados muito populosos. Mas Obama opõe-se, considerando que seria injusto alterar as regras a meio do jogo. Para já, todas as hipóteses se mantêm em cima da mesa.

A “agenda Clinton”. Como se prevê uma divisão dos restantes delegados, a estratégia de Clinton passa por objectivos colaterais ao aspecto puramente matemático da corrida. Um deles consiste em procurar desgastar o seu adversário, convencendo os superdelegados que ela é a mais capaz para ocupar a Presidência. Os recentes ataques a Obama incluem-se nesta lista, tal como as suas insistentes referências aos triunfos nos “grandes Estados” – por oposição às vitórias supostamente menos relevantes de Obama no Sul e no Oeste.

Um outro objectivo essencial é vencer na contagem do voto popular. Hillary perderia em delegados, mas ganharia em número total de votos. A desvantagem actual cifra-se em 500 mil votos, pelo que uma vitória esmagadora na Pensilvânia poderia equilibrar as contas. E nesse momento, Hillary poderia apelar a uma espécie de “legitimidade moral” à nomeação, que actualmente parece pertencer a Obama.

A “agenda Obama”. Ao senador do Illinois importa sobreviver politicamente às próximas semanas, nas quais será alvo de ataques cerrados e onde o espera uma derrota pesada (Pensilvânia). Resta saber como tentará resistir: contra-atacando Clinton ou insistindo numa mensagem positiva e evitando polémicas? Por outro lado, Obama terá que cortejar os superdelegados, para se aproximar o mais possível do “número mágico” que lhe garanta a nomeação em Agosto.

Em todo o caso, a luta continua renhidíssima. O que dizem as casas de apostas? Os mercados electrónicos dão 75% de favoritismo a Obama. E a Ladbroks paga 3 para 2 em caso de vitória de Obama. Alguém quer arriscar um palpite?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Neste momento a minha aposta é apenas não perder o comboio da informação dado que este processo não tem nada a ver com o que sei sobre eleições, mas é um processo apaixonante para quem quer estar a par como eu.
obrigaga ao bem pelo contrário...

16/3/08 09:43  

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