sexta-feira, março 28, 2008

Paradoxos dos partidos comunistas


O paradoxo maior é simples: como jogar um jogo com o objectivo não de o ganhar mas de o destruir? Ou melhor: cumprir as regras subvertendo-as, ou subverter as regras cumprindo-as.
O exemplo mais evidente é o dos direitos humanos. Hoje em dia parece que os partidos comunistas ou de tendência próxima são afinal os arautos maiores dos direitos humanos no mundo, e quando não dos direitos humanos, pelo menos dos direitos dos trabalhadores (expressão que invade hostilmente os nossos ouvidos todos os dias nos noticiários).
Ora não é curioso que o comunismo tenha nascido (e não consta que evoluísse neste aspecto) na negação da tradição conferindo realidade natural aos direitos subjectivos? O próprio Marx di-lo com todas as letras, no seu Para a Questão Judaica:
«[...] os chamados direitos do homem [...] não são outra coisa senão os direitos do membro da sociedade civil [burguesa] i.e. do homem egoísta, do homem separado do homem e da comunidade. [...] Trata-se da liberdade do homem como mónada isolada, virada para si própria.», trad. José Barata-Moura, Ed. Avante, p. 85.
A realidade material da liberdade surge com a superação da classe operária na transformação de uma sociedade sem classes. É aí que as massas se unificam na presença do homem virado para outro, num tecido de relações materiais. O direito subjectivo separa e põe o homem contemplando-se na casca de si mesmo.
Logo, quando há alguns (felizmente poucos) Estados tentando aplicar comunismo (pelo menos político), obviamente coarctam os direitos humanos, porque os vêem de base como "coisa má". Os partidos comunistas do Ocidente (como o nosso baço PCP) vêem-se então no dilema: como defender os que defendem o mesmo que nós sem divinizar os direitos humanos burgueses?, como defender os direitos humanos burgueses sem diabolizar os que defendem o mesmo que nós?

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A julgar pelo que diz em cima, parece que está a fazer um doutoramento, não é? O mais curioso é que neste pedaço de palavrinhas que juntou não se vislumbra nenhum vestígio de estudo sério, de conhecimento profundo, ou sequer de inteligência...
É tudo, digamos, «baço», demasiado «baço». Tem, ao menos, consciência disso?

Aniceto Azevedo

31/8/10 16:27  

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