sábado, abril 12, 2008

(Outra) Bofetada da realidade

Vendo um resumo do debate quinzenal do governo na AR, apercebi-me que:

1) Quem fala na bancada do CDS/PP é um tipo que já foi ministro num dos piores governos de que há memória, fotocopiou documentos a torto e a direito antes de sair (numa área sensível como a da defesa), e ainda se crê com talentos de representação política.

2) Quem fala na bancada do PSD é um tipo que já foi primeiro-ministro num dos piores governos de que há memória (ao ponto de o PR decidir dissolver a AR), que perdeu para o seu partido as únicas eleições que deram maioria absoluta ao adversário, que ameaçou retirar-se da política, e ao qual se não reconhecem competências mais que a da presidência de uma câmara municipal com casino.

3) Quem fala na bancada do governo é um primeiro-ministro cujos méritos consistem em apontar aos fracos adversários as suas porcarias passadas.

4) O líder do maior partido da oposição é um tipo que, há uns anos, chorou em directo na TV, numa conferência de imprensa, defendendo-se de acusações sobre o caso das viagens-fantasma, tendo anunciado a sua saída da vida política. E acrescentou, com as lágrimas nos olhos: «Eu sou um homem sério...»

5) Quem fala na bancada do partido que tem maioria absoluta deve ser de tal maneira papagaio do governo que nem sequer surge nos resumos dos debates.

6) Quem fala na bancada do PCP é certamente aquele que, nesse partido, mais vezes consegue repetir o mesmo conjunto de vacuidades sem se enfastiar consigo mesmo.

7) A única estrela da companhia dos debates é, pasme-se, quem dá voz à bancada do BE. Poucas vezes diz coisas de jeito, mas sempre que ali abre a boca, consegue reembaraçar o governo.

Enfim, talvez se confirme que cada país tem os representantes que merece.