quarta-feira, maio 21, 2008

Elixir da Juventude

Ao ver os momentos iniciais do filme de Coppola, a propósito do idoso que rejuvenesce, um clic no meu cérebro levou-me para uma das bandas-desenhadas que eu lia em miúdo, a qual colocava um problema muito interessante sobre as buscas de rejuvenescimento.

O vilão da história, recordo-me, era já idoso, e descobrira um elixir da juventude que o tornava jovem e forte, pronto para matar o herói e conquistar o mundo. Mas havia um problema: é que o elixir revertia o processo de envelhecimento, e o tempo biológico regredia simplesmente, pelo que o homem nunca parava de rejuvenescer. Numa das últimas tiras, o herói encontrava o casaco do vilão no chão, e um nascituro lá enrolado, diminuindo cada vez mais ao ponto do desaparecimento.

A ideia inerente é muito simples: nem um efectivo rejuvenescimento afasta do homem o espectro da ausência de si, a sua condição de finito. Toda a aparência de juventude não é senão a negação da peculiaridade do ser-se humano.