A arrogância do poder
No século XVII difundiu-se entre os republicanos ingleses a ideia de que o poder corrompe – tese que os revolucionários americanos repetiriam posteriormente, e a partir da qual Lord Acton teceria a célebre afirmação “O poder tende a corromper; e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
A frase terá perdido alguma pertinência na actualidade, devido ao conjunto de mecanismos institucionais que regem e restringem a acção política nas democracias liberais. Mas se o poder já não é tão corruptivo, ele é ainda francamente inibidor de uma reflexão racional e ponderada por parte dos governantes. Onde antes o poder corrompia, hoje ele turva. Onde antes conduzia ao despotismo, hoje leva à arrogância e à sobranceria.
Veja-se o caso do ministro Jaime Silva, que menospreza sucessivamente organizações com as quais devia cooperar e dialogar, chegando mesmo a afirmar que os representantes dos agricultores (a CAP e a CNA) estão ligados à extrema-esquerda e à extrema-direita – a maneira mais fácil de diminuir os seus críticos, empurrando-os para o radicalismo ideológico através de declarações mesquinhas e politicamente brejeiras.
Ou o exemplo da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que ridiculariza as críticas da Sociedade de Matemática (a propósito do facilitismo que se verificou na elaboração dos exames nacionais), das associações de professores e de todos aqueles que levantam questões sobre a conduta do Ministério – com uma espantosa altivez e arrogância de quem se julga acima do escrutínio público.
A frase terá perdido alguma pertinência na actualidade, devido ao conjunto de mecanismos institucionais que regem e restringem a acção política nas democracias liberais. Mas se o poder já não é tão corruptivo, ele é ainda francamente inibidor de uma reflexão racional e ponderada por parte dos governantes. Onde antes o poder corrompia, hoje ele turva. Onde antes conduzia ao despotismo, hoje leva à arrogância e à sobranceria.
Veja-se o caso do ministro Jaime Silva, que menospreza sucessivamente organizações com as quais devia cooperar e dialogar, chegando mesmo a afirmar que os representantes dos agricultores (a CAP e a CNA) estão ligados à extrema-esquerda e à extrema-direita – a maneira mais fácil de diminuir os seus críticos, empurrando-os para o radicalismo ideológico através de declarações mesquinhas e politicamente brejeiras.
Ou o exemplo da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que ridiculariza as críticas da Sociedade de Matemática (a propósito do facilitismo que se verificou na elaboração dos exames nacionais), das associações de professores e de todos aqueles que levantam questões sobre a conduta do Ministério – com uma espantosa altivez e arrogância de quem se julga acima do escrutínio público.
3 Comments:
E o que chateia é que todo o alarido que se faz é à pala dessas declarações do ministro e das reacções das organizações dos agricultores, ficando a polémica por essa espuma inútil, sem se perceber afinal em que é que divergem na prática e quais são os reais motivos de queixa das partes (para além de generalidades, como o declínio da agricultura, os aumentos dos combustíveis e por aí).
Uma pequena mas creio que importante correcção: Jaime Silva não disse que "os representantes dos agricultores (a CAP e a CNA) estão ligados à extrema-esquerda e à extrema-direita". Disse, o que não deixa de ser gravíssimo, que alguns dirigentes das associações de agricultores (CNA e CAP, por esta ordem) estão ligados à extrema-esquerda e à direita mais conservadora. Confundir direita conservadora com extrema-direita não é correcto.
De resto, absolutamente de acordo com o postal e gostaria de lembrar a falta de elegância da ministra Maria de Lurdes Rodrigues ao dizer que não têm razão "os que acordam de manhã e se lembram de criticar as provas". Está a falar de presidentes de sociedades científicas que merecem respeito.
Mas também concordo com o comentário do Sr. Anónimo.
essa do poder corrompe agora está a perturbar-me mais o mugabe lá no zimbabwe.. 85 pessoas da campanha do outro já foram mortas, o vice do outro está preso por traição - que dá pena de morte - e o tal opositor que já me esqueci do nome está sempre em risco de vida.
é claro q não é comparável à nossa situação, mas lembrei-me...
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