quinta-feira, julho 03, 2008

A Polónia e os elogios da irresponsabilidade

O presidente polaco veio dizer que, se a Irlanda votou não ao Tratado de Lisboa, a Polónia também não ratifica a coisa. É uma versão internacional do "assino, mas não concordo".

Parece um antigo vizinho meu que, quando eu era administrador de condomínio, pediu-me para pôr na ordem de trabalhos de uma reunião de assembleia a proposta sua de aumentar em 10 euros os pagamentos à senhora da limpeza, que era sua amiga pessoal. Eu fi-lo, claro, e concordei de antemão com a proposta, à qual dei o meu apoio. Na reunião, levanto a questão, dou a palavra ao proponente, demonstro o meu acordo, algumas pessoas discordam: democratiza-se a questão, vota-se. Votos a favor, 1, votos contra, toda a restante gente. Pergunto ao proponente, após reparar ter sido eu o único a mostrar aprovação: "Ó homem, então você faz uma proposta à assembleia da qual discorda?" Resposta brilhante: "Eu concordo, vizinho, mas voto pela maioria".

Moral da história: só os parvos é que insistem em ideias derrotáveis.

3 Comments:

Blogger MFerrer said...

Neste caso a Polónia quer justificar o seu voto pela existência de uma minoria...
É o seu vizinho na versão estúpida!
Ele era, apenas, a versão oportunista.
MFerrer

4/7/08 09:16  
Blogger André, o campos said...

Aí já não sei bem, caro mferrer. É que o único pronunciamento popular sobre o Tratado de Lisboa demonstrou serem ali uma minoria os seus apoiantes. E creio que se houvesse mais referendos, os resultados não seriam muito distantes do do irlandês.

Cá para mim, o presidente polaco desconfia que um referendo no seu país traria resultados semelhantes, e nesse sentido tem tanto de oportunista quanto o meu vizinho. E eles que até são parecidos fisicamente...

4/7/08 15:06  
Blogger Freire de Andrade said...

Na minha opinião, nem o mferrer nem o andré, o campos (que nomes!) têm razão. O que o presidente polaco disse é que, exigindo-se unanimidade para o Tratado entrar em vigor, a ratificação polaca não tinha sentido. Dito de outra maneira: o Tratado está morto, ao contrário do que afirma Barroso e não só, e não vale a pena pensar mais nele. Esta atitude tem toda a lógica e nada tem a ver com a do vizinho do andré, o campos.

6/7/08 00:52  

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