Rosa brava
Nesta sociedade mediatizada, os factos são indiferentes, o que importa é a narrativa. Assim sendo, informar tornou-se num exercício jornalístico supérfluo e dispensável.
Vem isto a propósito da grotesca “reportagem” (as aspas são um favor) apresentada pela SIC no Jornal da Noite, sobre uma tal de Rosa, adolescente de 16 anos “que não pode ir à escola”, passando os seus dias ajudando o pai a pastorear ovelhas. A peça foi um exemplo antológico de um novo estilo de apresentação jornalística: histórias banais sobre pessoas vulgares em situações comuns – que verdadeiramente não interessam a ninguém. Nada que um bom embrulho não transforme: texto poético, com tiradas lamechas, declamado por uma voz embargada; musiquinha de fundo (um piano ou um violino melancólico), dois ou três planos de pessoas tristes/pobres/desgraçadas. Pronto a vender, com o slogan “jornalismo de causas”.
Vem isto a propósito da grotesca “reportagem” (as aspas são um favor) apresentada pela SIC no Jornal da Noite, sobre uma tal de Rosa, adolescente de 16 anos “que não pode ir à escola”, passando os seus dias ajudando o pai a pastorear ovelhas. A peça foi um exemplo antológico de um novo estilo de apresentação jornalística: histórias banais sobre pessoas vulgares em situações comuns – que verdadeiramente não interessam a ninguém. Nada que um bom embrulho não transforme: texto poético, com tiradas lamechas, declamado por uma voz embargada; musiquinha de fundo (um piano ou um violino melancólico), dois ou três planos de pessoas tristes/pobres/desgraçadas. Pronto a vender, com o slogan “jornalismo de causas”.
Etiquetas: jornalismo
3 Comments:
Se para ti aquilo são "situações comuns que não interessam a ninguém" tenho pena, porque deves viver numa realiade bem dura. Eu achei a reportagem do melhor que já se fez em Portugal, a contar uma história que a todos deveria interessar, pois infelizmente aquela ainda é uma realidade do nosso país. Não houve o recurso à lágrima como a TVI faz, contou-se a história de forma isenta num registo cinematográfico, como o Jorge Pelicano já nos habituou desde o seu documentário "Ainda há pastores".
Caro "Tino", depois de visitar o seu blog "Portal Pimba", e ao observar com cuidado a interessante fotografia que identifica o seu nick, pergunto-me se o seu comentário será um exercício honesto.
Se for, apenas posso dizer que estou em desacordo consigo, por razões óbvias. A história não era pertinente, e sobretudo o tom utilizado foi o habitual "tenha pena, tenha muita pena", que turva a substância do que está (ou poderia estar em causa). Era justamente esse tom que pretendia criticar e não os contornos existenciais da vida da jovem.
Amigo Gomes André,
tenho que concordar consigo. Ao ritmo actual a televisão portuguesa caminha a passos largos para a 'brejeirice' total. Onde está a verdadeira informação, a informação financeira, o jornalismo de pesquisa como se vê em países como os Estados Unidos, onde até se derrubam governos??
O nosso país, e a nossa classe politica, precisam urgentemente de alguém que 'abane o barco' e não de telefilmes e documentários sobre a vida de um pobrezinho, num pais de pobretões...
Enviar um comentário
<< Home