Estranhas recordações
A propósito dos 50 anos da RTP, a revista “Única” do Expresso publicou uma reportagem na qual selecciona cinquenta momentos marcantes “para a história da televisão nacional”. Todos os tops são razoavelmente polémicos, mas este exercício do jornalista Nelson Marques é um equívoco inexplicável.
A falta de critério é gritante, numa selecção repleta de omissões imperdoáveis, mas onde há lugar para eventos insignificantes. Com efeito, a transmissão televisiva do Grande Prémio de Fórmula 1 e a transmissão da Guerra do Iraque (2003) não são propriamente momentos de viragem. E como explicar a singularidade do exclusivo da RTP dos preparativos do casamento do duque de Bragança (que levaria à perda do primeiro lugar nas audiências) ou a cena de Cavaco Silva mastigando um bolo-rei em directo? Só faltava incluir as gaffes de campanha de António Guterres e de Valentim Loureiro, ou os discursos pedagógicos de Fátima Felgueiras!
Por outro lado, existem incompreensíveis ausências. Se se escolhe a transmissão da série “Major Alvega” e o surgimento do “Contra-Informação” como duas ocasiões inesquecíveis, então não poderia faltar uma referência ao “Tal Canal” e ao “Herman Enciclopédia”, momentos culminantes do humor televisivo em Portugal. E como explicar que nas últimas 13 selecções, desde 1992 – isto é, desde o aparecimento da SIC e da TVI – apenas três (!) sejam menções directas aos canais privados? Além da Alberta Marques Fernandes, o Big Brother e a SIC Notícias, não há nada a referir? Definitivamente, o preconceito do “politicamente correcto” ainda impregna muitas reportagens jornalísticas, que se pretendiam um tudo ou nada mais ousadas.
A falta de critério é gritante, numa selecção repleta de omissões imperdoáveis, mas onde há lugar para eventos insignificantes. Com efeito, a transmissão televisiva do Grande Prémio de Fórmula 1 e a transmissão da Guerra do Iraque (2003) não são propriamente momentos de viragem. E como explicar a singularidade do exclusivo da RTP dos preparativos do casamento do duque de Bragança (que levaria à perda do primeiro lugar nas audiências) ou a cena de Cavaco Silva mastigando um bolo-rei em directo? Só faltava incluir as gaffes de campanha de António Guterres e de Valentim Loureiro, ou os discursos pedagógicos de Fátima Felgueiras!
Por outro lado, existem incompreensíveis ausências. Se se escolhe a transmissão da série “Major Alvega” e o surgimento do “Contra-Informação” como duas ocasiões inesquecíveis, então não poderia faltar uma referência ao “Tal Canal” e ao “Herman Enciclopédia”, momentos culminantes do humor televisivo em Portugal. E como explicar que nas últimas 13 selecções, desde 1992 – isto é, desde o aparecimento da SIC e da TVI – apenas três (!) sejam menções directas aos canais privados? Além da Alberta Marques Fernandes, o Big Brother e a SIC Notícias, não há nada a referir? Definitivamente, o preconceito do “politicamente correcto” ainda impregna muitas reportagens jornalísticas, que se pretendiam um tudo ou nada mais ousadas.
Etiquetas: jornalismo, televisão
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