sábado, abril 07, 2007

E entretanto, na República das Bananas...

Numa altura em que se multiplicam as notícias sobre a manipulação de documentos na Universidade Independente, a abstinência de Sócrates nas aulas da Licenciatura e as irregularidades no seu processo, eis que surge o Professor António José Morais a clarificar a situação. O dito Professor, que leccionava quatro (!) das cinco cadeiras frequentadas por Sócrates, garante que o actual primeiro-ministro era um aluno dedicado e com grandes capacidades, que completou as ditas cadeiras à custa de grande afinco.

Tudo isto seria normal não fosse o cabaz de informações adicionais que se segue: não é que o Professor António José Morais fez parte dos governos socialistas, não uma, mas em duas ocasiões? Não é que na primeira vez, foi demitido escassos meses depois de entrar ao serviço do Ministério da Administração Interna, onde coordenava o Gabinete de Estudos e Planeamento de Infra-Estruturas? Não é que o Professor foi demitido e acusado de estar envolvido em irregularidades na adjudicação de empreitadas na Quinta de Santo António – pelas quais nunca viria a responder em tribunal, depois do futuro ministro do MAI, Severiano Teixeira, ter arquivado o processo?

Não é que o Professor Morais regressou ainda uma segunda vez ao Governo, para dirigir o Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça? E não é, meus caros, que o Professor resistiu novamente apenas alguns meses, sendo demitido depois de novo escândalo? E o que se passou desta vez? O Professor Morais resolveu nomear, sem concurso público, uma imigrante brasileira chamada Neidi Becker – que trabalhava no restaurante Sr. Bacalhau, no Colombo (!) – para chefiar o Gabinete de Logística do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça (!!). Salário? Uns módicos 1700 euros por mês (!!!). Plenamente justificados pela profunda qualificação da senhora Becker, diga-se de passagem.

Uma perguntinha inocente para o fim-de-semana da Páscoa: que credibilidade tem o Professor António José Morais para se armar em Michael Knight e achar que o seu testemunho pode “clarificar” as trapalhadas de Sócrates? Realmente, há pessoas com lata, mas este grau de desfaçatez surpreende até o mais prevenido dos observadores.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Para lá de todas as trapalhadas à volta da 'licenciatura' de Sócrates, uma pergunta básica, a meu ver, se coloca:

O que poderá ter levado alguém, que já não era um garoto com eventual falta de informação, a optar por finalizar uma licenciatura em engenharia civil na Universidade Independente?

Estava assegurada a qualidade do ensino? Conhecia quem lá tivesse concluido o curso e estivesse satisfeito? Os professores recomendavam-se? Pensava arranjar uma boa colocação por ter um curso daqueles?

Acho que a resposta a tudo isto é obviamente NÃO.

Daí concluir-se, também obviamente, que o que se pretendia era apenas o canudo.

9/4/07 11:24  

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