quarta-feira, maio 30, 2007

Coisas que fazem rir, 13

Suspeito que se Portugal continuar mergulhado numa gigantesca e surrealista tragicomédia social, política e económica, terei que tornar esta série diária. Até lá, deixo-vos com (mais) um notável registo da grande narrativa humana que é o ser português. Perdido na secção do correio de leitores da revista “Pública” deste domingo, podemos encontrar um sentido – e aqui e ali poético – protesto de um atento leitor do Cacém (e como não?), a propósito da redução dos textos da Maya na dita revista:

“Decidi escrever para deixar o meu protesto pelo corte nas previsões de Maya, de quem sou leitor fiel. Nunca falho uma semana e dou atenção aos passos que dou de acordo com o que ela me diz. E não gostei de ver que, nesta nova Pública, o espaço dedicado a cada signo foi muito reduzido. Neste espaço que agora tem, Maya não tem oportunidade de ir mais além, limita-se a resumir numa linha os aspectos da nossa vida. E nestas coisas da vida, resumos não chegam”.

“Nestas coisas da vida, resumos não chegam”. Procurem traduzir esta frase para qualquer outra língua: garanto-vos que não conseguirão. Porque isto é Camões, Camilo, saudade e fado. Só um português poderá compreender esta dor – e só um português poderia exprimir este lamento. Maya, volta no teu máximo fulgor!, e que a Pública não reduza a tua prosa!

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3 Comments:

Blogger Papo-seco said...

Há coisas perante as quais se fica sem palavras


Fosse uma carta de um leitor do 24 hora e não haveria espanto

30/5/07 14:43  
Anonymous Anónimo said...

É engraçado como o tema de um texto pode afastar totalmente os seus leitores da suprema ironia do mesmo. Ou pelo menos do benefício dessa possibilidade.

Prejudice is funny, but not ha! ha! ha! funny!

30/5/07 23:27  
Blogger José Gomes André said...

De facto, uma pessoa que assina "abelha maya" é a indicada para falar da "suprema ironia" de um texto. Ou, pelo menos, "do benefício dessa possibilidade".

31/5/07 01:59  

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