quinta-feira, maio 31, 2007

Todos ganharam? Todos perderam...

Das muitas coisas que se escreveram sobre a greve geral, encontrei um pequeno texto, no 31 da Armada, que sintetiza em setenta e nove palavras exactamente o que penso sobre o assunto. Assim sendo, e com a devida vénia, cito o Rodrigo Moita de Deus:

“Passei de mota por intermináveis filas de carros parados. Gente que vai perder uma manhã inteira dentro de um automóvel. As greves têm cada vez menos adesões porque a economia é cada vez mais privada. É por isso que o sucesso e impacto de uma greve geral já não se mede pelo número de pessoas que não foram trabalhar. Mede-se pelo desconforto e incómodo que causam nos outros. Mede-se pelo número de pessoas que foram impedidas de ir trabalhar”.

Nem mais. Aliás, parece-me que ninguém recordará o dia 30 de Maio com um sorriso. Os que fizeram greve perderam um dia de salário em vão, porque é óbvio que o Governo não vai recuar na sua política económica e social. Os que não fizeram greve sentiram que traíram os companheiros que não trabalharam e ainda por cima tiveram que levar com o Governo armado aos cucos, a dizer que a adesão foi mínima e que isso é um sinal de que as pessoas estão satisfeitíssimas com as suas medidas. Os sindicatos sofreram um rude golpe face ao evidente insucesso do evento. E o Governo perdeu pontos junto do seu eleitorado tradicional, depois de mais uma performance autoritária e com insuportáveis tiques de sobranceria (quem se lembrou de dizer que este foi um dia de “plena tranquilidade”, em novo exemplo de um absoluto divórcio com a realidade?), desvalorizando uma greve que – apesar de tudo – perturbou e/ou envolveu milhares de portugueses.

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1 Comments:

Blogger nelio said...

boa análise. parece-me que esta greve foi um verdadeiro desastre em todos os sentidos, infelizmente

1/6/07 16:22  

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