Mário Soares: o delírio
Dois posts (no 31 da Armada e no Portugal dos Pequeninos) resumem o essencial da entrevista de Soares ao Expresso: um delírio revolucionário, onde se invoca a alma bolivariana para se falar do progresso da sociedade, na bonita esperança de “um mundo melhor”. Um mundo naturalmente partido em dois: de um lado, os anjos Zapatero, Chávez, Sócrates, Lula; do outro, os monstros Bush, Durão Barroso, Alberto João Jardim e a malta do neoliberalismo, que quer destruir os mais pobres, os desfavorecidos, os desgraçados...
No meio destes “momentos Francisco Louçã” jazem duas pérolas. Numa primeira ocasião, e a propósito de uma profunda reflexão sobre o liberalismo, Soares refere-se a um misterioso mas extraordinário “relatório americano” sobre as desigualdades no mundo. O que propõem esses adoradores de hambúrgueres? Soares dixit: “Neste momento, há um relatório nos Estados Unidos onde se diz que o grande inimigo já não é o terrorismo, mas o perigo que podem representar as populações do Sul, famintas, vítimas do subdesenvolvimento e das catástrofes naturais, procurando desesperadamente entrar nos países ricos do Norte. E a única resposta possível – diz o relatório – será a sua exterminação em massa!”. A existência deste relatório e a formulação desta conclusão são absolutamente verosímeis...
Após esta efabulação hollywoodesca, Soares presenteia-nos com novo momento de lucidez. Instado a nomear “os grandes líderes que marcam o mundo” – “dos que estão no activo”, acrescentam os jornalistas – Soares menciona Zapatero, Tarja Halonen, Vaclav Havel, Mary Robinson, Delors e Ségolène Royal. Trata-se de uma lista notável, sem dúvida: dando o benefício da dúvida a Zapatero, quem temos nós? A Presidente da Finlândia, figura reconhecida pelos seus feitos na defesa dos alces da Lapónia; Havel, Presidente da República Checa há 5 anos atrás; Robinson, Presidente da Irlanda há dez; e Jacques Delors, que deixou a Comissão Europeia há 12. Políticos no activo? Só se for Ségolène, que habita diariamente nas revistas cor-de-rosa e em festas do jet-set francês...
No meio destes “momentos Francisco Louçã” jazem duas pérolas. Numa primeira ocasião, e a propósito de uma profunda reflexão sobre o liberalismo, Soares refere-se a um misterioso mas extraordinário “relatório americano” sobre as desigualdades no mundo. O que propõem esses adoradores de hambúrgueres? Soares dixit: “Neste momento, há um relatório nos Estados Unidos onde se diz que o grande inimigo já não é o terrorismo, mas o perigo que podem representar as populações do Sul, famintas, vítimas do subdesenvolvimento e das catástrofes naturais, procurando desesperadamente entrar nos países ricos do Norte. E a única resposta possível – diz o relatório – será a sua exterminação em massa!”. A existência deste relatório e a formulação desta conclusão são absolutamente verosímeis...
Após esta efabulação hollywoodesca, Soares presenteia-nos com novo momento de lucidez. Instado a nomear “os grandes líderes que marcam o mundo” – “dos que estão no activo”, acrescentam os jornalistas – Soares menciona Zapatero, Tarja Halonen, Vaclav Havel, Mary Robinson, Delors e Ségolène Royal. Trata-se de uma lista notável, sem dúvida: dando o benefício da dúvida a Zapatero, quem temos nós? A Presidente da Finlândia, figura reconhecida pelos seus feitos na defesa dos alces da Lapónia; Havel, Presidente da República Checa há 5 anos atrás; Robinson, Presidente da Irlanda há dez; e Jacques Delors, que deixou a Comissão Europeia há 12. Políticos no activo? Só se for Ségolène, que habita diariamente nas revistas cor-de-rosa e em festas do jet-set francês...
Etiquetas: Mário Soares, mundos paralelos
3 Comments:
Não seria um gesto de bom senso e deixar o Dr. Mário Soares brincar com os netos e usufruir duma vida longa que Deus Nosso Senhor lhe deu?
Mário Soares é uma das mais curiosas personagens do espaço público português ainda hoje. Mistura incríveis momentos delirantes com outros momentos de profunda lucidez: como se tivesse múltipla personalidade.
É que na entrevista ao Expresso também há pequenas pérolas de coisas que pouco se ouvem de políticos de carreira:
1) «No meu regresso do exílio, o Zenha e eu resolvemos dar baixa na Ordem dos Advogados porque entendíamos que o advogado defende interesses privados e o político defende interesses públicos. As duas coisas são dificilmente conciliáveis.»
2) «Não tenho por hábito classificar ministros, nem nunca caí no ridículo de dar notas aos homens políticos. Para isso é preciso ter um ego blindado a todo o sentido de autocrítica.»
3) «Infelizmente, os meios de comunicação social que temos contribuem poderosamente para o ambiente de mediocridade cinzenta que se vive hoje no nosso país. Não se trata de uma excepção nacional. É um problema do Ocidente. Gravíssimo.»
4) Quando via a efígie de António Sérgio, um intelectual puro, sem sombra de interesse pelo dinheiro, nas nossas antigas notas de mil escudos ficava horrorizado.»
http://povileu.blogspot.com/2007/06/delrios-soaristas.html
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