segunda-feira, junho 25, 2007

Pensar a Europa

Nestes últimos dias, muita gente escreveu sobre a União Europeia e o Tratado Constitucional. Dos textos que li, destacaria uma reflexão do embaixador José Cutileiro (no Expresso), que identifica a questão verdadeiramente fulcral do projecto europeu. A sua conclusão é fundamental: os países membros deverão estar atentos aos limites de um eventual assomo nacionalista, que, a serem reconhecidos, necessariamente os conduzirão para uma solução de compromisso. É pois urgente obter este “acordo complexo” cujo princípio essencial pode, contudo, ser descrito com incrível simplicidade pelo velhinho ditado: “a união faz a força”.

Alguns excertos (sublinhados meus): "[...] com a Europa a Vinte e Sete, os Estados Unidos à rédea solta, mais ressentidos do que nunca pelos seus aliados, e com terceiros poderes a agigantarem-se no mundo, o futuro é incerto. [...] Tirando a Alemanha, os grandes da Europa parecem ter esquecido a História, querem esconder que sozinhos já não vão a parte nenhuma, tratam mal os pequenos e agitam cada vez mais o Estado-Nação contra a Europa Comunitária. [...]"

"O seu exemplo estimula os quase grandes, com a Polónia dos gémeos a exagerar. E anima por fim toda a gente: amigo estudioso dizia-me que com cada novo tratado europeu Portugal perdera soberania [...]. Mas essa é a alma do negócio. Sem cedências de soberania das nações a um poder europeu os interesses de cada europeu – liberdade, prosperidade, decência política, segurança – seriam muito menos bem defendidos do que são hoje pela partilha de tarefas e responsabilidades entre o poder comunitário novo e as nações antigas."

"[...] com efeito, o equilíbrio é difícil e exige ajustes inteligentes. Mas abrir, por populismo ou convicção, a caixa de Pandora dos nacionalismos é enfraquecer fatalmente a Europa. Os europeus já não têm impérios e só fazendo das fraquezas forças – isto é, juntando-se – poderão sobrevier no confronto com os impérios dos outros."

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