Dos grunhidos da populaça ao mundo do tédio
Na gala das Sete Maravilhas do Mundo, o marasmo absoluto foi interrompido com as vaias e os assobios dos presentes à Estátua da Liberdade. Que os parolos se divertem imenso com estes gestos de anti-americanismo, já o sabia. Que profanem o símbolo universal de uma luta que também é (ou devia ser) a deles, já tenho mais dificuldade em compreender. Ou talvez não.
Este gesto, derivado obviamente de uma ignorância atrevida, e que apenas envergonha os seus autores, não passa de um claro sintoma de uma doença que há muito se instalou entre nós: uma profunda letargia, um tédio, um conformismo ímpar. As revoluções de que o mundo necessitava já estão feitas, por antepassados combativos que hoje preferimos não recordar. Deram-nos de bandeja a liberdade política, o voto, os direitos individuais, o trabalho, o acesso cómodo aos bens essenciais, uma grande facilidade em obter todo o tipo de produtos de entretenimento e de lazer, incontáveis progressos científicos que tornaram a vida quotidiana incrivelmente simples.
O mundo ocidental está tão farto de si mesmo, tão cheio da sua felicidade e simplicidade e comodidade, que olvidou os seus pilares morais, o sangue que outros derramaram em seu nome e as suas referências históricas. E não percebe que essas conquistas exigem que as estimemos e as preservemos com todo o cuidado. No dia – e esse dia está demasiado próximo – em que as esquecermos por completo, poderemos ter uma triste surpresa, e descobrir que aquilo que sempre demos por adquirido não passava, afinal, de uma frágil realidade, e a partir desse dia, talvez demasiado distante para ser recuperada.
Este gesto, derivado obviamente de uma ignorância atrevida, e que apenas envergonha os seus autores, não passa de um claro sintoma de uma doença que há muito se instalou entre nós: uma profunda letargia, um tédio, um conformismo ímpar. As revoluções de que o mundo necessitava já estão feitas, por antepassados combativos que hoje preferimos não recordar. Deram-nos de bandeja a liberdade política, o voto, os direitos individuais, o trabalho, o acesso cómodo aos bens essenciais, uma grande facilidade em obter todo o tipo de produtos de entretenimento e de lazer, incontáveis progressos científicos que tornaram a vida quotidiana incrivelmente simples.
O mundo ocidental está tão farto de si mesmo, tão cheio da sua felicidade e simplicidade e comodidade, que olvidou os seus pilares morais, o sangue que outros derramaram em seu nome e as suas referências históricas. E não percebe que essas conquistas exigem que as estimemos e as preservemos com todo o cuidado. No dia – e esse dia está demasiado próximo – em que as esquecermos por completo, poderemos ter uma triste surpresa, e descobrir que aquilo que sempre demos por adquirido não passava, afinal, de uma frágil realidade, e a partir desse dia, talvez demasiado distante para ser recuperada.
Etiquetas: liberdades
5 Comments:
Muitos parabéns pelo brilhante texto.
josé andré no seu melhor...
Não me parece que o anti-americanismo possa ser confundido tão facilmente com desprezo pela Liberdade...
Excelente texto. Mas permita-me discordar em alguns pontos.
O problema não está no anti-americanismo nem no desprezo pela liberdade; o problema começa quando aqueles que foram eleitos para protegerem esse símbolo que representa a estátua da liberdade o esqueceram; a reacção despropositada (e nesse ponto concordo) foi contra eles.
O cansaço, infelizmente, leva a situações destas. Começa-se a ficar farto de um certo tipo de americanismo que a todos nos prejudica.
Cumprimentos
Já vai tarde, mas na Alemanha, não sei porquê, não conseguia escrever comentários... Obrigado pelos elogios e pelos vossos comentários.
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