Mariano, o iluminado
A entrevista de Mariano Gago a Mário Crespo na SIC Notícias foi um espectáculo de arrogância como raras vezes tenho visto. O ministro – que parece uma pessoa sincera e intelectualmente honesta – respondeu às críticas contra a reforma do Ensino Superior com uma altivez inaceitável. Recorrendo à retórica inócua da “Esquerda Moderna”, Gago descreveu os críticos como alguém que “vive no passado” e “receia o que é novo”. Prosseguiu em seguida com uma argumentação rasteira, afirmando que os pareceres do Conselho Nacional de Educação – altamente desfavoráveis às medidas – são feitos por “pessoas que não percebem nada do assunto” e “avessas à mudança”.
Mário Crespo bem procurou suavizar as intervenções do ministro, mas Mariano Gago estava imparável, terminando a entrevista com uma série de tiradas mais ou menos etéreas, entre o “é preciso olhar o futuro” e o “não podemos ficar agarrados ao passado” – o que aparentemente são duas coisas diferentes para o ministro.
Para falar verdade, não sei o que é mais insuportável: se o tom empertigado e a estratégia de ridicularização de críticos e adversários – como se ninguém entendesse a genialidade do ministro devido a uma congénita imbecilidade; se este discurso completamente vazio relativo à “inevitabilidade da mudança”. É um dos traços do governo de Sócrates, aliás: olhar para o futuro, sempre para o futuro, esquecer o passado, o que era já lá vai, vamos mas é para a frente, todos a trabalhar para o amanhã. Talvez não fosse pior que alguém parasse a marcha e olhasse para o mapa, só para o caso de andarmos em círculos.
Mário Crespo bem procurou suavizar as intervenções do ministro, mas Mariano Gago estava imparável, terminando a entrevista com uma série de tiradas mais ou menos etéreas, entre o “é preciso olhar o futuro” e o “não podemos ficar agarrados ao passado” – o que aparentemente são duas coisas diferentes para o ministro.
Para falar verdade, não sei o que é mais insuportável: se o tom empertigado e a estratégia de ridicularização de críticos e adversários – como se ninguém entendesse a genialidade do ministro devido a uma congénita imbecilidade; se este discurso completamente vazio relativo à “inevitabilidade da mudança”. É um dos traços do governo de Sócrates, aliás: olhar para o futuro, sempre para o futuro, esquecer o passado, o que era já lá vai, vamos mas é para a frente, todos a trabalhar para o amanhã. Talvez não fosse pior que alguém parasse a marcha e olhasse para o mapa, só para o caso de andarmos em círculos.
Etiquetas: política portuguesa
1 Comments:
Senhor ministro ainda quero acreditar que o senhor é intelectualmente honesto o que lhe chegou no passado para ser um bom técnico da educação, mas o senhor hoje é ministro e ministro duma democracia.
Como pode o senhor em matéria tão importante hostilizar os seus opositores?
Será preciso lembrar-lhe quem são os opositores?
Enviar um comentário
<< Home