sexta-feira, setembro 14, 2007

Clube Scolari (V)

Em Portugal reage-se habitualmente de uma forma extremada. Faz parte da nossa natureza. Nas horas que se seguiram ao jogo, Scolari era um monstro, uma besta, um animal. Pediu desculpa (numa intervenção repleta de “mas” e “emboras”, mas pediu), pediu perdão ao filho e chorou uma lágrima ao referir-se à esposa. O que sucede depois? Um herói, um homem íntegro, um santo.

Como quase sempre, a verdade situa-se provavelmente a meio deste duplo exagero. Scolari não matou ninguém, nem agrediu o árbitro. Não tem que ser preso, nem é preciso mandá-lo para a fogueira. Mas o acto violento que praticou contra um jogador é grave. O seleccionador nacional representa a equipa, no mais mediático desporto mundial, que por sua vez é um exportador essencial da imagem das nações. Envergonhou a selecção e o país. No meu entender, devia sair, ou, no mínimo, ser severamente punido (desportivamente falando). E não se deveria esperar que a sentença viesse da UEFA. Era a Federação Portuguesa de Futebol que devia, de imediato, tomar medidas. Mas, como era de esperar, remeteu-se a um patético silêncio numa habitual manobra de branqueamento de Madaíl, um modelo de incompetência absoluta.

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