quinta-feira, abril 05, 2007

Ser ou não ser Engenheiro: uma clarificação (II)

Este artigo de Vicente Jorge Silva faz-me regressar ao tema da “licenciatura” de Sócrates. O argumento não é diferente daquele que a inteliggentsia socialista tem avançado nas últimas semanas: Portugal é um país de invejosos e gente mesquinha onde se pensa que ter um canudo é condição necessária para se ser bem-sucedido num cargo público.

Não vale a pena insistir nesta tese. A partir do momento em que o próprio primeiro-ministro introduziu na sua biografia oficial um título académico – do qual recorrentemente se vangloria (não por acaso os jornalistas se referem ao “Engenheiro Sócrates”) – a questão de saber se esse título foi obtido de modo ilícito é matéria relevante. Repito: ninguém, no seu perfeito juízo, acha que Sócrates será um mau primeiro-ministro se não for Engenheiro. Mas haverá muito boa gente – na qual me incluo – que considera grave que o primeiro-ministro português possa ter manipulado documentos e utilizado a sua influência pessoal para obter um grau académico. De uma vez por todas: esta não é uma questão de títulos nem de ordens, mas sim um problema ético. O que está em causa não é a carreira académica de Sócrates, mas o seu carácter.

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