O caos de Lisboa
Nesta triste história, PS e PSD não ficam nada bem na fotografia. O PSD, por razões óbvias. A escolha de Santana Lopes – o Kalimero português – redundou num erro político crasso, que deixou Lisboa durante vários anos ao abandono. Utilizando a Câmara como trampolim para o poder, Santana limitou-se a deixar o tempo passar, sem tomar decisões determinantes para o futuro da cidade. Seguiu-se Carmona Rodrigues, uma escolha pessoal de Marques Mendes, que triunfou pela sua honestidade e pela sinceridade do seu projecto político. Infelizmente, deu-se um desastre e a Câmara de Lisboa é hoje um freak-show, onde pululam oportunistas, corruptos e políticos absolutamente inábeis.
Vão aparecer muitos elogios a Marques Mendes, pela “coerência” demonstrada ao retirar o apoio a Carmona e ao pedir eleições intercalares, mas não creio que o líder do PSD mereça crédito por isso. Na verdade, não se tratou de uma verdadeira opção, mas de uma manobra de sobrevivência política – pois sem esta posição todo o programa moralista de Mendes ruiria, juntamente com a sua credibilidade e a sua capacidade de liderança. Além disso, onde estava Marques Mendes quando, há uns meses atrás, Fontão de Carvalho e Gabriela Seara foram constituídos arguidos? Onde estava Mendes quando a autarquia se afundava em escândalos de favorecimentos? Onde tem estado Mendes, afinal, à medida que a Câmara se afunda num vórtice de asneiras?
O PS também deve ser censurado, pois orientou a sua conduta por princípios puramente politiqueiros. Perante a catástrofe que atingiu a Câmara, veiculou sempre uma mensagem ambígua, criticando o executivo, mas sem exigir a consequência lógica: a convocação de eleições antecipadas. Naturalmente, fê-lo por duas ordens de razões. Por um lado, porque pretendia que o PSD se afundasse ainda mais ao longo dos próximos meses, para que o triunfo em 2009 não lhe escapasse em definitivo. Por outro lado, porque sabe que as eleições intercalares se referem apenas à autarquia, e não à Assembleia Municipal, onde o PSD detém maioria.
Receando o combate político, e o verdadeiro desafio que seria liderar o executivo camarário contra uma Assembleia hostil, o PS preferiu apostar numa estratégia cínica, aguardando a consumação da tempestade para depois recolher os despojos de guerra. Tudo isto com a conivência do seu Secretário-Geral, que ainda não se pronunciou uma única vez sobre o assunto.
Enquanto isto, Lisboa permanece uma cidade mais suja, mais feia, com mais trânsito, mais violência, casas a preços absurdos, uma rede de transportes públicos ridícula, uma zona ribeirinha atulhada em contentores, jardins abandonados, um programa cultural diminuto, uma administração pública abúlica, ruas esburacadas e obras intermináveis. Mas orgulhosa do seu casino, dos seus túneis e da Revista.
Vão aparecer muitos elogios a Marques Mendes, pela “coerência” demonstrada ao retirar o apoio a Carmona e ao pedir eleições intercalares, mas não creio que o líder do PSD mereça crédito por isso. Na verdade, não se tratou de uma verdadeira opção, mas de uma manobra de sobrevivência política – pois sem esta posição todo o programa moralista de Mendes ruiria, juntamente com a sua credibilidade e a sua capacidade de liderança. Além disso, onde estava Marques Mendes quando, há uns meses atrás, Fontão de Carvalho e Gabriela Seara foram constituídos arguidos? Onde estava Mendes quando a autarquia se afundava em escândalos de favorecimentos? Onde tem estado Mendes, afinal, à medida que a Câmara se afunda num vórtice de asneiras?
O PS também deve ser censurado, pois orientou a sua conduta por princípios puramente politiqueiros. Perante a catástrofe que atingiu a Câmara, veiculou sempre uma mensagem ambígua, criticando o executivo, mas sem exigir a consequência lógica: a convocação de eleições antecipadas. Naturalmente, fê-lo por duas ordens de razões. Por um lado, porque pretendia que o PSD se afundasse ainda mais ao longo dos próximos meses, para que o triunfo em 2009 não lhe escapasse em definitivo. Por outro lado, porque sabe que as eleições intercalares se referem apenas à autarquia, e não à Assembleia Municipal, onde o PSD detém maioria.
Receando o combate político, e o verdadeiro desafio que seria liderar o executivo camarário contra uma Assembleia hostil, o PS preferiu apostar numa estratégia cínica, aguardando a consumação da tempestade para depois recolher os despojos de guerra. Tudo isto com a conivência do seu Secretário-Geral, que ainda não se pronunciou uma única vez sobre o assunto.
Enquanto isto, Lisboa permanece uma cidade mais suja, mais feia, com mais trânsito, mais violência, casas a preços absurdos, uma rede de transportes públicos ridícula, uma zona ribeirinha atulhada em contentores, jardins abandonados, um programa cultural diminuto, uma administração pública abúlica, ruas esburacadas e obras intermináveis. Mas orgulhosa do seu casino, dos seus túneis e da Revista.
Etiquetas: Lisboa, política portuguesa
3 Comments:
O caos está instalado em Lisboa!
A inoperância do executivo camararário passou para segundo plano, apenas porque foi iniciada uma novela com episódios repetidos nos vários canais de televisão e inundando os jornais.
O enredo é mais do mesmo: são todos honestos, não estão agarrados ao poder, estão todos ofendidos na sua honra e nos seus príncipos, falaram todos uns com os outros, ou não falaram?
Respeito pelos eleitores e lisura na actuação é que não se vê.
E assim se vai distraindo o povo...
Obrigado ao jornal Público pela referência a este post do José Gomes André.
Nunca fez mal uma publicidadezinha extra...
André, és tu que tens contactos? :)
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